O Dia Mundial da Doença Celíaca é dia 16 de maio. Foi nesta ocasião, para honrar o dia de nascimento do Dr. Samuel Gee, o primeiro pesquisador a reconhecer que os sintomas da doença celíaca estavam relacionados à dieta.
A doença celíaca é uma doença autoimune, que é causada pela intolerância ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, na aveia, na cevada, no centeio, e em seus derivados, como massas, pizzas, bolos, pães, biscoitos, cerveja, uísque, vodca e alguns doces.
A doença provoca dificuldade ao organismo para absorver os nutrientes dos alimentos, vitaminas, sais minerais e água. E, por isso, claro, desencadeia uma sequência de possíveis problemas para quem sofre deste mal.
Principais sintomas
Os sintomas, em geral, aparecem entre os seis meses e dois anos e meio de vida. No entanto, isso não é regra para todos. Alguns dos portadores da doença podem apenas manifestar os sintomas na fase adulta, e por isso já sofrerem com possíveis consequências que a doença traz.
Entre os principais sintomas que podem indicar doença celíaca, estão a diarreia ou prisão de ventre crônica, dores abdominais, inchaço na barriga, danos à parede intestinal, falta de apetite, baixa absorção de nutrientes, osteoporose, anemia e perda de peso (e desnutrição).
“São sintomas que podem também estar associados a outras doenças ou até ao somatório de doenças. Por isso, sempre ressaltamos que as pessoas devem estar alertas e procurar ajuda médica quando algo não parece normal. Às vezes, um pequeno sintoma pode ser o sinal que um especialista precisa para investigar algo mais a fundo e tentar antecipar um tratamento antes que a doença de fato esteja já em uma fase mais agressiva. Cuidar da saúde é de extrema importância e, para qualquer doença, o diagnóstico precoce é uma enorme vantagem”, explica a médica Graziele Reis, do IVI Salvador.
O diagnóstico e como tratar
O diagnóstico da doença celíaca é feito por meio de exame clínico, com médico especialista, que vai analisar os sintomas. Nesse processo de investigação, o especialista pode solicitar ainda uma biópsia do intestino, por meio de endoscopia, ou ainda exames de sangue complementares. Ele pode também sugerir uma dieta restritiva sem glúten para realizar testes e confirmar o diagnóstico.
O principal tratamento para o problema é a dieta com total ausência de glúten. Quando a substância é excluída da alimentação, os sintomas desaparecem. A maior dificuldade para os pacientes é conviver com as restrições impostas pelos novos hábitos alimentares.
A doença celíaca não tem cura, por isso, a dieta deveser seguida rigorosamente pelo resto da vida. É importante que os celíacos fiquem atentos à possibilidade de ter problemas de infertilidade.
A Doença Celíaca e a fertilidade
Os estudos demonstram que em mulheres celíacas não tratadas, há um aumento na taxa de abortos espontâneos, menarca tardia, tempo de reprodução menor, dificuldade na concepção do primeiro filho, parto prematuro e retardo de crescimento intrauterino.
Quanto ao gênero, alterações na fertilidade em homens celíacos também podem ocorrer, porém em uma menor proporção.
A literatura médica acredita que as manifestações são decorrentes de mecanismos imunomediados, além da deficiência de nutrientes. Os autoanticorpos para doença celíaca materna são capazes de se ligar à transglutaminase placentária e mutações genéticas facilitariam a formação de microtrombos. Por outro lado, a gravidez com a exposição materna a antígenos fetais pode suscitar o desenvolvimento da doença celíaca.
Estudos afirmam que o não diagnóstico da doença celíaca seria um facilitador para a infertilidade. Contudo, após o tratamento com uma dieta sem glúten e melhora no estado nutricional, resultados desfavoráveis como taxas de abortamento podem ser corrigidos.
“O ideal é que a paciente esteja atenta ao seu corpo. Detectada a doença celíaca e tratados os sintomas, com adoção de uma dieta restritiva pode amenizar a infertilidade. Mas como sempre alertamos cada caso deve-se tratar de forma individualizada, porque cada corpo tem uma forma de reagir a doenças e a tratamentos. Mas, em linhas gerais, após diagnóstico e adoção da mudança de hábitos, a mulher volta a ter sua fertilidade equilibrada”, explica a médica.
O que dizem os estudos?
A conclusão dos estudos médicos mostra que a doença celíaca não tratada é um fator de risco para a fertilidade das mulheres, devido a alterações imunológicas que repercutem no sistema reprodutor. Com o tratamento da doença, seria possível perceber melhores resultados reprodutivos.
Vale ressaltar que nem sempre a causa da infertilidade nos celíacos estará necessariamente relacionada à doença. Pode ser que, mesmo com a adoção da dieta restritiva e com todos os devidos cuidados, a mulher (ou o homem) sigam com a fertilidade afetada. Nesse caso, é necessário procurar um especialista em reprodução assistida, que vai iniciar uma investigação para rastrear o que está causando a infertilidade.
Risco da contaminação cruzada
Como o paciente com doença celíaca tem grande restrição alimentar, deve-se levar muito a sério o cuidado com o preparo de seus alimentos, lanches e refeições. Um dos riscos que o portador de doença celíaca pode ter – mesmo sem ingerir alimentos indevidos – é o de contaminação cruzada.
A contaminação cruzada ocorre quando há a transferência direta ou indireta de contaminantes físicos, químicos ou biológicos de um alimento, utensílio, vetor ou manipulador para alimentos que serão consumidos.
Pode ocorrer nas diferentes etapas do processo de produção do alimento: pré-preparo, tratamento, armazenamento, transporte, serviço. São fontes de contaminação: esponjas, panos de prato, colher de pau, óleo para fritura, dentre outros.
Por isso, os especialistas defendem que os celíacos só podem ingerir alimentos feitos em cozinhas completamente descontaminadas. Afinal, não adianta ter o cuidado de manter uma dieta restrita e fazer a sua parte se o alimento correto chega ao prato de forma contaminada.
O caso é tão sério, que existe no país, uma lei federal (a Lei nº 10.674, de 16/05/2.003), que obriga que todos os alimentos industrializados informem em seus rótulos a presença ou não de glúten, para resguardar o direito à saúde dos portadores de doença celíaca.
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