Desejo de grávida: toda mulher que está vivendo uma gestação ou já viveu, tem alguma história para contar sobre os desejos. Uma amiga teve vontade de comer quiabo com chocolate. A prima sentiu uma vontade irresistível de comer jaca em plena madrugada. Ou sua vizinha que não podia ficar sem tomar suco de caju.
Mas afinal, esse tipo de desejo de grávida realmente existe? A resposta é SIM! E não tem nada de capricho nisso. Esse “fenômeno” é chamado pelos médicos de malácia e é causado por três fatores que atuam em conjunto: o emocional, o hormonal, e a falta de alguns nutrientes.
Quando começam os desejos
Os três primeiros meses de gestação normalmente são marcados por náuseas e enjoos. Para algumas mulheres, frutas ácidas, como abacaxi, kiwi, laranja e limão; e alimentos gelados, como picolés e bebidas com muito gelo, amenizam o mal-estar nesse período.
Mas é comum que a vontade por determinados alimentos – o tal desejo de grávida – só apareça a partir do segundo trimestre. A partir daí é que as vontades mais inusitadas podem começar a aparecer.
E isso vale também para as gestantes que apresentaram algum problema de infertilidade e engravidaram por meio de algum tratamento de reprodução assistida. O desejo de grávida será exatamente o mesmo, principalmente por causa das alterações hormonais.
“As mudanças corporais e o desconhecido campo dos papéis sociais e afetivos que a mulher exerce como mãe – principalmente na primeira gravidez – fazem com que ela sofra alterações no comportamento. Muitas gestantes sofrem alterações psicológicas, ficando mais fragilizadas ou impacientes. Além disso, podem sofrer mudanças nos hábitos alimentares, sentindo vontade de comer coisas aparentemente estranhas”, explica a Dra. Isa Rocha, ginecologista no IVI Salvador.
Desejo de grávida, as mudanças hormonais e as carências nutricionais
A partir da 12ª semana de gestação, o controle dos hormônios deixa de ser feito pelos ovários e passa para a placenta. E por conta disso, as características do estrogênio, por exemplo, mudam. Essas mudanças levam à oscilação de humor, e também do gosto das comidas, do cheiro e das preferências alimentares.
Ou seja, a gestante pode querer comer algo que não era habituada – como abacaxi e limão que são frutas ácidas. Ou ter rejeição a alimentos de costume, como deixar o hábito de tomar café de lado, por exemplo. O aparecimento dessas vontades pode ser explicado com a mudança no padrão dos hormônios.
Outro fator que está envolvido no surgimento do desejo por determinada comida é a carência nutricional. A falta de ferro e magnésio, por exemplo, podem provocar alguns desejos inusitados. Assim, uma mulher grávida que sofre de anemia, por exemplo, pode começar a desejar comer mais carne. E isso acaba sendo uma maneira do corpo substituir a deficiência de ferro.
Alguns alimentos contêm compostos que podem ajudar a aliviar certos sintomas presentes na gravidez. E isso também pode estar relacionado com os desejos. Por exemplo, o chocolate contém metilxantinas, que são compostos que ajudam a melhorar a fadiga. Existem também alimentos que contêm substâncias que ajudam a mulher a aliviar a náusea e o vômito.
“Durante a gravidez, algumas glândulas também funcionam de maneira diferente. A tireoide se torna mais lenta, fazendo com que o corpo procure alimentos calóricos e açucarados para gerar ânimo no corpo. Já a glândula suprarrenal libera hormônios pré-testosterônicos e estrogênio para o fortalecimento fetal e reduz os níveis de cortisol, dando a vontade de alimentos com mais carboidratos e gorduras”, explica a ginecologista.
Desejo de grávida e o lado emocional
Para além dos hormônios, o lado emocional também tem papel muito importante quando se fala em desejo de grávida. Como toda essa ebulição hormonal, a mulher fica mais sensível e pode requisitar a atenção de quem está à sua volta. E como forma de suprir essa carência, surgem as vontades de comer determinados alimentos e a necessidade de que quem esteja ao seu lado a ajude na busca pela realização desses esquisitos desejos.
Dessa forma, ela vai cativando a atenção dos amigos, familiares ou do companheiro. Ao perceber que atenderam seu desejo, a grávida se sente acolhida. Em geral, essas atitudes são inconscientes mesmo. “Muitas mulheres despertam os desejos como forma de manter as pessoas mais próximas e equilibrar o caldeirão que se torna seu emocional”, conta a médica.
Todo desejo de grávida deve ser atendido?
O que fazer quando a grávida insiste em querer um alimento? Aceitar que existe a vontade pode ser importante emocionalmente. A futura mãe se sentirá querida e amparada.
Mas nenhum dano acontece ao bebê caso o marido não compre o melão que ela requisitou durante a noite. Nenhum alimento interfere nas características da criança.
No entanto, vale lembrar que, apesar de todas as grávidas estarem expostas aos efeitos dos mesmos hormônios, cada uma reagirá de um jeito. Ou seja, se você não sente desejo de comer morango com coxinha não tem porque se preocupar. Isso não vai significar que algo esteja errado.
O que precisa ser balanceado, nesses casos, é a saúde da mulher e do bebê. Usar os desejos para se alimentar com grandes quantidades de alimentos gordurosos ou cheios de açúcar podem fazer mal à saúde da mãe e do neném que está se desenvolvendo.
Nem toda mulher irá sentir desejos
Não existe uma regra para que os desejos apareçam ou não. Nos primeiros meses, devido à grande quantidade de hormônios, costumam aparecer os enjoos. E com eles, as vontades por artifícios que acelerem o esvaziamento do estômago, como gelo e sorvete.
Porém, não existe um padrão para a preferência ou para aparecimento das vontades. Se o desejo de grávida não for atendido, diferentemente do que diz a crença popular, a criança não vai nascer com a “cara” do alimento ou com uma mancha em seu formato. E pode ser que nem todas as mulheres grávidas desenvolvam desejos.
Praticar técnicas de respiração, atividade física, sessões de relaxamento e de acupuntura podem ajudar a controlar o lado emocional e a tratar a ansiedade normal do período, reduzindo os desejos, se eles aparecerem.
Comentários estão fechados.