A gravidez é um processo bastante complexo. Para que ela ocorra, não somente é necessária a saúde das células reprodutivas dos homens e das mulheres, mas também, a integridade anatômica do aparelho reprodutivo. Mas não para por aí… é preciso também o bom funcionamento do sistema endócrino, aquele que coordena a fertilidade através da ação hormonal.
Para que a gestação ocorra, dois processos fundamentais devem transcorrer sem muitas alterações: a gametogênese – formação dos espermatozoides e o amadurecimento folicular – e o preparo endometrial, para que o embrião possa fixar-se no útero e dar início à gestação.
A formação dos gametas acontece no interior das glândulas sexuais, testículos e ovários, e é mediada pela ação dos hormônios sexuais, principalmente a testosterona, a progesterona e os estrogênios.
“O preparo endometrial também se deve à ação hormonal, neste caso, especificamente, do estrogênio e da progesterona, que alteram a constituição desse tecido, tornando-o receptível ao embrião. E é importante perceber que o preparo endometrial precisa ocorrer tanto em gestações naturais quanto nas que ocorrem através do auxílio da reprodução assistida”, explica o médico Fábio Vilela, do IVI Salvador.
O preparo do endométrio em detalhes
O preparo endometrial é o processo que ocorre por uma sucessão de eventos hormonais que interferem na composição celular do endométrio durante o ciclo reprodutivo.
Ele tem por objetivo tornar esse tecido (endométrio) o mais receptível possível para a chegada do embrião.
O ciclo reprodutivo, do ponto de vista uterino, é dividido em duas principais fases. A fase proliferativa e a secretora – a ovulação acontece no início da fase secretora e a menstruação, marca o início da fase proliferativa.
Depois da descamação do tecido endometrial (que compõe o sangue menstrual), o endométrio passa a responder ao aumento gradual da concentração do hormônio estrogênio.
Isso provoca a multiplicação de suas células, aumentando o número de camadas celulares deste tecido, que vai sistematicamente adquirindo um aspecto de maior espessamento, o aspecto trilaminar visto em ultrassom.
No momento que a ovulação ocorre, as células foliculares permanecem aderidas aos ovários, formando o corpo-lúteo, cuja função é produzir progesterona durante a fase secretora do ciclo reprodutivo.
A progesterona também atua no preparo endometrial, porém exerce uma função adjuntante àquela desempenhada pelo estrogênio, paralisando a multiplicação celular e reorganizando o tecido endometrial, o que finaliza o preparo dessa camada uterina para receber o embrião.
A partir do início da gestação, o corpo-lúteo ainda produz progesterona durante os três primeiros meses, quando essa função é assumida pela placenta, que mantém os níveis desse hormônio relativamente altos durante toda a gravidez.
Qual a importância do preparo do endométrio para FIV?
Como vimos, o preparo do endométrio é importante para a gestação, independentemente da forma como se chega a ela. Portanto, também será de extrema importância nos casos em que houver a Fertilização In Vitro (FIV) como facilitadora da gravidez.
Nesses casos específicos, em algumas vezes, a etapa de estimulação ovariana realizada no início dos procedimentos da FIV, oferece uma possibilidade de risco de alterar a sintonia entre o amadurecimento folicular e a preparação do endométrio, que pode não estar devidamente pronto após o final do cultivo embrionário, quando deve realizar-se a transferência dos embriões para o útero.
Como a FIV justamente oferece a possibilidade de chegar à gravidez de forma controlada, também nessa técnica é possível realizar o preparo endometrial de forma mais individual, para atender às especificidades de cada caso – inclusive a possibilidade de interferência da estimulação ovariana neste processo.
“O preparo endometrial natural é tão importante quanto o preparo endometrial nos casos de FIV, já que em ambos os casos, esse tecido precisa estar receptivo ao embrião para começar a gestação. Com a ajuda da medicina reprodutiva, todos os detalhes são observados para que o sonho da maternidade se torne uma realidade na vida das tentantes”, explica o médico.
Como é feito o preparo do endométrio na FIV
Nas situações em que a mulher apresenta falhas no preparo natural do endométrio, ou quando o útero não se mostra pronto nos dias que antecedem a transferência embrionária, pode ser necessário potencializar o preparo endometrial.
Os protocolos do preparo do endométrio durante FIV incluem o tratamento com medicamentos à base de estrogênio e progesterona. Esses medicamentos irão simular a fase pós-ovulatória, induzindo o corpo ao espessamento do tecido endometrial e também à reorganização de suas células.
Os medicamentos são administrados diariamente e a mulher deve monitorar o preparo endometrial por ultrassonografia transvaginal, que fornece as informações sobre a resposta do endométrio ao tratamento hormonal. A dosagem e periodicidade dos medicamentos vai variar de mulher para mulher, lembrando sempre que cada caso é um caso, e deve ser tratado de forma particular.
Só no momento indicado pelo acompanhamento médico; em que o endométrio esteja 100% pronto, é que os embriões podem ser transferidos. “Dessa forma, os melhores embriões já selecionados em laboratório são transferidos para a paciente e as chances de sucesso tendem a ser maiores”, pondera o especialista.
Fertilização In Vitro (FIV)
Embora já seja de conhecimento de muita gente, o procedimento de fertilização in vitro (FIV) é apenas uma das muitas técnicas de reprodução assistida que estão disponíveis para auxiliar casais ou mulheres que estejam enfrentando dificuldade em engravidar.
Para realizar a FIV, é necessário coletar o sêmen do parceiro para que, em laboratório, sejam selecionados os melhores espermatozoides. Em casos onde o homem é infértil, a paciente deseja ser mãe solo ou seja um casal homoafetivo feminino é necessário recorrer a um banco de sêmen.
A paciente mulher passa por um processo de estimulação ovariana, para acelerar a maturação de óvulos, que são colhidos e também analisados em laboratório. Dentro do Laboratório, óvulos e espermatozoides selecionados são fertilizados, gerando embriões.
Esses embriões passam por um período de desenvolvimento, até atingirem o ponto exato em que estão prontos para ser implantados. Tudo ocorre de forma sincronizada – nesses casos – com o preparo do endométrio da mulher que irá receber esse embrião.
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