Outubro é o mês de conscientização sobre o câncer de mama. Durante o período, é feito um alerta sobre a prevenção e a importância do diagnóstico precoce da doença, com ações afirmativas.
O Outubro Rosa é celebrado anualmente, desde a década de 90. Trata-se de uma campanha realizada por diversas entidades, sempre dirigida à sociedade e às mulheres, com o objetivo de debater o assunto – ainda um tabu para muita gente.
O movimento surgiu na época da primeira “Corrida pela Cura”, realizada em Nova York e, desde então, promovida anualmente na cidade. No entanto, foi em 1997 que entidades das cidades de Yuba e Lodi, também nos Estados Unidos, começaram a promover atividades voltadas ao diagnóstico e prevenção da doença.
Atualmente, o Outubro Rosa é realizado em diversos lugares ao redor do mundo, afinal, a incidência do câncer cresceu ao longo das últimas décadas e o de mama é um dos que mais afeta as pessoas.
O câncer de mama
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) do Brasil, o câncer de mama é o tipo que mais atinge mulheres. Apenas em 2020, foram estimados 2,3 milhões de casos de câncer de mama em todo o mundo. No país, somente em 2021, foram diagnosticados 66.280 casos novos da doença. Isso representa uma incidência de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.
“É importante lembrar que homens trans também estão sujeitos ao risco de câncer de mama. E que, embora mais raro, os homens cis também podem ser acometidos, correspondendo a 1% dos casos”, explica o médico Fábio Vilela, do IVI Salvador.
O câncer de mama pode ter diversas causas. Fatores comportamentais, ambientais, hormonais, reprodutivos e genéticos podem influenciar o desenvolvimento da doença. Alguns exemplos são envelhecimento e histórico familiar.
Ainda de acordo com o INCA, nódulos endurecidos e, geralmente indolores, são a principal manifestação da doença. Eles estão presentes em cerca de 90% dos casos.
Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja. Alterações no bico do peito (mamilo), pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço. Ou saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos também são alguns dos sinais de um possível câncer de mama.
A mamografia existe como método para rastreamento, tornando possível a identificação do câncer de mama antes que ele se manifeste. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastectomia (SBM), a mamografia deve ser realizada anualmente a partir dos 40 anos para mulheres de risco habitual. Homens trans que não realizaram mastectomia recebem a mesma recomendação
“O diagnóstico precoce leva a melhores chances de cura com o tratamento. Por isso, é tão importante aquele olhar cuidadoso para com a nossa saúde. Fazer exames de rotina, buscar especialistas que acompanhem sua saúde e, ao sentir que algo não está certo, recorrer à ajuda médica”, acrescenta Dr. Fábio.
Para pacientes de alto risco, existem recomendações diferentes para início do rastreio e periodicidade dos exames. O mais recomendado é o aconselhamento com um médico mastologista.
Câncer e o sonho da maternidade
Felizmente, o diagnóstico de câncer já não representa, necessariamente, o fim do sonho de ter bebês. Graças aos avanços dos tratamentos para o câncer e da medicina reprodutiva e da atuação coordenada das duas áreas, com a finalidade da preservação da fertilidade, pacientes com a doença ainda podem sonhar em ter filhos.
Mulheres que receberam o diagnóstico devem procurar uma assistência médica especializada antes mesmo de iniciar o tratamento contra o câncer, para preservar seus óvulos.
O câncer de mama e a fertilidade feminina
No caso das mulheres, cirurgias pélvicas, quimioterapia e radioterapia podem provocar lesões nos ovários. E, portanto, comprometer a fertilidade por redução da quantidade de óvulos. O que pode provocar quadros extremos, como suspensão temporária da menstruação ou até menopausa precoce.
As pacientes com neoplasia de mama têm a menor taxa de gravidez entre as sobreviventes da doença, com redução de cerca de 40% a 67% na chance de ter filhos após o tratamento em comparação à população geral.
Para além disso, a quimioterapia e a radioterapia afetam a qualidade desses óvulos. A intensidade desses efeitos também varia de acordo com a idade da paciente, medicação, dose usada, duração do tratamento e reação de cada organismo.
Preservação da fertilidade
Apesar dos avanços da medicina, a quimioterapia e a radioterapia ainda são tratamentos muito agressivos. E que atingem fortemente o sistema reprodutor e, em especial, o das mulheres. Podendo causar danos ao tecido ovariano e comprometer a fertilidade.
“É interessante lembrar que, hoje, as mulheres estão tendo câncer de mama cada vez mais jovens. A doença deixou de ser algo que apenas acomete pessoas mais velhas. E esse fato reforça a importância da preservação da fertilidade. O congelamento de óvulos tem sido uma alternativa que está cada vez mais na realidade desse público”, comenta o médico.
Mulheres que recebem um diagnóstico de câncer de mama constantemente se questionam sobre a fertilidade, mas atualmente já existe solução. Por meio da técnica de congelamento de óvulos.
Dessa maneira, é interessante que as mulheres que desejam se tornar mães, congelem seus óvulos antes do início do tratamento oncológico. A preservação da fertilidade é um procedimento que consiste em estimular a produção de um grande número de óvulos e induzir a ovulação, por meio do uso de medicações hormonais.
No momento oportuno, os óvulos serão coletados em laboratório, congelados e armazenados em um recipiente com nitrogênio líquido, onde são mantidos por tempo indeterminado, guardando as características da data em que foram colhidos. Essa técnica também é conhecida como criopreservação.
Vale ressaltar que é fundamental levar em consideração fatores como idade, função ovariana, reserva folicular e tempo disponível até o início do tratamento quimioterápico.
Todo o processo deve ser acompanhado por um especialista em reprodução humana assistida. Com o fim do tratamento contra o câncer e alta oncológica, a paciente pode dar sequência ao sonho de ter uma família. E utilizar seus próprios óvulos que foram congelados, por meio da técnica de fertilização in vitro (FIV).
Além do congelamento de óvulos, outras técnicas para preservação de fertilidade são o congelamento de embriões, congelamento de tecido ovariano e, no caso de pacientes masculinos, congelamento de espermatozoides.
“Por isso que não somente no mês da conscientização sobre o câncer de mama, como durante o ano inteiro, é preciso lembrar de que em primeiro lugar é necessário realizar seus exames periódicos. E eles vão muito além do toque mamário. Mantenha suas visitas à ginecologista em dia. Faça a mamografia. Cuide sempre da sua saúde!”, finaliza Dr. Fábio.
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