A diabetes gestacional é o aumento dos níveis de glicose no sangue durante a gravidez. A doença pode trazer complicações à saúde da mulher e do bebê. E entre os seus desdobramentos, estão prejuízos aos rins e hipertensão.
De acordo com o Ministério da Saúde, nos últimos vinte anos, no Brasil, houve um aumento expressivo do número de mulheres com o diagnóstico de diabetes gestacional.
Fatores de risco como obesidade ou ganho de peso excessivo, hipertensão arterial, idade materna avançada e histórico familiar de diabetes em parentes de primeiro grau são alguns dos itens a serem levados em consideração para ajudar no diagnóstico.
A boa notícia é que, tomando os devidos cuidados, pode-se controlar a diabetes gestacional.
O que é a diabetes gestacional e qual a sua causa
No período da gravidez, o açúcar que circula no sangue da mulher grávida, aumenta para atender as demandas nutricionais do bebê. Por causa disso, a mãe sofre várias alterações hormonais, e o corpo dela passa a produzir mais insulina. E esse hormônio é quem ajuda a transformar o açúcar em energia para o corpo.
Porém, em algumas gestações, a produção dessa insulina extra não acontece. E, por causa disso, o açúcar acaba não se transformando em energia, ficando concentrado em grande quantidade no sangue da mãe. Essa condição recebe o nome de diabetes gestacional.
Esse aumento dos níveis de glicose no sangue caracteriza a doença como hiperglicemia. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o distúrbio se apresenta entre 3 a 25% das gestações. Mas ainda não se tem um conhecimento preciso de motivo da diabetes gestacional se desenvolver.
Sabe-se que, durante a gravidez, ocorrem adaptações na produção hormonal da mulher. Isso permite o crescimento e desenvolvimento da criança. Nesse sentido, a placenta é uma fonte muito importante de produção desses hormônios. Mas quase todos eles prejudicam a ação da insulina nas células, o que faz aumentar o nível de açúcar no sangue.
Dessa maneira, o pâncreas da mãe tende a aumentar a produção de insulina para compensar. Mas, como em algumas mulheres este processo não ocorre, elas acabam desenvolvendo a diabetes gestacional. Qualquer gestante pode desenvolver a doença. No entanto, em alguns casos, os riscos são maiores.
Existem alguns fatores para isso. São eles: gravidez em idade mais avançada; ganho de peso excessivo durante a gravidez; pressão alta, triglicerídeos e colesterol altos; sobrepeso ou obesidade antes de engravidar; síndrome dos ovários policísticos; gravidez de gêmeos; histórico familiar; e diabetes em gestações anteriores.
É possível evitar a diabetes gestacional?
“A diabetes gestacional nem sempre pode ser prevenida. Pelo simples fato de ela estar relacionada às alterações hormonais típicas da gestação. Porém, é possível diminuir o risco de desenvolvimento da doença tomando algumas precauções, como um acompanhamento bem feito desde o início do processo de gravidez”, alerta Dra. Graziele Reis, ginecologista do IVI Salvador.
Por ser uma doença, na maioria das vezes, assintomática, é indica-se o rastreamento em todas as gestantes. Deve-se realizar a dosagem de glicemia em jejum no início do pré-natal para avaliação de possíveis casos de diabetes pré gestacionais (se possível antes de 20 semanas de gestação).
Se a glicemia em jejum já estiver entre 92 – 125mg/dl no início da gestação, deve-se confirmar com uma segunda amostra. O resultado se mantendo, o especialista já fecharia o diagnóstico de diabetes gestacional. Se acima ou igual a 126mg/dl, a glicemia também deve ser confirmada com uma segunda amostra e considera-se um quadro de diabetes mellitus prévio durante a gestação.
Quando a glicemia estiver menor a 92mg/dl, a gestante será submetida ao teste de sobrecarga com 75g de glicose. Esse teste deve ser realizado entre 24-28 semanas de gestação.
Os valores para diagnóstico são: glicemia de jejum acima de 92 mg/dl, 1h e 2h após a ingestão do açúcar valores acima de 180 mg/dl e 153mg/dl respectivamente. Um valor alterado já é suficiente para o diagnóstico.
Cuidados das gestantes: fazer o pré-natal; estar no peso ideal antes de engravidar; aumentar de peso durante a gravidez de forma lenta e gradual; se alimentar de forma saudável durante toda a gestação; e praticar exercícios moderados e com acompanhamento. As regras valem para gestações naturais ou para gestações de reprodução assistida.
Possíveis complicações da diabetes durante a gestação
A diabetes gestacional implica em um aumento no risco de complicações durante a gestação. Tanto para a mãe, quanto para o bebê. A gestante quando não tratada, tem maior risco de parto prematuro, maior incidência de pré-eclâmpsia e risco de diabetes tipo 2 após a gestação.
Já a criança apresenta maior risco de hipoglicemia durante o nascimento, icterícia, problemas respiratórios, além do risco de sobrepeso e DM2 na vida adulta. Por isso, é de suma importância fazer o controle das glicemias durante a gestação. A maioria das pacientes consegue controlar as glicemias com dieta adequada e atividade física.
Diabetes gestacional x Reprodução Assistida
A fertilização in vitro (FIV) deu uma nova perspectiva para os casais com infertilidade. Mas os cuidados do pré-natal após os tratamentos de fertilização não são muito diferentes dos cuidados de uma gestação natural. Somente nos três primeiros meses de gestação esses casais necessitam de uma atenção maior pela sobrecarga emocional.
Mas, do terceiro mês em diante, os cuidados obstétricos são da mesma forma que uma gestação natural. Contudo, vale lembrar que, muitas dessas pacientes costumam ter patologias associadas que aumentam as chances de perdas fetais e, por isso, alguns medicamentos continuam durante parte da gestação.
Outro ponto a ser destacado é que, a cada dia, aumenta o número de mulheres com idade avançada que realizam esses tratamentos. Nesses casos, há uma maior necessidade de cuidados mais específicos.
São mais frequentes os bebês com baixo peso, prematuridade e malformações, além de haver maior ocorrência de abortamentos, pré-eclâmpsia, e também a diabetes gestacional.
“Justamente por isso, um pré-natal bem feito e individualizado, tanto da parte médica quanto da nutricional, minimiza de forma acentuada os riscos dessas complicações”, conclui Dra. Graziele Reis.
Comentários estão fechados.