A gestação gemelar é um assunto que normalmente desperta a curiosidade e a preocupação de mulheres e casais. Mas você sabe quais os riscos e cuidados reais de uma gestação como esta?
Durante a gravidez, acontecem diversas transformações no corpo de uma mulher. Incluindo alterações fisiológicas também. Isso porque o organismo vai se adaptando para receber o feto. E assim, possibilitar o desenvolvimento dessa criança de maneira adequada.
As alterações hormonais, por exemplo, provocam os enjoos matinais, cansaço e fadiga, comuns à maioria das mulheres nos primeiros meses. Podem ocorrer ondas de calor ou uma redução da libido e ressecamento vaginal. Principalmente quando o parto está ficando mais próximo.
Além disso, tem as alterações metabólicas. Elas também podem acontecer em alguns casos, como diabetes gestacional. Que surge quando os níveis de glicose aumentam naturalmente durante a gestação. E pode também ocorrer elevação da pressão arterial.
Mas, todas as gestações se iniciem da mesma maneira, a gestação gemelar tem suas particularidades. E isso inclui fatores a mais nas alterações metabólicas. Além de algumas complicações que podem afetar tanto a mãe quanto os bebês.
Gestação gemelar
A gestação gemelar é a gravidez em que a mulher gesta mais de um bebê ao mesmo tempo. Ou seja, é uma gestação com pelo menos dois bebês na barriga da mãe. A forma mais comum é a gestação de gêmeos, quando dois fetos se desenvolvem simultaneamente no útero materno.
Porém, há casos menos frequentes de trigêmeos (três bebês), quadrigêmeos (quatro bebês) e até um número maior de irmãos gerados juntos.
É comum também acharmos que irmãos gêmeos serão sempre iguais. Contudo, existem alguns tipos de gestação gemelar. E cada uma delas tem as suas caracteríscticas. Na monocoriônica e monoamniótica os bebês dividem uma mesma placenta e bolsa gestacional, resultando em irmãos idênticos.
Na gestação gemelar monocoriônica e diamniótica existe uma placenta, mas duas bolsas gestacionais. Nesse caso, os bebês também serão iguais. Já na gestação gemelear dicoriônica e diamniótica são duas placentas e duas bolsas gestacionais, e as crianças podem ou não ser idênticas.
Os chamados bebês univitelinos – aqueles que nascem identicos – representam apenas 20% dos gêmeos. Em 80% dos casos de gestações gemelares, as crianças são bivitelinas – que se parecem, mas não são idênticas.
Fatores que predispoem a gestação múltipla
Nas última décadas, o número de gestações gemelares cresceu bastante. Alguns fatores podem influenciar ou até induzir para que esse tipo de gravidez aconteça.
Um deles é a herança genética, que aumenta muito as chances de uma gravidez gemelar. Essa possibilidade aumenta ainda mais quando a presença gemelar vem da família da mãe da gestante. Isso acontece pois algumas mulheres têm um gene que predispõe uma ovulação dupla. O que acaba aumentando a incidência de gravidez gemelar dizigótica.
No caso de mulheres que já tiveram partos gemelares anteriores, ou que já tiveram filhos, têm mais chances de uma nova gravidez múltipla. Outro fator é a idade. Com o tempo, após os 30 anos, o corpo feminino produz mais hormônios que estimulam a ovulação. Assim, os ovários liberam mais óvulos a cada mês. Desta maneira, aumentam as probabilidades de uma gestação gemelar.
Gestação Gemelar e a reprodução assistida
A Fertilização In Vitro (FIV), uma das técnicas da reprodução assistida mais utilizadas na atualidade, também causa aumento das chances de uma gravidez gemelar, quando se transfere mais de um embrião ao útero materno.
Por conta disso, e para amenizar a alta incidência de gestações múltiplas, o Conselho Federal de Medicina (CFM), recomenda um número máximo de transferência de embriões de acordo com a idade da mãe: até 37 anos, no máximo 2; mais de 37, no máximo 3. No grupo IVI sempre que possível tenta-se evitar gestação gemelar transferindo apenas 1 embrião.
Os riscos da gestação gemelar
Uma gestação gemelar pode apresentar riscos à mãe e aos bebês. O risco maior de uma gravidez de gêmeos é o parto prematuro. De acordo com o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), em metade das gestações gemelares, o parto acontece antes da 37ª semana. As chances aumentam quando há mais de dois bebês.
A gravidez de gêmeos também tem um risco maior de pré-eclâmpsia, aumento na pressão arterial da mulher e diabetes gestacional. Além disso pode ocorrer aborto espontâneo, parto prematuro e descolamento prematuro da placenta.
“A gestação gemelar é considerada de alto risco. Portanto, requer mais atenção tanto em relação à mãe, quanto aos bebês que se desenvolvem no útero. Como a gravidez de múltiplos sobrecarrega o organismo, existem mais chances de ocorrerem alguns problemas para a saúde da gestante e dos fetos”, explica a médica do IVI Salvador, Dra. Isa Rocha.
Cuidados durante uma gestação gemelar
A mulher que descobre uma gestação gemelar precisa tomar mais cuidados que uma gestação de feto único. Seguir fielmente o cronograma do seu pré-natal. E caso haja sangramentos, aumento de pressão e outros indicativos de mal-estar, procurar imediatamente seu médico.
Se a gravidez não tiver intercorrências, praticar exercícios físicos moderados é muito bem vindo. É importante fazer exercícios durante 30 minutos, todos os dias. Caminhadas, hidroginástica e yoga são ótimas pedidas.
Mas, quando necessário, ficar em repouso. No final da gravidez, o repouso se torna ainda mais importante para evitar parto prematuro, o que é muito comum em casos de gestação gemelar.
Além disso, ter uma alimentação balanceada, que garanta o fornecimento de nutrientes aos fetos. A grávida de gêmeos precisa consumir mais calorias por dia do que uma gestante de apenas um feto.
A combinação de alimentação balanceada e exercícios ajudam a prevenir diabetes gestacional, mais frequente em gestação gemelar. As consultas de pré-natal devem ser mais frequentes e os exames de ultrassom também. Se houver qualquer alteração, exames adicionais podem ser necessários para avaliar o bem estar dos bebês.
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