A prolactina em níveis alterados pode afetar a fertilidade. Por isso, é essencial saber como está a saúde do corpo da mulher quando se pensa em engravidar. E, dentro deste cenário, é importante também investigar como estão os níveis da prolactina.
Para entender a relação entre prolactina e infertilidade, é preciso falar sobre os hormônios. Eles tem um papel fundamental na fertilidade. Tanto feminina, quanto masculina. Várias dessas substâncias, regulam as funções do sistema reprodutor, portanto, devem estar em níveis equilibrados no organismo para que o casal consiga chegar à tão sonhada gravidez.
Na fertilidade feminina, agem principalmente os hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH). Eles são secretados pela hipófise. Além do estrogênio e da progesterona, produzidos nos ovários.
O que é prolactina?
A prolactina é um hormônio que se origina na glândula pituitária e atua em praticamente todas as células do corpo. É principalmente produzido pelo corpo feminino durante a gravidez e após o parto, com a função de estimular a produção de leite materno.
No entanto, sua importância não se limita à lactação. O hormônio também é naturalmente sintetizado no corpo de mulheres e homens. Apesar de ter maior concentração durante a gravidez e o puerpério.
Em período não gravídico, os níveis desse hormônio são baixos. Mas devem ser suficientes para ajudar na regulação do eixo hipotálamo-hipófise, que secreta FSH e LH para estimular o desenvolvimento dos gametas. Esses níveis de prolactina podem ser avaliados por meio de um exame de sangue.
“Quando você está tentando engravidar, é necessário que você ovule, tenha um ciclo regular e produza progesterona para favorecer a implantação do embrião. No entanto, em uma situação de níveis elevados de prolactina (hiperprolactinemia), pode ser que a gravidez não aconteça”, explica o médico Fábio Vilela, do IVI Salvador.
Os valores adequados são de aproximadamente 25-29 ng/ml (nanogramas por mililitro de sangue) para mulheres, e 17-20 ng/ml para homens. Valores acima de 100 ng/ml sugerem alterações hipofisárias, como a eventual presença de um tumor secretor de prolactina.
Se a concentração for superior a 100 ng/ml, suas chances reprodutivas podem ser comprometidas. Os valores altos podem sugerir uma Síndrome dos Ovários Policísticos, estresse, hipotireoidismo ou a presença de um cisto hipofisário ou prolactinoma.
Níveis elevados desse hormônio também podem ter relação com excesso de estrogênio, hipotireoidismo, e lesões no hipotálamo. Prática extenuante de exercícios físicos e uso de determinados medicamentos, como alguns tipos de anti-hipertensivos e antidepressivos tricíclicos também podem provocar a elevação do hormônio.
As fases do hormônio
A gravidez, o pós-parto e a lactação, como foi dito anteriormente, são condições fisiológicas que aumentam naturalmente a concentração de prolactina.
É difícil identificar as alterações apenas observando os sintomas. Mas as possíveis manifestações na mulher incluem redução da libido e da lubrificação vaginal, irregularidades menstruais e infertilidade.
Já o homem pode apresentar disfunção erétil, ginecomastia (aumento anormal das mamas), aumento da gordura abdominal e perda de volume muscular.
O que tem a ver com a fertilidade?
Casais que tentam uma gravidez espontânea, ou tentam ter um filho por meio da Fertilização In Vitro (FIV), devem ter seus níveis de prolactina controlados. Embora o fato de ter níveis elevados desse hormônio possa ser considerado um sinal de fertilidade, na realidade não é bem assim…
Altos níveis de prolactina são contraproducentes para conseguir uma gravidez, naturalmente, ou por meio de FIV. É comum recomendar a determinação dos níveis de prolactina em mulheres com problemas menstruais, ou de fertilidade.
De fato, em um tratamento de reprodução assistida, saber como anda o nível da prolactina, é considerado um exame de rotina. As mulheres que amamentam, principalmente nos primeiros meses após o parto, não menstruam nem ovulam e esse é o verdadeiro poder da prolactina. Ele é responsável pela produção de leite materno, mas ao mesmo tempo retarda a capacidade reprodutiva.
Como a prolactina afeta a ovulação?
Em condições normais, a mulher produz pouca prolactina. A menos, claro, que ela esteja grávida. Níveis elevados de prolactina podem interromper a ovulação ou retardá-la. Ou seja, os ovários podem liberar um óvulo intermitentemente ou não liberar nenhum. O que é visto como menstruação ausente ou irregular.
Se não houver ovulação no tempo correspondente, os casais não conseguem planejar suas relações sexuais. O que acaba tornando difícil a concepção natural.
Em alguns casos, os níveis de prolactina não são altos o suficiente para impedir a ovulação. Mas podem afetar a síntese de progesterona, responsável pelo espessamento das paredes uterinas após a ovulação, no período conhecido como fase lútea.
Baixas quantidades de progesterona podem encurtar a fase lútea, impedindo que o endométrio atinja a espessura necessária para promover a implantação do embrião. E o resultado disso é que mesmo com um óvulo fertilizado, será muito difícil que ele termine em gravidez.
Prolactina e tireóide
Caso exista uma situação de hipotireoidismo, o hipotálamo secreta hormônios para tentar estimular a glândula tireoide. Esse mesmo hormônio também pode ser responsável pelo excesso de produção de prolactina hipofisária. Um tratamento suplementado com hormônio tireoidiano corrigirá tanto a atividade tireoidiana, quanto a hiperprolactinemia.
Como tratar as alterações hormonais e a infertilidade
A prolactina alta, assim como outras alterações hormonais, é tratada de acordo com a sua causa. Normalmente, medicamentos são prescritos para equilibrar os níveis do hormônio. Em casos de tumor hipofisário, as indicações ainda podem incluir cirurgia e radioterapia.
O tratamento clínico pode ajudar a superar disfunções sexuais e irregularidades ovulatórias e menstruais. Além disso, existem as técnicas de reprodução assistida, indicadas para irregularidades na ovulação e outros fatores de infertilidade.
Quando somente a alteração de prolactina é diagnosticada como causa da infertilidade conjugal, o casal pode tentar sim uma gravidez. Primeiro com uma estimulação ovariana associada às técnicas de baixa complexidade, como a relação sexual programada e inseminação artificial.
A estimulação ovariana é feita com medicamentos hormonais que promovem o crescimento de vários folículos ovarianos para que a mulher tenha mais óvulos maduros. O que aumenta as chances para engravidar.
Nas técnicas de baixa complexidade, o objetivo é promover a liberação de aproximadamente 3 óvulos para que um deles seja fertilizado nas trompas. Assim como acontece na reprodução natural.
Quando a investigação da infertilidade revela disfunção de prolactina e anovulação somadas a outros fatores mais complexos, a técnica indicada é a Fertilização In Vitro (FIV).
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