Para falar de fertilidade, é necessário entender melhor a infertilidade, suas causas e consequências para homens e mulheres.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a infertilidade já é um problema de saúde global que afeta entre 48 milhões de casais e 186 milhões de pessoas ao redor do mundo, o que representa até 15% da população total do planeta. Esse número é assustador e chega a ser superior ao de outras doenças consideradas “graves”.
No Brasil, a situação não é menos preocupante. Conforme a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), por aqui, cerca de 8 milhões de indivíduos podem ser inférteis.
“Para falar em fertilidade e entender porque ela vem caindo tanto ao longo dos anos, é fundamental termos clareza sobre uma doença, um problema que já é considerado de saúde pública, que é a infertilidade. O que mais impressiona, é que embora as taxas estejam subindo exponencialmente, algumas pessoas insistem em não buscar ajuda ou tratar do assunto, simplesmente por tabu”, comenta a diretora médica do IVI Salvador, Dra. Genevieve Coelho.
Ser fértil ou não é uma condição que pode ocorrer por diversos motivos – ou que pode nascer com a pessoa.
Como detectar problemas com a fertilidade
Se um casal está buscando engravidar sem o uso de métodos contraceptivos e, após 12 meses em média, não consegue, é hora de ligar o sinal de alerta. Vale lembrar que esse tempo pode ser ainda menor, a depender da idade da mulher. Se ela tem mais de 35 anos, após 6 meses de tentativas sem sucesso já é necessário buscar ajuda médica.
Essa é a hora de deixar os medos e preconceitos de lado. A hora de parar de achar que apenas a mulher pode ser a responsável pela infertilidade do casal – como a maior parte, infelizmente, ainda pensa – e hora de agir em prol da sua saúde. 30% dos casos de infertilidade do casal são originados por problemas da mulher. Outros 30%, são questões relacionadas ao homem. Em 20%, a combinação de questões de ambos é que ocasiona a infertilidade. Nos restantes 20%, a infertilidade não tem causa determinada. Portanto, as possibilidades são iguais para homens e mulheres.
Por isso, vale aproveitar que Junho é o Mês Mundial da Fertilidade, época em que se debate mais sobre o tema, para buscar realmente esclarecimentos sobre sua saúde. Se algo não está bem, procure um especialista.
Infertilidade nos homens – principais causas
Embora muita gente só aponte o fator “idade” para a infertilidade feminina, as pesquisas mais recentes já mostram que ela também tem atingido em cheio os homens, especialmente a partir dos 45-50 anos. A quantidade e também a qualidade de espermatozoides têm reduzido e, com isso, a infertilidade pode ser consequência direta.
Mas isso é a ponta do iceberg. São muitas as possíveis causas de infertilidade no homem. A principal delas é a varicocele, doença que se caracteriza pela dilatação anormal das veias testiculares, principalmente após esforço físico. Essas veias fazem parte do cordão espermático. Sua dilatação pode dificultar o retorno venoso provocando disfunção testicular e piora da qualidade do sêmen. Alguns homens demoram de identificar que possuem doenças como a varicocele. Por descuido mesmo, muitos não se observam com o devido cuidado. “Ter um olhar cuidadoso com a saúde é a chave. Se um diagnóstico é feito de forma rápida, as chances de correção e/ou cura de qualquer que seja o problema, é muito maior”, conta a especialista.
Além da idade e da varicocele, as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) também podem causar – além de muitas dores de cabeça – a infertilidade no homem. Isso ressalta a importância de, durante a vida, fazer sexo com proteção, principalmente quando se tratar de relações esporádicas.
Por fim, mas não menos importante, outras causas que podem originar infertilidade masculina são a prática de esportes de impacto (ou impactos fortes na região dos testículos durante essas práticas esportivas) ou mesmo o estilo de vida, com muito estresse, alimentação super condimentada e sedentarismo.
A infertilidade nas mulheres
Assim como nos homens, ISTs e estilo de vida desregulado, com alimentação rica em gorduras, frituras, sedentarismo, consumo de álcool, fumo e estresse em excesso também podem ser causadores da infertilidade nas mulheres.
No caso delas, a principal causa, entretanto, é realmente a idade. A mulher nasce com a sua reserva ovariana e vai reduzindo a sua capacidade reprodutiva ao longo da vida. A cada mês, a cada menstruação, ela vai perdendo sua reserva. Quando resolve engravidar, às vezes, o que ainda resta de óvulos pode não ter qualidade suficiente ou apresentar algum outro problema que limite a fecundação.
Por isso, é tão debatido hoje em dia que, se a mulher tem intenção em ser mãe – em algum momento da vida futura – é recomendado que ela preserve a sua fertilidade através do congelamento de óvulos. Quanto antes o procedimento for feito, melhores as condições para que se assegure a maternidade no futuro.
“Batemos muito na tecla do congelamento porque as mulheres hoje assumiram o fronte no mercado de trabalho. Elas lutaram tanto por isso e é justo que aproveitem esse momento e ditem suas regras. Mas a idade é cruel com a questão dos óvulos. Se estiverem congelados, eles mantêm as características de quando foram colhidos”, conta Dra. Genevieve.
Outra causa muito comum de infertilidade nas mulheres é a endometriose. A doença que se caracteriza pela presença do endométrio (tecido que reveste o interior da cavidade uterina) fora do útero. Esse tecido pode aderir e se desenvolver em diversos órgãos, causando muitos transtornos para a saúde das pacientes. E uma das principais consequências da doença é causar infertilidade nessas mulheres. No Brasil, estima-se que 1 em cada 10 mulheres sofra com a endometriose.
Junho: Mês Mundial da Fertilidade
A mensagem que fica após tantas informações é que é necessário buscar ajuda. Caso você identifique dificuldade em engravidar (seja você mulher ou homem, com parceiro ou parceira), procure um médico especialista em reprodução. Só o médico vai poder investigar de forma assertiva o que pode estar ocorrendo e propor as melhores soluções.
Infertilidade não quer dizer perda de masculinidade nem de feminilidade. Ela pode ser tratada em muitos casos. Nos casos em que não houver um tratamento, ainda assim as modernas técnicas da medicina reprodutiva poderão lhe ajudar a realizar o sonho de ser mãe ou pai.
“Não só em junho, que é o mês mundial da fertilidade, mas em todos os outros, nosso papel é fazer a informação circular. É naturalizar o assunto e quebrar tabus”, finaliza a médica.
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