A endometrite é uma condição clínica. Ela é caracterizada pela inflamação do endométrio.
O endométrio é a camada mais interna do útero. É o tecido que reveste a parede do órgão. O revestimento endometrial tem a função de acolher e fixar o embrião assim que o óvulo fecundado chega à cavidade uterina.
Mas vários fatores podem gerar falhas de implantação embrionária e inviabilizar a gravidez. E a endometrite é um desses problemas; que interferem no processo de nidação.
Os tipos de endometrite e seus sintomas
A endometrite pode ser de dois tipos básicos: aguda ou crônica. Em boa parte dos casos, é provocada por agentes patogênicos. Como as bactérias causadoras de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
No quadro de endometrite aguda, os sintomas se manifestam por um curto período e o organismo da paciente tende a responder bem aos tratamentos.
Já a patologia em seu estado crônico pode apresentar sintomas incômodos de modo contínuo, sendo que a infertilidade surge como um dos principais prejuízos à saúde da mulher.
Além da dificuldade de levar uma gravidez adiante, o problema pode ocasionar outros sintomas.
Distensão na região abdominal, dor pélvica, corrimento vaginal, sangramento uterino anormal e febre – principalmente em quadros de endometrite aguda – podem acontecer na mulher que esteja com esse problema.
“Como em tudo que envolve a saúde, nossa primeira orientação para as mulheres é: sentiu que algo não está dentro dos parâmetros dito normais, marque um especialista e investigue. Às vezes, quando se descobre um problema logo no início, as chances de recuperação são tão altas e o tratamento pode de repente ser tão mais rápido, que tudo prossegue com mais tranquilidade depois”, conta a Diretora Médica do IVI Salvador, Dra. Genevieve Coelho.
As causas da patologia
Como dissemos, a inflamação do endométrio acontece principalmente como consequência de ISTs. Como por exemplo a clamídia e gonorreia. Mas as ISTs não são a causa única para provocar esse problema.
Outras condições associadas ao desenvolvimento da endometrite podem vir de infecções resultantes da proliferação das próprias bactérias vaginais. Doença inflamatória pélvica (DIP), que é uma patologia que também tem como causa comumente por ISTs ou ainda salpingite. Caraterizado pela inflamação das tubas uterinas.
Mas não para por aí. Lesões provocadas pela colocação de dispositivos intrauterinos (DIU) ou danos uterinos causados durante um parto ou aborto também colaboram para o desenvolvimento da doença.
“São tantas possíveis causas que o mais adequado mesmo é se manter numa rotina de acompanhamentos e revisões com especialistas. As mulheres não podem deixar de lado esse cuidado com o seu próprio corpo. E, devem redobrar a atenção em procedimentos simples, como a colocação do DIU por exemplo. Como citamos, ela pode ser um gatilho para desenvolver a endometrite”, completa a médica.
Como diagnosticar a endometrite
Para apresentar resultados precisos, a avaliação diagnóstica da endometrite requer experiência e bom conhecimento técnico. Tanto do ginecologista quanto do patologista que fará as análises laboratoriais.
Na avaliação ginecológica, o médico investiga os sintomas apresentados e faz a coleta de uma amostra de células uterinas para verificar a existência de bactérias patógenas. Somados à biópsia endometrial, ainda são feitos exames de sangue e de urina. Também analisa-se o corrimento vaginal.
No IVI Salvador é possível realizar exames necessários para diagnosticar a endometrite.
Os procedimentos tradicionais para diagnosticar a endometrite incluem histeroscopia para realização da biópsia, cultura microbiana e análise histológica do tecido coletado.
Além destes, o diagnóstico molecular do microbioma endometrial é outra ferramenta que tem sido trabalhada por especialistas da área.
De que forma a endometrite favorece a infertilidade
A endometrite é uma condição preocupante tanto para aquelas mulheres que estão em processo de gestação natural quando para aquelas que estão buscando a gravidez através de tratamentos de reprodução assistida. Isso porque ela pode impactar na fertilidade da mulher em ambas as situações. E, reduzir as chances do sucesso na gravidez.
Considera-se um quadro de infertilidade por endometrite quando se identifica a dificuldade de implantação embrionária. Isso porque, para conseguir se fixar no endométrio, o futuro feto precisa encontrar um ambiente receptivo, com espessura ideal do tecido endometrial e boa vascularização.
No entanto, o processo inflamatório torna as condições uterinas inadequadas e impede a fixação e o desenvolvimento do embrião. A endometrite, portanto, pode provocar infertilidade, falhas de implantação recorrentes, além de abortamentos de repetição nas primeiras semanas de gravidez.
“O que complica ainda mais a situação é que as pacientes com endometrite podem demorar muito a conseguir confirmar o seu diagnóstico. Especialmente sem investigar. Desse modo, sem saber que sofrem com a patologia, não é feita uma avaliação minuciosa, os sintomas incômodos e a infertilidade permanecem como um prejuízo na qualidade de vida dessa mulher”, conta a especialista.
Endometrite x endometriose
Apesar da semelhança em relação aos nomes, a endometrite e a endometriose não são a mesma doença. Ambas as patologias estão relacionadas ao endométrio, mas cada uma se desenvolve de forma diferente e com consequências também distintas no corpo da mulher.
A endometrite corresponde a uma inflamação da camada interna do útero, enquanto a endometriose é caracterizada por implantes de tecido endometrial por fora da cavidade uterina, processo que causa inflamação em outros órgãos.
Existe tratamento?
Tem sim! Se define o tratamento específico da endometrite com base nos resultados da cultura microbiana. Em geral, a intervenção terapêutica envolve a administração de antibióticos para tratar a infecção.
É importante ressaltar que as pacientes que foram diagnosticadas com infertilidade, e que pretendem utilizar as técnicas de reprodução assistida, precisam investigar e tratar a endometrite antes disso. Caso contrário, existe o risco de falhas de implantação embrionária, mesmo em tratamentos de alta eficácia como a Fertilização In Vitro (FIV).
“O correto para aquelas mulheres que querem realizar um tratamento de reprodução assistida é primeiro tratar a endometrite. Tratar, se recuperar do problema para só depois proceder à FIV ou outros tipos de tratamentos de reprodução. Assim, os resultados tendem a ser melhores e mais seguros para a mulher”, finaliza Dra. Genevieve.
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