A gravidez é o sonho de muitas mulheres. Mas, sabemos que algumas doenças e condições podem provocar consequências significativas, inclusive, afetando a saúde reprodutiva. A doença inflamatória pélvica, ou DIP, é uma delas.
A DIP é uma condição que acomete diversas mulheres, especialmente em idade reprodutiva. Na maioria das vezes, está associada a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Ela é uma das causas mais comuns de infertilidade feminina, por isso, merece toda a atenção.
A doença inflamatória pélvica pode ser silenciosa ou provocar sintomas, como dor na pelve e desconforto durante a relação sexual. O diagnóstico precoce evita que a doença comprometa os órgãos do sistema reprodutor, aumente o risco de infertilidade e outras complicações durante a gestação.
Como se desenvolve a Doença Inflamatória Pélvica
A DIP é uma infecção causada pela entrada de microrganismos pelo canal vaginal. Eles se espalham para os demais órgãos do sistema reprodutor (útero, tubas uterinas e ovários), causando um processo infeccioso.
Geralmente, é uma complicação causada por uma Infecção Sexualmente Transmissível – ou seja, através do sexo desprotegido. Normalmente está associada a clamídia e gonorreia não tratadas.
De forma rara e menos comum, procedimentos como a inserção de dispositivo intrauterino (DIU), a biópsia uterina ou uma curetagem também podem predispor a DIP.
Apesar dos sintomas das Doença Inflamatória Pélvica demorarem a aparecer, o que acaba agravando a doença, não é necessário pânico, já que ela tem cura!
“A dificuldade para engravidar é uma das complicações mais graves da ausência de tratamento. Nos casos mais graves, a infecção pode causar abscessos, aderências e obstruções nas tubas uterinas. Se as bactérias atingirem o útero, a doença também pode afetar a receptividade endometrial”, alerta o médico Agnaldo Viana, do IVI Salvador.
Todas essas alterações dificultam a fecundação e a implantação do embrião no útero. Por isso, a mulher deve ir ao ginecologista logo quando perceber os primeiros sintomas. O quanto antes a DIP for diagnosticada e tratada, melhor e mais efetivo será o tratamento.
Sintomas e como diagnosticar a Doença Inflamatória Pélvica
Em muitos casos, a doença inflamatória pélvica não chama atenção. Esse é fator preocupante e muito prejudicial, porque a infecção se agrava rapidamente. Com o tempo, se a mulher não receber o tratamento adequado, os sintomas serão intensificados.
Na lista dos principais sintomas da DIP estão dor pélvica, dor durante a relação sexual, desconforto abdominal, corrimento vaginal com cor e forte odor e sangramento fora do período menstrual e/ou durante a relação sexual.
Podem ainda acontecer irregularidades na menstruação, dor ao urinar, fadiga, vômitos, febre e o mais temido de todos: a infertilidade.
A DIP não é simples de ser diagnosticada, pois os seus sintomas são semelhantes a outras doenças que também atingem o sistema reprodutor feminino. Por isso, se você tem suspeita da condição, procure urgente um especialista para diagnosticar e tratar adequadamente.
O diagnóstico é feito com base na avaliação dos sintomas relatados, junto com um exame ginecológico, que vai avaliar a presença de dores no colo do útero e de corrimento. E para complementar o diagnóstico, o médico vai solicitar exames de imagem.
Eles são importantes ferramentas para o diagnóstico da DIP. Isso porque outras doenças, como a endometriose e a infecção urinária, por exemplo, também causam dor pélvica.
O médico pode solicitar exames como a ultrassonografia transvaginal (que cria imagens de seus órgãos internos), a ressonância magnética da pelve (que permite verificar extensão da DIP e eventuais complicações) e o raio-X. O especialista também pode pedir exames laboratoriais, como exame de sangue e teste de urina, para auxiliar no diagnóstico.
Tratamento da Doença Inflamatória Pélvica
O tratamento da Doença Inflamatória Pélvica é definido de acordo com o agente transmissor da infecção. Se ela for causada por bactérias, a doença é tratada com antibióticos. Nos casos mais graves, pode ser necessária a internação e a administração de antibióticos por via endovenosa.
O tratamento deve ser definido de forma individualizada, analisando as particularidades de cada caso.
Para curar o processo inflamatório por completo, é recomendado que a paciente faça abstinência sexual e repouse até a conclusão do tratamento. Além disso, em caso positivo para IST, o parceiro também deve ser testado e, se necessário, fazer o tratamento.
A DIP e a infertilidade
Quando a DIP é diagnosticada e tratada precocemente, as complicações podem ser prevenidas. Como vimos, uma delas é a infertilidade.
A doença inflamatória pélvica pode causar a formação de tecido cicatricial, tanto fora, quanto dentro das trompas de falópio. Isso pode levar ao bloqueio das trompas e dificuldade de engravidar.
A DIP pode causar alterações que dificultam a condução do óvulo/embrião para dentro da cavidade uterina, o que pode resultar em uma gravidez fora do útero (gravidez ectópica). Condição essa que pode implicar em risco de morte, requerendo atenção médica de emergência.
Em alguns casos, os ovários e o útero são severamente comprometidos pela DIP e o médico pode ter que fazer a remoção dos mesmos.
O que fazer em caso de infertilidade causada pela doença inflamatória pélvica
Quando não tratada adequadamente, a doença pode trazer complicações graves para a saúde da mulher. Além da infertilidade, a infecção aumenta o risco de gravidez ectópica (fora do útero). Ou seja, ela se torna uma ameaça para a vida da mulher.
Após concluir o tratamento da doença inflamatória pélvica, e eliminar todas as infecções ativas, a reprodução assistida pode ser realizada. Em seguida, o casal passa por uma avaliação para definir a técnica mais adequada e com maiores chances de sucesso. Nos casos em que a infertilidade é causada pela DIP, a fertilização in vitro (FIV) é a mais indicada.
A fecundação na FIV é realizada em laboratório e os embriões são transferidos para o útero da paciente alguns dias depois. Desse modo, o estado atual das tubas uterinas não influencia no resultado do tratamento.
Doença Inflamatória Pélvica e a importância da prevenção
A melhor forma de prevenção da doença inflamatória pélvica é com o uso de preservativo masculino ou feminino, em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais). O uso de preservativo diminui o risco de transmissão de ISTs, pois, a contaminação pode ocorrer mesmo que o parceiro não apresente sintomas.
Por conta disso, mantenha um acompanhamento regular com um ginecologista, e realize exames preventivos, como papanicolau. Se você suspeita de IST, procure um especialista para o tratamento precoce.
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