Aborto de repetição é aquela situação em que há recorrência da perda natural do bebê. Mas você sabe quando o aborto de repetição deve ser investigado?
Antes de explicar sobre a investigação, é necessário entender que o processo de aborto espontâneo é um problema relativamente comum. Mais até do que muita gente imagina. Ele ocorre normalmente em uma a cada cinco mulheres, ou seja, em 20% dos casos de mulheres grávidas, em média.
O aborto espontâneo pode ser considerado precoce se acontece até a 12ª semana de gestação ou tardio, quando ocorre entre a 12ª e a 20ª semana. A partir do primeiro, a mulher deve ligar o alerta.
“Embora seja possível acontecer em 1 a cada 5 mulheres, abortar não é algo que possa ser considerado normal. Se ocorreu, algo pode estar errado. É claro que cada organismo reage de uma forma ao processo de gestação e inúmeros fatores devem ser levados em consideração. Mas ao sofrer um aborto, a mulher precisa já ligar o alerta e investigar. Procure seu médico, faça exames”, explica a médica do IVI Salvador, Dra. Isa Rocha.
Quando o aborto se torna “de repetição”?
Passa-se a considerar aborto de repetição quando uma mulher grávida tem duas ou mais gestações interrompidas. Sejam elas consecutivas ou não. Isso considerando que a perda aconteça durante as 20 primeiras semanas da gravidez.
“Quando isso se verifica, é recomendado começar uma investigação mais séria junto aos médicos, para entender o que o está motivando”, ressalta a especialista.
E ao contrário do que muita gente pensa, aborto de repetição pode acontecer tanto em mães de primeira viagem quanto naquelas que já tiveram filhos.
As causas que levam ao aborto de repetição podem ser diversas e demandam a atenção do casal. Em média, os abortos de repetição chegam a atingir de 1 a 2% dos casais que estão tentando ter filhos.
Existem fatores que podem favorecer ao aborto. Como por exemplo o avanço da idade da mulher. As pesquisas mostram que quanto mais a pessoa vai envelhecendo – e portanto seus óvulos também perdem quantidade e qualidade – maiores as chances de malformações e anomalias fetais. Que podem ampliar a possibilidade de aborto.
Por isso, costuma ser mais comum acompanhar abortos de repetição em casos de gravidez após os 35 anos.
As principais causas do aborto de repetição
O aborto de repetição pode ocorrer por conta de diversos motivos. Desde os mais simples até os mais complexos. Inclusive pode se dar devido não apenas a uma causa. Mas sim à combinação de algumas delas.
Investigações mostram que as anomalias cromossômicas fetais representam a causa mais comum do problema e sua probabilidade aumenta proporcionalmente com a idade materna.
O problema pode ser originado ainda devido a alterações uterinas, como malformações, miomas, pólipos, entre outros. Em casos de mulheres que sofram aborto de repetição, indica-se realizar o exame de cavidade uterina através de ecografia pélvica.
Fatores como alterações endócrinas e metabólicas também precisam ser avaliados. Questões relativamente simples, como uma diabetes não controlada, aumentam consideravelmente o risco de perda. E, muita gente não se atenta a isso. Além disso, uma diabetes mal controlada pode também contribuir para a malformação fetal.
As disfunções da tireoide, se não controladas, também são um problema. Ainda na esfera das alterações endócrinas, avaliar o índice de prolactina também é importante. Esse hormônio que age na maturação endometrial, se muito alto ou muito baixo, também potencializa os abortos.
Mas precisamos ter em mente ainda que existem aqueles casos em que não se é possível identificar o que está motivando o problema. No caso dos abortos de repetição, estima-se que em média 20% dos casos estudados terminam sem uma causa “definida”.
Investigar o casal é importante
Embora o aborto seja doloroso do ponto de vista psicológico, é necessário que investigue as suas causas. Esclarecer o que provocou, pode contribuir para uma futura gravidez sem dificuldade.
“A dor emocional é muito grande, mas o melhor caminho é investigar o que causou o aborto de repetição. Sabemos que casais ficam destroçados quando vivem essa experiência de perder bebês de várias gestações. Alguns até desistem. Mas não é necessário abrir mão do sonho. Basta procurar ajuda e se fortalecerem como casal”, conta a médica.
Assim que se constata o aborto de repetição, é interessante que se faça uma avaliação conjunta, do casal. Exames ginecológicos e também genéticos são fundamentais no caso das mulheres.
Realizar uma análise do histórico familiar pode ajudar a explicar o problema. Os homens também devem passar por avaliação, realizar exames e traçar a história da família.
A finalidade de toda essa investigação é buscar a raiz do problema. Nem sempre o problema está na mulher, ao contrário do que muitos pensam.
Estudar mais detidamente a saúde dos homens pode ajudar a elucidar algumas questões referentes aos abortos. Todo mundo sabe que, ao longo da vida, a mulher vai, aos poucos, diminuindo a porcentagem de chances de uma gravidez. No caso dos homens, o passar dos anos também pode trazer consequências negativas.
A grande questão é que ao envelhecer, alguns homens podem ter comprometida a qualidade do seu material genético. E a baixa qualidade do sêmen pode ser também, fator para casos de abortos de repetição. Por isso muitos homens que pensam na paternidade tardia, têm resolvido congelar sêmen, para assegurar que mantenham a qualidade.
Tratamento e o olhar para o futuro
Depois de investigado, o problema precisa ser tratado. Os tipos de tratamentos para o aborto de repetição são distintos, de acordo com o que o esteja motivando.
Mas é importante ressaltar que o casal mantenha hábitos de vida mais saudáveis e equilibre a alimentação, com uma dieta balanceada. Esses são fatores básicos e fundamentais para ter mais sucesso na gestação.
Existem casos na literatura médica de casais que passaram pelo aborto de repetição e conseguiram levar adiante uma gravidez depois.
“Cada caso é um caso. É preciso entender o que aquele casal detectou. O que estava provocando o aborto de repetição e agir tratando para que o futuro traga a felicidade da conquista da gestação plena e da realização do sonho de uma família maior”, conta a médica.
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