A endometriose atinge mais de 8 milhões de mulheres no Brasil. Os sintomas vão desde cólicas até mesmo a infertilidade. A doença pode comprometer de forma severa a qualidade de vida das pacientes. Por isso, o mês de março foi eleito como Março Amarelo, mês de conscientização para que as mulheres recebam mais informações sobre o problema e não normalizem sentir dor.
De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia, de 10 a 15% das mulheres em idade fértil têm endometriose. A doença não tem cura, mas com o diagnóstico precoce e a adoção de hábitos mais equilibrados, ela pode ser controlada e a mulher ganha de volta o seu bem-estar.
“Como os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças mais comuns, muitas mulheres demoram até anos para descobrir que efetivamente estão sofrendo de endometriose. Muitas até só descobrem quando estão tentando engravidar e se deparam com o quadro de infertilidade”, explica Dra. Graziele Reis, Médica do IVI Salvador.
Um alerta da especialista é que de todas as mulheres que têm, de fato, a doença, algumas não apresentam sintomas. Por isso, os diagnósticos normalmente são tardios. Os seis principais sinais são cólica menstrual severa ou que não melhora com remédios, dor durante a relação sexual, dor ao evacuar ou diarreia durante a menstruação, dor para urinar no período menstrual, dores entre as menstruações e a infertilidade.
Endometriose e Infertilidade
A endometriose afeta o aparelho reprodutor de diversas maneiras. A infertilidade pode estar associada à doença, mas não ocorre devido a um único fator. O funcionamento das trompas e a maturação e desenvolvimentos dos óvulos ficam prejudicados. Além disso, pode ocorrer alteração na receptividade do endométrio à implantação do embrião.
O tratamento vai variar de acordo com a gravidade e a intenção de engravidar. Caso o objetivo seja apenas melhorar a dor, o tratamento pode ser feito por meio de remédios ou cirurgia. Para casais que desejam engravidar, a abordagem precisará ser diferente. Alguns medicamentos não são indicados, pois inibem a ovulação. A cirurgia, por sua vez, pode ser indicada, pois evidências apontam que leva a uma melhora na fertilidade. Também podem ser utilizados os tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV).
Esse método tem excelente indicação, boas taxas de sucesso e ajuda a conseguir a gravidez. Mas como cada caso tem um desenvolvimento diferente e a melhor opção é procurar um especialista em reprodução assistida.
“A medicina reprodutiva tem avançado a cada ano e busca devolver às mulheres a esperança do sonho da maternidade. Muitas, quando chegam ao consultório, estão tão cansadas das dores, que já nem acreditam na possibilidade da gravidez. Mas com o acompanhamento correto, a melhoria nos hábitos e o controle da doença, essa paciente vai poder seguir com mais tranquilidade para um tratamento de reprodução assistida”, pondera.
O Março Amarelo
O Março Amarelo é o mês de conscientização sobre a endometriose, doença que afeta a vida – às vezes de maneira drástica. Apesar de afetar muitas mulheres, conseguir um diagnóstico ainda é um desafio comum à maior parte delas. Um estudo feito nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Austrália calculou em mais ou menos nove anos o tempo que se leva desde o surgimento da doença até o diagnóstico.
Metade desse período – em torno de 4 anos – costuma ser o tempo que a própria paciente leva até buscar alguma ajuda médica. A outra metade geralmente é gasta por passagens em diversos médicos, muitos exames, até se conseguir fechar o diagnóstico correto. Por causa disso, criou-se o mês de conscientização sobre a endometriose.
Comemorado mundialmente em todos os anos no mês de março, o período serve para levar informação à sociedade sobre o que é a doença e sobre como ela pode ser descoberta e controlada.
O que é a endometriose
A endometriose ocorre quando existe a presença de endométrio em outros órgãos, fora do útero. O endométrio é o tecido que reveste o útero da mulher. Todos os meses, quando não há gestação, esse tecido é descamado e é eliminado através do sangue da menstruação. O que acontece, é que esse tecido às vezes migra para outras partes do corpo da mulher, como ovários, ligamentos pélvicos, intestinos, bexiga, apêndice e vagina.
Em outras situações, pode se encontrado tecido endometrial em órgãos distantes, como pulmão, pleura e até mesmo no sistema nervoso central; embora esses sejam casos raríssimos.
A dor se origina porque o tecido do endométrio, mesmo fora do útero, continua sendo estimulado mensalmente pela ação dos hormônios que regulam o ciclo menstrual. E isso provoca uma reação inflamatória, que passa a afetar os órgão onde o tecido está. “Por isso em mulheres que têm os sintomas, as dores podem ser tão agressivas e em pontos diferentes do corpo”, conta a médica.
Não existe um estudo conclusivo, ainda, sobre as causas da endometriose. Os especialistas percebem, entretanto, que o estilo de vida da mulher moderna, repleto de momentos estressantes, falta de atividade física e má alimentação, contribui para o desenvolvimento da doença. Os altos níveis de poluentes no ar e a adição de agrotóxicos nos alimentos podem contribuir também.
Como tratar a endometriose
Os sintomas da endometriose variam em cada mulher. Ela pode sentir um, alguns ou até mesmo nenhum dos sintomas. Na verdade, 25% das mulheres com a doença não apresentam sintomas, tornando o diagnóstico ainda mais difícil. Quando apresentam, os sintomas mais comuns são cólicas menstruais intensas; dor pélvica (especialmente durante a menstruação); infertilidade; dor durante o sexo, desarranjo ou dor intestinal no período menstrual; e possível dor ao urinar.
O diagnóstico precoce é um importante fator para o tratamento. Para confirmar a endometriose, os médicos utilizam o exame de ultrassom e a ressonância magnética da pelve.
O tratamento é feito à base de medicamentos e adoção de hábitos saudáveis de vida, como uma alimentação equilibrada, a prática de atividades físicas e as consultas regulares ao ginecologista.
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