Mulheres que ainda não encontraram o parceiro ideal para ter filhos ou estão em um momento difícil para engravidar, cada vez mais têm investido em congelar seus óvulos. Esta iniciativa, que pode ser considerada uma prevenção para uma possível perda da fertilidade, ajuda também a reduzir a pressão de ter que engravidar o mais rápido possível. Razões que levaram o grupo de 6 mulheres a concluir com a ajuda de sua ginecologista que prevenir é melhor que remediar.
O ginecologista tem um papel fundamental para orientar sobre até que momento é recomendável esperar e quando a fertilidade pode estar em risco. “Percebi que muitas amigas e conhecidas do meu entorno, principalmente pelo fato de não ter encontrado o parceiro ideal, estavam começando a por em risco suas chances de engravidar, então organizei uma pequena reunião para esclarecer em detalhes como funciona a preservação da fertilidade e esclareci as dúvidas que surgiram” – conta a ginecologista Dra. Letícia Piccolo, que recentemente fez uma especialização no Instituto Valenciano de Infertilidade (IVI) em Madri, na Espanha – “todas que participaram do encontro decidiram congelar seus óvulos, pois entenderam que se podem preservar com segurança seus óvulos com melhor qualidade genética e evitar riscos de infertilidade, vale a pena congelar”.
Uma das mulheres que vai congelar seus óvulos é a Juliana Ávila Araújo, de 37 anos: “Infelizmente o nosso relógio biológico é implacável e nem sempre conseguimos conquistar e construir a vida pessoal e profissional no mesmo ritmo do nosso organismo. Na medida em que o tempo passa, ficamos muito mais seletivas com relação a relacionar-se com alguém ou abrir mão de uma ascensão profissional para se dedicar a construir uma família.”
O congelamento de óvulos, também conhecido como vitrificação, utiliza nitrogênio líquido para conservar os óvulos a uma temperatura de -196º depois de trata-los com uma substância crioprotetora. A técnica era principalmente utilizada por motivos médicos, por exemplo, antes do tratamento contra o câncer, que afeta a fertilidade. Atualmente mulheres que por motivos diversos terão que postergar o plano de gravidez tem acudido às clínicas de reprodução humana como objetivo de preservar seus gametas.
“Hoje em dia os resultados da vitrificação tanto em termos de sobrevivência de óvulos, quanto em chances de gravidez através de tratamento de reprodução humana assistida são equivalentes”, explica Dra. Silvana Chedid, especialista em reprodução humana e diretora do IVI São Paulo, “vários estudos têm comprovado que os óvulos congelados e os óvulos frescos possuem o mesmo potencial de sucesso na Fertilização In Vitro”, conclui a especialista.
Congelar óvulos pode evitar que a mulher futuramente precise de um tratamento com óvulos doados para engravidar, pois aos 40 anos as possibilidades de conseguir a gravidez com óvulos próprios são cerca de 5%. Por isso Juliana Ávila não teve dúvidas ao dar um conselho para quem pretende engravidar depois dos 37: “Nada vale mais que a opção de poder escolher. Pode acontecer de seu corpo não estar mais apto a produzir óvulos saudáveis quando você decidir ter um filho. Se você guardar a tempo, terá a opção de utilizá-los ou não”.