Dois estudos do IVI avaliam a capacidade dos preditores e marcadores da fertilidade masculina
A infertilidade masculina, responsável por cerca de 40% dos casos de infertilidade, vinha sendo pouco considerada até recentemente, sob a crença equivocada de que a esterilidade feminina é predominante. O IVI está há muitos anos prestando atenção à infertilidade masculina; isso é demonstrado através dos quatro estudos apresentados no prestigioso 34º Congresso da ESHRE — dois dos quais estão exemplificados abaixo.
“O que estes estudos comprovam é que, a cada dia, temos novas descobertas acerca do metabolismo celular que nos ajudarão a tomar importantes decisões no campo da Reprodução Assistida. Com o intuito de alcançar melhores resultados, faz-se necessário conhecer melhor a qualidade dos gametas, tanto óvulos quanto espermatozoides. Os casais que necessitam de um tratamento de infertilidade buscam não apenas bons resultados, mas também respostas a respeito de todo o processo do tratamento. E é assim que evoluímos, com atendimento de qualidade e com pesquisa científica para oferecer cada vez mais uma Medicina Reprodutiva de excelência,” afirma Dra. Isa Rocha, ginecologista especialista em reprodução assistida do IVI Salvador.
Biópsia testicular: novo método alternativo não-invasivo
A azoospermia (ausência de espermatozoides nas amostras de sêmen) requer que seja feita uma biópsia testicular para analisar se o testículo gera espermatozoides. Seria um grande avanço descobrir um método alternativo não invasivo, como um algoritmo, que permitisse compreender se há ou não espermatozoides, evitando a necessidade de biópsia. Médica do IVI Barcelona, Dra. Marga Esbert baseou seus estudos na determinação da capacidade de antecipar certos fatores para indicar ou não a presença de espermatozoides nos testículos.
No estudo, foram coletados dados de todos os pacientes azoospérmicos do IVI Barcelona que haviam sido submetidos a biópsias testiculares entre 2004 e 2017. De uma amostra total de 96 homens, foram analisados diferentes parâmetros, tais como idade, duração da esterilidade, nível de FSH, índice de massa corporal, tamanho dos testículos e tipo de patologia, e sua associação com o êxito na análise da biópsia.
Dra. Esbert comenta que, “em pacientes com azoospermia obstrutiva somos capazes de recuperar espermatozoides em até 100% dos casos; porém, a porcentagem baixa para 29% em homens com azoospermia secretora, que seriam os mais beneficiados se conseguíssemos um diagnóstico por método não-invasivo.”
“Diferentes tipos de marcadores estão sendo buscados, porém, neste momento não existe consenso a nível científico. Da nossa parte, neste estudo descobrimos que, em função do volume testicular, podemos estimar de forma bastante fiável a presença de espermatozoides no testículo. Estamos trabalhando para conseguir outros tipos de marcadores, na nossa próxima fase de investigação o foco será localizar proteínas e micro RNA das amostras de pacientes. Assim, poderemos prever se o testículo é, de fato, funcional,” Dra. Esbert adiciona.
Proteínas nos espermatozoides associadas à capacidade de engravidar
Por outro lado, Dra. Rocío Rivera do IVI Valência, estudou as variações no perfil proteico das amostras de diferentes pacientes, graças à fecundação por ICSI, conseguiram obter uma gravidez em comparação aos que falharam. Assim, após analisar as proteínas que compõem o espermatozoide, pudemos identificar quais estão relacionadas com o sucesso ou falha reprodutiva. Para hegemonizar ao máximo o fator feminino e garantir que o sucesso do tratamento dependia mais do fator masculino, todas as pacientes optaram por tratamento com doação de óvulos.
Dra. Rivera confirmou que “com esse estudo nós pudemos entender e descrever o perfil proteico das amostras, tanto para os pacientes que engravidaram como para os que não conseguiram. Nós verificamos que há diferenças em termos de proteínas que estas servem como marcadores. Isso nos servirá para separar quais espermatozoides estão suscetíveis a gravidez e quais não. Além disso, usando a técnica MACS, pode-se considerar enriquecer uma amostra de sêmen com espermatozoides que contenham proteínas favoráveis para serem usadas em um tratamento de reprodução. No entanto, isso ainda é uma hipótese a ser investigada no futuro.”
Azoospermia obstrutiva
A azoospermia é caracterizada pela ausência de espermatozoides no sêmen ejaculado, seu tipo menos grave é a azoospermia obstrutiva. Consiste em um defeito nos tubos seminíferos ou vaso deferens que impede a saída dos espermatozoides na ejaculação, se houver produção espermática nos testículos.
Azoospermia Secretora
A azoospermia secretora é a forma mais grave de azoospermia, pois envolve um defeito na espermatogênese (proceso de formação das células sexuais masculinas), que impede os espermatozoides de serem gerados.
Técnica MACS
MACS é uma técnica que permite seleccionar os espermatozoides com as melhores características para serem utilizados nos tratamentos de reprodução assistida.
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