Faz tempo que a ideia tradicional de família ampliou seu aspecto incluindo novos modelos de família igualmente válidos. A família é uma união para toda a vida que pode ou não ser sanguínea, e por acompanhar cada indivíduo desde sua infância, tem uma importância essencial para sua formação. Não é a toa que hoje em dia contamos com um dia especial para a família, que internacionalmente é 15 de maio, data estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) em um evento com o tema: “Família, Capacidades e Responsabilidades num Mundo em Transformação”.
O mundo em transformação não se refere somente às transformações externas à família, mas também às suas diversas composições que podem ser encabeçadas por somente mãe, somente pai, mãe-pai, pai-pai, mãe-mãe. No caso das relações homossexuais, muitos ainda enfrentam dificuldades e preconceitos em seu entorno, e por isso a vontade de ter filhos também acompanha a preocupação sobre como a criança vai reagir às eventuais situações como, por exemplo, comentários de outras crianças na escola e outras possíveis pressões do entorno.
A questão mais presente é se a homossexualidade dos pais pode gerar algum tipo de trauma ou angustia na criança com relação a sua própria família.
Especialistas da unidade de psicologia do IVI consideram importante que estas reflexões sejam introduzidas na vida da criança em contextos e idades adequadas (veja post sobre este assunto clicando aqui). Também é importante compartilhar com o entorno familiar qual mensagem que gostaria de transmitir, porque quando a criança começar a fazer a mesma pergunta a diferentes familiares, é preciso que obtenha respostas parecidas.
Com relação às angustias que podem sentir, fiquem tranquilos, incialmente as crianças aceitam com naturalidade as questões que sejam tratadas como naturais. Um exemplo interessante foi o depoimento de uma mãe sobre sua filha de 3 anos, que quando estava brincando no parquinho uma amiguinha lhe perguntou: “Você não tem pai?”. E sem abalar-se a menina respondeu: “Eu não, e você tem cachorro?”. Este exemplo deixa claro que responder esta pergunta não gera angustia em uma criança nesta idade, simplesmente é um fato de sua realidade que não é interpretado como um problema.
Na medida em que a criança vai se desenvolvendo e amadurecendo, certamente surgirão novos questionamentos, inclusive de seus colegas da escola, que farão com que a criança novamente planteie sua situação. Neste sentido é útil que a criança tenha ferramentas e explicações necessárias para saber responder as perguntas que podem surgir entre as crianças de sua idade e que sempre sinta que sua família está presente e unida, independente de sua composição.