O hormônio Anti-Mulleriano é um hormônio produzido pelas células do ovário. Ele é responsável por regular o desenvolvimento e o crescimento dos folículos, que são estruturas que contém o óvulo no seu interior. E está, portanto, diretamente relacionado à capacidade reprodutiva da mulher.
Já sabemos que a capacidade reprodutiva da mulher vai reduzindo ao longo da vida. Quando um casal decide procurar ajuda médica para conseguir engravidar, uma das principais vilãs pode ser a baixa reserva ovariana. Nada mais é, do que a diminuição na quantidade de óvulos disponíveis no corpo dessa mulher.
Embora a diminuição progressiva da quantidade e da qualidade dos óvulos ao longo da vida seja um fato concreto, a fecundidade ainda varia significativamente entre as mulheres de uma mesma faixa etária.
“Mesmo com tantas mudanças na sociedade ao longo dos anos, infelizmente o corpo da mulher ainda continua sendo gerido pelo tempo. O fator idade ainda estabelece o tempo ideal para uma mulher gerar um bebê. Isso, claro, dentro do ponto de vista biológico. O que acaba gerando um conflito de interesse entre o ritmo de vida da mulher moderna, que tende a prorrogar o sonho da maternidade”, comenta Dr. Fábio Vilela, médico do IVI Salvador.
Qual objetivo do exame Anti-Mulleriano?
O exame Anti-Mulleriano tem, então, a função de analisar a reserva ovariana da mulher. Ele é realizado a partir de uma coleta de sangue, oferecendo uma estimativa da quantidade de óvulos que a mulher ainda possui.
A mulher nasce com todos os seus óvulos, e mensalmente ela vai gastando quantidades variáveis, apesar de somente um ou dois acabarem realmente sendo liberados na ovulação. Cirurgias e certas doenças podem acelerar a diminuição da reserva ovariana.
“Essa é uma forma simples, rápida e eficaz de entender como se encontra aquela mulher em relação à sua reserva ovariana. O exame praticamente é uma coleta como a de exame de sangue tradicional, sem dor. Além de entender a reserva ovariana, ele nos permite traçar uma relação bastante direta com a fertilidade. Isso vai ser fundamental para a vida futura daquela mulher como mãe”, pondera o especialista.
Analisando a reserva ovariana
O AMH é apenas um dos parâmetros para avaliar a reserva ovariana. Junto com ele também são analisados os níveis de FSH (hormônio folículo-estimulante) e a contagem de folículos antrais (através da ultrassonografia).
A análise é realizada através de exame de sangue simples e a dosagem do hormônio Anti-Mulleriano pode variar de < 0,16 ng/ml (baixa resposta) a > 4,0 ng/ml (alta resposta). Quanto menor for a taxa, mais baixa também será a quantidade e a qualidade dos óvulos disponíveis para serem fecundados, e vice-versa.
O AMH é um dos exames que oferece a estimativa mais aproximada da quantidade de óvulos que uma mulher pode produzir, já que ainda não é possível saber o número exato. E, diferentemente de outros tipos de teste, a vantagem é que ele pode ser realizado em qualquer etapa do ciclo menstrual sem sofrer variações e, inclusive, mesmo com o uso de anticoncepcionais.
“Além de um importante marcador da reserva ovariana, o hormônio Anti-Mulleriano também auxilia pacientes com síndrome dos ovários policísticos (SOP). Pois, quando AMH é muito alto, pode estar relacionado à doença. A indicação de realizar o exame deve ser sempre individualizada e solicitada pelo médico da paciente”, acrescenta Dr. Fábio.
Como a quantidade de óvulos que uma mulher possui interfere diretamente nas chances de uma gravidez, avaliar a reserva ovariana é uma das etapas fundamentais para quem deseja recorrer às técnicas de reprodução assistida e, para isto, o hormônio Anti-Mulleriano é hoje um dos exames mais eficazes.
Anti-Mulleriano e a Infertilidade feminina
O Anti-Mulleriano indica quantidade de óvulos e, não obrigatoriamente, a sua qualidade. Ter o AMH baixo não indica que a mulher não possa mais engravidar, somente significa que a quantidade de óvulos é pequena, e por esse motivo, se a mulher quiser filhos, não há tempo a perder.
Na eventualidade do médico ter que estimular os ovários em ciclos de inseminação ou fertilização in vitro, nestes casos, os ovários terão mais dificuldade em responderem aos medicamentos e muitas vezes irão maturar menor quantidade de óvulos do que o esperado.
O Congelamento de Óvulos
O Anti-Mulleriano serve também para as mulheres que desejam congelar os seus óvulos (criopreservação), principalmente aquelas que já se encontram acima dos 30 anos. A idade é fator fundamental para a fertilidade feminina, já que a reserva ovariana vai diminuindo no decorrer dos anos e a qualidade do material genético também tende a reduzir.
Para se ter uma idéia, se na primeira menstruação a mulher conta com aproximadamente 500 mil óvulos, aos 25 anos esse nível cai para 25 mil, podendo chegar a praticamente zero aos 50 anos. Com o passar do tempo, os óvulos também vão ficando mais velhos, o que influencia em sua qualidade.
Então, ter a noção aproximada da reserva ovariana permite à mulher, de modo mais assertivo, determinar qual caminho seguir diante de suas expectativas e sonhos de vida. Se congela os óvulos e preserva a fertilidade para tentativas futuras de ser mãe; ou se já recorre a algum tratamento de reprodução assistida de imediato para aproveitar a reserva atual e seguir com o sonho da maternidade.
Grupo IVI desenvolveu estudo sobre a reserva ovariana
Um estudo realizado pelo IVI Espanha há pouco mais de dois anos, já mostrava na prática o impacto da queda da reserva ovariana. Para isso, foram oferecidas análises gratuitas para mulheres conhecerem sua reserva ovariana.
Foi uma campanha para determinar o hormônio Anti-Mulleriano destinado a mulheres entre 25 e 38 anos, interessadas em saber em que ponto estava sua fertilidade. E a principal conclusão tirada do estudo foi de que 24% das mulheres entre 30 e 34 anos têm níveis de reserva ovariana considerados reduzidos.
Por outro lado, das mulheres com menos de 30 anos, 12% também já tinham baixa reserva ovariana e, entre as maiores de 35 anos, o percentual de baixa reserva subiu para 33%. Os dados são alarmantes.
Mais de 3.000 mulheres fizeram parte deste estudo. E, no final 10% optaram pelo tratamento reprodutivo (preservação da fertilidade ou fertilização in vitro).
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