Quando o assunto é o contexto da infertilidade, alguns dados merecem destaque. No âmbito da América Latina, o Brasil é o país com maior número de crianças nascidas por reprodução assistida. E recorrentes pesquisas brasileiras mostram que alguns fatores, muitas vezes nem imaginados, acabam interferindo na vida reprodutiva das mulheres. Acredite… a poluição também é um deles!
Doenças como a endometriose e fatores como a idade avançada ainda são as principais causas dos problemas reprodutivos. Porém, hábitos de vida e agentes externos são relevantes quando o assunto é reprodução. A poluição do ar na saúde reprodutiva provoca alterações nos níveis dos hormônios femininos. Isso pode causar desequilíbrio no organismo. E isso proporciona um consequente aumento da infertilidade.
Tudo o que leva ao desequilíbrio do nosso organismo pode gerar infertilidade. Quando somos expostos à poluição (sonora, do ar e visual), nosso organismo se adapta à nova realidade. Isso pode provocar alterações hormonais. Por conta disso, a infertilidade tende a ser maior nas mulheres em grandes cidades.
A exposição a situações anormais de sobrevivência alteram a quantidade e a qualidade da ovulação, podendo haver mais ou menos ciclos menstruais férteis ao longo da vida da mulher. Assim, vale a reflexão sobre o estilo de vida ideal, aquele que envolva hábitos e ambientes saudáveis.
Por quê a poluição começa a ser investigada?
Segundo um estudo europeu, fatores como a idade e exposição à poluição podem afetar a fertilidade feminina. Durante o encontro anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, foi apresentada uma pesquisa que fez a relação da taxa de produção de óvulos nas mulheres com a poluição atmosférica das cidades onde elas vivem.
Mulheres que residem em regiões com alto nível de poluição correm o risco de aumentar de 2 a 3 vezes a redução na reserva ovariana. O assunto, que foi tratado durante o encontro anual, revelou que a exposição à poluição do ar pode estar entre as causas da infertilidade feminina.
O que dizem as pesquisas
O estudo foi batizado de “The Ovarian Reserve and Exposureto Environmental Pollutants”. Ele foi realizado por pesquisadores da Universidade de Modena e Reggio Emilia, na Itália. A pesquisa analisou os níveis de hormônio antimülleriano (AMH) liberado pelas células do ovário de cerca de 1.300 mulheres que residiam na cidade de Modena, entre os anos de 2007 e 2017. O nível de AMH pode indicar a reserva ovariana e identificar se há uma baixa reserva.
Ao longo da vida, as mulheres não produzem novos gametas. Elas já vêm ao mundo com todos os óvulos dentro dos ovários. Essa reserva vai diminuindo naturalmente ao longo do tempo. Uma menina nasce com cerca de um milhão de óvulos. Na puberdade, restam apenas 300 mil, e esse número continua a diminuir a cada menstruação.
De acordo com os especialistas, foi feita uma relação entre a taxa de produção de óvulos das mulheres com a poluição atmosférica do local onde elas moravam. Ou seja, a poluição em grandes capitais pode ocasionar (além de doenças cardiovasculares e pulmonares) mais uma preocupação para as mulheres em idade reprodutiva. Com isso, aumenta a possibilidade de infertilidade.
O estudo não traz evidências se o impacto da poluição do ar na reserva ovariana é permanente. Outro ponto que também não foi tratado na pesquisa é, se há efeitos nocivos sobre a concepção, para mulheres em áreas de grandes centros urbanos mais poluídos.
A gravidez e os ataques da poluição
Quando grávidas, mulheres que são expostas a altos níveis de poluição do ar, têm chances maiores de sofrer um aborto espontâneo, do que mulheres grávidas que respiram um ar mais puro.
Nesse sentido, uma pesquisa da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, publicada pela revista científica Fertility and Sterility (Fertilidade e Esterilidade), traz resultados quem mostram que altos níveis de um gás poluente denominado dióxido de nitrogênio (NO²) aumentam o risco de aborto espontâneo em 16%.
O gás NO² é produzido pela queima de combustíveis fósseis, e é um gás bastante presente em lugares poluídos ao redor do mundo. No Brasil, segundo a Plataforma de Qualidade do Ar do Instituto de Energia e Meio Ambiente, a contaminação por NO² atinge centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador.
Estudos anteriores já haviam analisado o risco de aborto em casos em que a exposição à poluição é prolongada. Mas essa é a primeira vez que um estudo é publicado com análise de exposição por um curto período.
O que fazer quando a baixa reserva ovariana é detectada?
A vida atual é quase refém de um estilo mais corrido, que convive dia a dia com o estresse. As cidades, em sua maioria, estão cada ano mais cheias de fábricas e veículos. E, consequentemente, de poluição. Ainda não há um planejamento organizado no sentido de tentar buscar um equilíbrio entre desenvolvimento e preservação do meio ambiente.
Por isso, viver em uma região que sofre efeitos da poluição, é quase um fato para muita gente. Aliado a isso, há uma grande evidência de que alguns produtos químicos, assim como componentes naturais e artificiais da alimentação, possuem o poder de modificar o papel fisiológico dos hormônios. Alterando assim a biossíntese e metabolismo deles.
Preservação da fertilidade
A dosagem do hormônio antimülleriano (AMH) é fundamental para avaliar a reserva ovariana na mulher. Por conta disso, quando é descoberta uma baixa reserva ovariana, é importante orientar a mulher sobre as chances de gravidez. E sobretudo, as opções para a preservação da fertilidade.
Com o avanço da ciência, já é possível que a mulher se antecipe e preserve sua fertilidade para não enfrentar fatores naturais. Por exemplo, a idade e nem fique refém da influência cada vez mais forte das condições climáticas e poluição sobre seu organismo.
Na IVI Salvador, por exemplo, o programa Preserva congela as células reprodutivas. Esse procedimento mantém a qualidade delas desde o momento da coleta. Mesmo congeladas, elas se mantém aptas a serem utilizadas a qualquer tempo posteriormente. Assim, a mulher poderá planejar a gestação e realizar seu sonho no futuro.
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