Você sabe o que é o corpo lúteo? Muita gente não faz ideia do que seja mesmo. O corpo lúteo é uma glândula endócrina temporária, formada após a ovulação.
Ela tem uma importante função, que é ser fonte de estrogênio e progesterona. Esses hormônios são favoráveis à implantação do embrião e, para que gravidez aconteça.
Nos ciclos normais, quando não existe uma gravidez, essa glândula se desfaz antes do período menstrual. Mas, após a menstruação, começa a maturação de novos folículos para que ocorra ovulação no período fértil. Por conta disso, é importante falar sobre as fases do ciclo menstrual. E depois entender em que momento o corpo lúteo começa a funcionar.
O ciclo menstrual da mulher é dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea.
Fase folicular
Na primeira fase, a folicular, ocorre o crescimento do folículo ovariano. Ela acontece entre o primeiro dia da menstruação e a ovulação. Neste período, que dura em geral, entre 12 e 16 dias, os folículos crescem e começam a preparar o corpo para uma possível gravidez.
Por causa disso, há um aumento da produção do hormônio folículo estimulante (FSH), que faz com que os folículos que contêm os óvulos se desenvolvam. Além disso, o ovário também libera mais estrogênio, hormônio responsável por tornar o revestimento do útero pronto para uma eventual gestação.
Fase ovulatória
A fase ovulatória é a segunda etapa do ciclo menstrual e consiste na ovulação. Neste momento, ocorre a liberação do óvulo maduro que será captado pelas trompas, onde acontece a fecundação.
Como o óvulo sobrevive apenas 24 horas fora do ovário, é preciso que ele encontre os espermatozoides neste curto espaço de tempo para dar início a uma gravidez.
Assim, considerando que os espermatozoides duram até 3 dias dentro do corpo da mulher, é possível que a gestação ocorra se o casal tiver relações sexuais até 3 dias antes da ovulação. Mas, é importante ressaltar que o dia da ovulação varia conforme a duração do ciclo. Em muitos casos ocorre no 14º dia, contudo, há mulheres que ovulam em dias diferentes.
Fase lútea
A terceira e última fase do ciclo – a lútea – é aquela que ocorre após a ovulação se caracteriza pela formação do corpo lúteo, que serve para preparar o útero para uma possível concepção.
Caso o óvulo tenha sido fecundado, ele viaja até o útero e se fixa no endométrio. Caso não haja a fecundação, os hormônios femininos começam a reduzir gradativamente sua concentração no organismo e o endométrio, que estava pronto para receber o embrião passa a descamar. Essa descamação do endométrio constitui a menstruação que marca o início de um novo ciclo reprodutivo.
Como se forma o corpo lúteo
O corpo lúteo se forma após a ovulação. O folículo se rompe, e libera o óvulo que amadureceu sob ação do hormônio luteinizante (LH). O óvulo é buscado pela tuba uterina para ser fertilizado por um espermatozoide, caso ocorram relações sexuais sem contracepção durante o período fértil.
“O folículo rompido, neste momento já transformado em corpo lúteo, permanece no ovário, e inicia a fase luteínica, que abrange a segunda metade do ciclo menstrual. Durante esse período, os hormônios ovarianos preparam a mucosa interna do útero (o endométrio) para a implantação do embrião”, esclarece a médica do IVI Salvador, Dra. Graziele Reis.
Quando o óvulo não é fecundado, o corpo lúteo se degenera alguns dias depois. Isso faz com que o endométrio também passe por uma descamação. Assim, o tecido que se desprende do útero é eliminado do organismo em forma de menstruação.
No caso de fecundação, o embrião é conduzido pela tuba uterina até chegar à cavidade do útero para se implantar no endométrio. Após a implantação embrionária (aproximadamente 6 dias após o óvulo ter sido fertilizado), o corpo da mulher começa a produzir a gonadotrofina coriônica humana (hCG).
Esse hormônio age diretamente na manutenção do corpo lúteo. E que, por sua vez, tem um papel fundamental no desenvolvimento da gravidez.
O corpo lúteo e a sua função
A função do corpo lúteo é a de produzir os hormônios estrogênio e progesterona. Em níveis adequados, essas substâncias melhoram a receptividade do endométrio. Ou seja, deixam o tecido intrauterino em condições favoráveis para a implantação do embrião.
Quando a gestação se inicia, o corpo lúteo continua sendo responsável pela liberação dos hormônios reprodutivos durante o primeiro trimestre. Com doses menores de estrogênio e níveis mais elevados de progesterona. Após algumas semanas de gestação, a placenta começa a produção desses hormônios, e assume, aos poucos, a sua função.
Para as mulheres que estão tentando engravidar, é de fundamental importância que o corpo lúteo cumpra corretamente a sua função. A deficiência na produção de progesterona, conhecida também como insuficiência lútea, pode levar a falha de implantação e abortos de repetição.
O papel do corpo lúteo para a reprodução assistida
O corpo lúteo é necessário tanto na reprodução assistida, como na concepção espontânea. Porém, o uso de hormônios exógenos pode interferir na fase lútea, acarretando na deficiência de progesterona. A principal causa disso é o desenvolvimento de múltiplos folículos, que induzem o aumento da produção de estrógeno.
A estimulação ovariana é uma das técnicas dos tratamentos da reprodução assistida. A fertilização in vitro (FIV) requer um protocolo de estimulação ovariana intensa. O que resulta no uso de altas doses de medicamentos hormonais, para que se consiga obter um grande número de óvulos.
Já a inseminação artificial, técnica de baixa complexidade, demanda dosagens hormonais menores. O objetivo é obter apenas dois ou três óvulos maduros. Ainda assim, como ocorre o amadurecimento de mais de um folículo, também existe o risco de alterações na fase lútea. “Por isso a necessidade do acompanhamento médico de perto, para que o passo a passo do tratamento seja feito de forma correta e programada”, explica a médica.
Para evitar que ocorra uma insuficiência de progesterona e falhas de implantação, a paciente pode receber suporte à fase lútea com medicação à base de progesterona. Isso, claro, desde antes da transferência dos embriões para o útero. Depois, basta prosseguir com a suplementação hormonal até que a placenta comece a produzir progesterona em níveis suficientes.
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