O aborto é um dos maiores vilões para qualquer mulher. De forma espontânea, ele acontece normalmente em uma a cada cinco mulheres. Mas pode ocorrer sequencialmente e, nesse caso, é que ganha o título de “aborto de repetição”. Mas o que é exatamente esse fenômeno e o que o motiva são os detalhes que iremos falar aqui.
Como dissemos, o aborto espontâneo é um problema relativamente comum. Ele ocorre com uma em cada cinco mulheres que conseguem engravidar. Pode ser considerado precoce, quando acontece até a 12ª semana ou tardio, se ocorre entre a 12ª e a 20ª semana de gestação.
O alerta em relação ao aborto deve ser ampliado, entretanto, em casos em que ele ocorra com recorrência. Quando isso se verifica, é recomendado então começar uma investigação junto aos médicos, para entender o que está motivando essa perda sequencial.
O “aborto de repetição”, como o caso foi batizado, acontece quando uma mulher grávida tem três ou mais gestações interrompidas, sejam elas consecutivas ou não. Isso considerando que a perda aconteça durante as 20 primeiras semanas da gravidez.
As causas podem ser diversas e demandam atenção do casal. Em média, os abortos de repetição atingem de 1 a 2% dos casais que tentam ter filhos. É comum acompanhar abortos de repetição de forma mais frequente em mais casos de gravidez após os 35 anos.
“Todos sabemos que os riscos na gestação aumentam conforme o avançar da idade. Por isso, é natural que os abortos também tendam a acontecer de forma mais recorrente quanto mais a pessoa vai envelhecendo. Esse processo de envelhecimento pode trazer maiores riscos, também, de malformações e anomalias fetais”, explica a Diretora Médica do IVI Salvador, Dra. Genevieve Coelho.
A origem da questão, independentemente da idade, pode ser ocasionada por diversos fatores.
Avaliar o casal é o primeiro passo para identificar possíveis causas do aborto de repetição
Buscar ajuda com profissionais especializados para identificar e tentar sanar o aborto de repetição deve ser uma prioridade para o casal. Procurar uma clínica de reprodução humana é uma das primeiras ações recomendadas.
“É interessante que se faça uma avaliação conjunta, do casal. Exames ginecológicos e também genéticos são fundamentais no caso das mulheres. Realizar uma análise do histórico familiar pode ajudar a explicar o problema. Os homens também devem passar por avaliação, realizar exames e traçar a história da família. A finalidade de toda essa investigação é buscar a raiz da questão. Nem sempre o problema está na mulher, ao contrário do que muitos pensam”, explica Dra. Genevieve.
Como são muitas as possíveis causas, essa etapa é fundamental para tentar buscar a origem de todo o problema. E também, junto com os especialistas, entender qual será o melhor tratamento.
As principais causas do aborto de repetição
O aborto de repetição pode acontecer devido a uma infinidade de fatores, desde os mais simples até os mais complexos. Inclusive pode se dar devido não apenas a uma causa, mas sim à combinação de algumas delas.
As anomalias cromossômicas fetais representam a causa mais comum e sua probabilidade aumenta proporcionalmente com a idade materna.
Em outros casos, pode ser originado em alterações uterinas, como malformações, miomas, pólipos, entre outros. Em casos de mulheres que sofram aborto de repetição, é indicado exame de cavidade uterina através de ecografia pélvica.
Fatores como alterações endócrinas e metabólicas também precisam ser avaliados. Questões relativamente simples, como uma diabetes não controlada, aumentam muito o risco de perda. Além disso, podem contribuir para a malformação fetal. Vale lembrar que, se controlada, não se considera a diabetes fator de risco.
As disfunções da tireoide, da mesma forma que a diabetes, se não controladas, também são um problema. Ainda na esfera das alterações endócrinas, avaliar a prolactina também é importante. Esse hormônio que age na maturação endometrial, se muito alto ou muito baixo, também potencializa os abortos.
Hábitos de vida também podem influenciar
Os hábitos de vida, de igual maneira, também possuem um grande peso em casos de abortos de repetição. O consumo de tabaco, álcool, cafeína e outras drogas, em excesso, também estão relacionados ao aborto. As investigações apontam como causas, ainda, o sobrepeso e a obesidade.
Existe, no entanto, um número de casos de aborto de repetição em que não se consegue identificar a motivação exata. Estima-se que represente uma média de 20% dos casos estudados.
Tratamentos para aborto de repetição
Depois de investigar, precisa-se tratar o problema. Os tipos de tratamentos para o aborto de repetição serão distintos, de acordo com o que o esteja motivando.
Mas é importante ressaltar que o casal mantenha hábitos de vida mais saudáveis e equilibre a alimentação, com uma dieta balanceada. Esses são fatores básicos para ter mais sucesso na gestação.
“Existem casos na literatura médica de casais que passaram pelo aborto de repetição e conseguiram levar adiante uma gravidez depois. Tudo vai depender do momento em que esse casal identifica que se trata de um aborto de repetição e busca a ajuda especializada”, complementa a médica.
Atenção à saúde do homem faz a diferença
Para algumas mulheres, o medo do aborto chega a ser maior do que a demora para engravidar. Principalmente para as que já passaram por abortos de repetição. As pessoas tendem a pensar que os problemas sempre são ocasionados por disfunções femininas.
O que precisa começar a ser naturalizado é que nem sempre o problema está na mulher. Estudar mais detidamente a saúde dos homens pode ajudar a elucidar algumas questões referentes aos abortos.
Todo mundo sabe que, ao longo da vida, a mulher vai, aos poucos, diminuindo a porcentagem de chances de uma gravidez. No caso dos homens, o passar dos anos também pode trazer consequências negativas para o sêmen, como diminuição de sua qualidade e quantidade – e estudos atuais já levantam essa questão.
Ao envelhecer, alguns homens podem ter comprometida a qualidade do seu material genético. E a baixa qualidade do esperma pode ser, nesses casos, o fator para casos de abortos de repetição.
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