Congelar óvulos ou congelar o tecido ovariano? Estas duas técnicas de preservação da fertilidade são um recurso real e efetivo para manter as chances de gravidez que naturalmente não é possível garantir com a passagem do tempo no caso de quem não tem planos de engravidar no momento, ou ainda, se é preciso se submeter a tratamentos tóxicos para a fertilidade, como a quimioterapia ou radioterapia, por exemplo.
O procedimento mais utilizado para preservar as chances de engravidar no futuro é o congelamento de óvulos. Tecnicamente este processo chamado de vitrificação de gametas femininos tem sido a primeira opção dos médicos especialistas por ser menos invasivo que a técnica de congelar o tecido ovariano, no entanto, ambas provaram ser igualmente efetivas de acordo com o estudo realizado por especialistas do nosso grupo em parceria com o Hospital La Fé de Valência.
O estudo realizado contou com uma amostra de 1759 pacientes (1024 óvulos e 735 tecidos ovarianos congelados) revelou que não existem diferenças significativas relacionadas à porcentagem de nascimentos entre as duas técnicas. A pesquisa foi apresentada recentemente no Congresso de Reprodução Humana mais importante do mundo que aconteceu recentemente na Suiça (ESHRE).
É melhor congelar óvulos ou tecido ovariano?
Depende, pois existem indicações diferentes. Nos casos onde a preservação não é urgente, ou seja, se temos à disposição ao menos duas semanas, os médicos provavelmente irão recomendar o congelamento de óvulos, porque as chances de engravidar no futuro serão muito parecidas com as chances que o congelamento ovariano proporciona, mas congelar os óvulos é menos invasivo para a mulher que congelar o tecido ovariano.
O congelamento do tecido ovariano normalmente é indicado para pacientes oncológicos que precisam iniciar urgente a quimioterapia e/ou meninas que ainda não chegaram na puberdade.
Como é o processo para engravidar depois?
A preservação da fertilidade é como um seguro, todo mundo espera não precisar fazer uso dele a não ser que realmente seja necessário. Portanto, se a mulher que congelou óvulos ou tecido ovariano, quando quiser engravidar, irá retornar ao centro médico para avaliar suas chances. Se tiver um bom prognóstico para engravidar naturalmente, não precisará utilizar este seguro naquele momento, mas poderá precisar em outro momento, por exemplo para uma segunda gravidez.
Lembrando que mesmo que a mulher possa engravidar naturalmente, após os 38 anos, o risco de sofrer um aborto espontâneo ou de os óvulos envelhecidos causarem alterações cromossômicas no bebê são maiores. Por isso é importante avaliar os prós e contras de engravidar naturalmente dependendo da idade.
Se congelou óvulos: Neste caso, para engravidar com os óvulos que foram congelados, onde existem mais chances de gravidez e saúde do bebê, é preciso retornar à clínica de reprodução humana para fecundar o óvulo e transferir ao útero através do procedimento de Fertilização in Vitro (FIV).
Se congelou tecido ovariano: o congelamento deste tecido e realizado por laparoscopia, uma cirurgia minimamente invasiva. Caso após a recuperação da paciente e alta médica para engravidar, nos casos de que a preservação foi realizada por motivo oncológico, é preciso avaliar se existe potencial para uma gravidez espontânea, se não existe esta possibilidade, será preciso realizar uma nova laparoscopia para implantar o tecido que foi congelado. Após a recuperação da implantação do tecido, o ovário irá recuperar sua funcionalidade, produzindo hormônios e ovulando, o que reverte a menopausa precoce provocada pelo tratamento contra o câncer e permite que seja possível engravidar naturalmente.
Por que é importante congelar óvulos antes dos 35 anos?
O sucesso da futura gravidez após o congelamento de óvulos não é algo garantido, depende de ter congelado uma quantidade suficiente de óvulos e também que os óvulos congelados tenham uma boa qualidade genética. A embriologista do IVI Salvador, Cíntia Pimentel, explicou para a agente o porquê de não deixar o tempo passar para preservar a fertilidade, veja o vídeo:
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