O conceito de família já é muito distinto daquele da época dos nossos avós. O respeito com as escolhas do próximo é crescente e essas novas relações se naturalizaram. Hoje o núcleo familiar é composto de formas múltiplas. Inclusive, aquele em que uma criança tem duas mães. Ou dois pais. Isso porque o conceito de família hoje está cada dia mais associado à relação de amor existente entre as pessoas que a formam.
A possibilidade da maternidade em relações homoafetivas já é algo real, de fácil acesso e com muita informação disponível. Apenas em Salvador, a clínica IVI ajudou 27 casais formados por duas mulheres, a gerarem seus filhos nos últimos anos. Para que isso aconteça, essas pacientes aderem ao chamado Método ROPA.
O IVI Salvador lançou um guia digital gratuito, que traz depoimentos de especialistas, informações médicas e explicações sobre todo o tratamento. Com Mães², um guia para famílias de duas mães, oferecemos nossa experiência e de outras famílias.
Mães²: O que você encontra em nosso guia?
Nosso guia digital é uma importante ferramenta. Foi criado para ajudar as mulheres que estão em relação homoafetiva e desejam realizar o sonho da maternidade. É um conteúdo vasto, gratuito e que pode ser acessado facilmente em nosso site.
Através das páginas do guia digital, estão informações técnicas, médicas e experiências de vida, amparadas por profissionais de diversas áreas, inclusive da psicologia.
Além da visão médica, que traz dados, o passo a passo necessário para o Método ROPA, depoimentos de especialistas, dados sobre diversidade familiar no Brasil e no mundo, entre outros. O guia traz também o lado humano da história.
Mostra exemplos de quem já viveu esse sonho em outras partes do mundo e também traz detalhes sobre como essas pessoas construíram esse projeto de uma família maior e mais completa! E traz também o ponto de vista dos filhos de duas mães. O guia fala ainda sobre como funcionam os bancos de sêmen. Todo o conteúdo necessário para que um casal de duas mulheres possa tomar sua melhor decisão!
Avanço da ciência e o sonho de duas mães
Que a ciência se desenvolve a cada dia, todo mundo já sabe. Que ela ajuda as pessoas com a solução de doenças, novos tratamentos e possibilidades, também.
Mas com o Método ROPA, a ciência consegue unir realidade e fantasia, tornando aquele “mundo perfeito dos nossos sonhos”, possível! Nossa sociedade vive dias de mudança, de constante reanálise. O que é certo hoje? Como funciona hoje? O que queremos hoje?
Todos nós queremos ser felizes, da forma que somos, do modo que melhor entendemos, deixando nossos sonhos cada dia mais claros. E agora, os sonhos cada dia mais, podem se transpor do mundo da fantasia – aquele que pensávamos que demoraria pra chegar, e hoje podemos ser quem efetivamente queremos ser!
O que é e como funciona o Método ROPA
O Método ROPA é um procedimento simples, que possibilita que a maternidade seja compartilhada entre as duas mulheres que formam o casal. A sigla faz referência às iniciais do nome do procedimento, em inglês. “Reception of Oocytes from Partner”. Traduzido para o português, a expressão significa “recepção de óvulos da parceira”. Ou, de forma simplificada, “maternidade compartilhada”.
É através da adoção dessa técnica, que as duas parceiras se tornam mães conjuntamente durante a obtenção da gravidez. E isso ocorre de uma forma bastante prática e sem segredos. O método basicamente consiste em um tratamento que usa a Fertilização In Vitro (FIV). A diferença é que uma das mulheres vai fornecer os óvulos, enquanto a outra gestará o bebê.
Após a coleta dos óvulos da primeira mulher (considerada a mãe genética), eles são fertilizados – usando a mesma sequência de uma FIV tradicional; nesse caso utilizando de um banco de sêmen. Depois de fertilizados, transfere-se os melhores embriões para a segunda parceira, que dará prosseguimento à gestação, até o momento tão aguardado, do parto.
Desse modo, as duas mulheres parceiras vão participar do processo de gravidez que trará o tão sonhado filho a nova família.
O passo a passo do método com duas mães
Para que o tratamento funcione de forma efetiva, é preciso que tudo seja sincronizado. As menstruações das duas pacientes, tanto a que doará os óvulos, como a da que receberá os embriões, precisam ser no mesmo período. Normalmente para que isso aconteça de forma programada, se recorre ao uso de medicamentos.
Por volta do 3º dia da menstruação, começa o procedimento em si. Para a mulher que doará os óvulos, a preparação consiste em uma estimulação ovariana. Assim se estimula a produção de óvulos maduros. O acompanhamento de tudo isso acontece através de ultrassonografias. Também são feitas análises hormonais durante os 12 a 14 dias, tempo de duração do procedimento.
Assim, pode ser feito o monitoramento para determinar o melhor momento da ovulação. Enquanto isso é observado na primeira paciente, a parceira que receberá o embrião prepara o seu endométrio.
Quando os folículos da mulher doadora alcançam o tamanho adequado, realiza-se a punção folicular. Na punção se extrai os óvulos maduros. É um procedimento bastante simples e rápido, que não dura mais do que 20 minutos, e é feito sob sedação leve. Nesse mesmo dia, a mulher receptora dos embriões começa com um tratamento de progesterona.
Enquanto isso no laboratório…
Em paralelo, prepara-se a amostra de sêmen de doador em laboratório. O objetivo, nesse caso, é de selecionar os espermatozoides mais adequados para fecundar. Uma vez extraídos os óvulos, e com a amostra de sêmen pronta, inicia-se a fecundação.
A evolução dos embriões é observada em laboratório, até ao dia da sua transferência. A mulher que vai receber os embriões prepara o seu útero para maximizar as possibilidades de implantação. O endométrio precisa alcançar a espessura correta.
Quando o útero da receptora está pronto, faz-se a seleção dos embriões, que são transferidos para a cavidade uterina. O processo é rápido e indolor, não requer anestesia e nem cuidados específicos posteriores.
No dia da transferência recomenda-se repouso. E no dia seguinte atividade moderada para posteriormente retomar a vida normal. A mulher deve evitar esforços extras e esportes de competição durante 15 dias. Depois de 15 dias da transferência, realiza-se o exame de beta-hCG para confirmar a gravidez.
A influência da mãe biológica na criança
Embora os óvulos para gerar o embrião, nesses casos venham de apenas uma das mães, a chamada mãe genética, a ciência já comprova uma influência direta da mãe biológica em todo o processo. O DNA do embrião é herdado da mãe genética, ou seja, daquela que doa os óvulos e também do doador de sêmen – que vem do banco de sêmen.
Entretanto, alguns estudos científicos já mostram que durante o período em que o embrião se desenvolve dentro do útero da mãe biológica, também ocorrem alterações na expressão genética do embrião.
A “influência epigenética” representa justamente essas alterações, que são determinadas pelo ambiente uterino da mãe gestante e pelo contato dele com o bebê.
O embrião não irá herdar, geneticamente falando, nenhuma das características da mãe gestante. Mas o desenvolvimento no seu útero vai determinar a atividade genética e influenciar aspectos diferentes e importantes. Entre eles, por exemplo, a proteção da criança a determinadas doenças.
Desse modo, o método se torna uma verdadeira partilha para os casais de mulheres que tanto sonham em constituir sua família de duas mães.
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