Quando um casal descobre uma gravidez, é sempre um momento de alegria. Entretanto, por motivos diversos, a gravidez pode ser interrompida nos primeiros meses. E muitas vezes por causas naturais. É um momento conhecido como aborto espontâneo.
A maioria das gestações trazem sintomas comuns. Como sono, mal-estar, enjoo, tontura e alterações no humor. Mas, para as grávidas de plantão, vale o alerta: o desaparecimento desses sintomas pode ser um sinal!
Ao engravidar uma série de mudanças físicas e psicológicas acontecem com a mulher. Enquanto o bebê está se formando, essas características gestacionais vão se apresentando. E, tendem a mudar ao longo dos nove meses de gestação. Algumas diminuem, ou até param, como no caso dos enjoos.
O que é o aborto espontâneo?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é considerado aborto espontâneo quando a gravidez é interrompida até a 20ª semana de gestação. Nesse tempo o feto tem um peso de aproximadamente 500 gramas. A maioria desses abortos acontece porque o feto não está se desenvolvendo normalmente.
O aborto espontâneo é a complicação mais comum em uma gravidez. Ele pode ser considerado precoce, quando ocorre em até 12 semanas de gestação. Ou tardio, quando acontece a partir da 13ª semana.
Há ainda a perda do bebê sem que a mãe perceba. Isso pode totalizar entre 13 e 26% de todas as gestações. Porém, esse número pode ser ainda maior, uma vez que muitas mães podem sofrer um aborto espontâneo antes de perceberem que estão grávidas.
Quais os sintomas de um aborto espontâneo?
A maioria dos abortos espontâneos acontece antes da 12ª semana de gestação. A mulher pode inclusive não apresentar sinais palpáveis, e nem saber que sofreu um aborto. Isso ocorre quando a gestação está nas primeiras seis semanas e o embrião ainda está se formando.
Entre os sintomas de um aborto espontâneo, podemos incluir sangramento vaginal. Com ou sem cólicas – que podem ocorrer muito cedo na gravidez, antes até de a mulher saber que está grávida, ou mais tarde. Expulsão de fluidos pela vagina, que pode ser um coágulo de sangue ou até mesmo um jato de líquido claro ou rosa.
Dores na lombar, leves ou até intensas. Ou ainda dores abdominais e/ou cólicas, que podem ser constantes ou intermitentes; e contrações uterinas. Por último, a mulher pode sentir a diminuição dos sinais da gravidez. Ocorre a perda da sensibilidade das mamas, ou até o sumiço das náuseas.
Vale ressaltar que a maioria das mulheres que apresentam algum sangramento vaginal no primeiro trimestre, tem gestações bem sucedidas.
Quais as causas do aborto espontâneo?
As causas de abortamento muitas vezes são bem difíceis de serem determinadas. E nem sempre é possível diagnosticá-las, principalmente nas primeiras semanas de gestação. Que é quando ele pode se assemelhar a uma menstruação normal. Não exigindo contudo procedimento posterior em um consultório.
As causas são diversas. Entre elas estão as anomalias genéticas, responsáveis por metade dos casos. Essas alterações ocorrem porque os embriões não se desenvolveram corretamente durante a divisão das células. Logo, não encontram condições para sobreviver.
Condições endócrinas – que dizem respeito à produção hormonal – fundamental para que a gravidez seja levada adiante. Alterações nos níveis de progesterona e dos hormônios tireoidianos podem ser motivos para o aborto. Em especial, o de repetição, quando a mulher já tem histórico de perda de gestação.
Deficiências de quaisquer ordens do sistema imunológico e problemas renais também estão na lista das causas de abortamento. Assim como tratamento inadequado do diabetes, trombofilias e tireoide. E infecções como rubéola, toxoplasmose, parvovirose, citomegalovírus, HIV e sífilis favorecem a perda gestacional.
Mas também existem fatores de risco que se associam ao problema. Mulheres com idade avançada tem um risco de 40% de aborto aos 40 anos; podendo chegar a 80% acima dos 45 anos. Um histórico com perdas gestacionais anteriores aumenta consideravelmente o risco.
Mulheres fumantes, ou com vício em álcool e drogas, tem as chances aumentadas em até 3 vezes. O uso de alguns medicamentos como anti-inflamatórios, perto do período de concepção podem colaborar com um aborto.
Ou ainda, no caso de mulheres com o Índice de Massa Corporal (IMC) inferior a 18,5 ou superior a 25. Elas também têm maiores chances de perder o bebê. Estar abaixo do peso ou com excesso de peso aumenta o risco.
O que fazer em caso de um aborto espontâneo?
Se você está sofrendo uma ameaça de aborto, o médico pode recomendar repouso absoluto até que o sangramento ou dor desapareça.
Um exame de ultrassonografia determinará se o embrião morreu ou nunca se formou. Um resultado positivo significa que o aborto vai acontecer. Nesse caso existem algumas opções de procedimentos. Se não existir sinais de infecção, pode-se optar por deixar que o progresso do aborto seja natural.
Isso acontece em até duas semanas, após determinar que o embrião tenha morrido. Mas o processo pode demorar de três a quatro semanas em alguns casos. O que torna o momento muito difícil emocionalmente. E caso a expulsão não aconteça, será necessário tratamento médico ou cirúrgico.
Caso a mulher opte por acelerar o processo, o médico pode receitar uma medicação que ajuda o corpo a expulsar o tecido da placenta. Ela pode ser tomada por via oral, ou o médico pode recomendar a inserção por via vaginal para aumentar a sua eficácia e minimizar os efeitos colaterais, como náuseas e diarreia. Na maioria dos casos, esse tratamento funciona em 24 horas.
Outra opção é a curetagem. Neste procedimento cirúrgico o médico vai dilatar o colo do útero e remover o tecido de dentro. Esse tipo de tratamento será necessário caso o aborto seja acompanhado de sangramento ou sinais de uma infecção.
Existe também a aspiração manual intrauterina (AMIU), onde é introduzida uma cânula pelo colo uterino que chega até a cavidade uterina e o material é aspirado por meio de sucção.
Como se cuidar pós aborto…
Após a perda de um bebê, o casal vai precisar se cercar de muitos cuidados. A mulher deve garantir que o seu corpo se reestabeleça, para que futuramente possa receber uma nova gravidez. É importante contar com o aconchego da família para conseguir enfrentar melhor a situação.
A recuperação física do aborto na maioria dos casos será de apenas alguns dias. Mas a cura emocional pode levar muito tempo.
E esse emocional vai precisar de cuidados para que no futuro, se o casal decidir encarar uma nova gravidez, ambos estejam fortes e seguros para essa nova tentativa de construir uma família.
Vale ressaltar que não existe uma relação direta entre infertilidade e aborto espontâneo. Isso quando se trata da primeira ocorrência de aborto na mulher. Porém, caso a mulher já tenha sofrido outras interrupções naturais, é possível que ela esteja com a fertilidade comprometida e deve procurar um especialista em medicina reprodutiva.
Por conta disso, precisa-se investigar todas as situações. Estudos científicos apontam que se o aborto aconteceu durante as primeiras semanas de gestação, e não houve necessidade de fazer curetagem, a mulher pode tentar engravidar novamente já no próximo ciclo menstrual.
Já as que se submeteram a procedimentos cirúrgicos devem esperar cerca de três meses. E, claro, seguir todas as recomendações médicas.
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