A vacina contra a COVID-19 chegou como um alento para o mundo. A população global sofreu demais desde o início da pandemia. E saber que um método de imunização havia sido descoberto trouxe um sentimento de paz e tranquilidade para muita gente, em diversos países.
Cientistas de vários continentes trabalharam exaustivamente para desenvolver as vacinas com a máxima rapidez possível. Em tempo recorde, alguns diferentes laboratórios obtiveram êxito e produziram em larga escala as “doses da esperança”.
Correndo contra o relógio e tentando lutar contra um inimigo que além de invisível é muito rapidamente mutável, os anúncios da vacinação embora tenham trazido alívio, também levantaram dúvidas para algumas pessoas; em relação às possíveis reações adversas.
A vacina contra a COVID-19 chegou como um afago para o povo já tão sofrido. Perdemos muitas vidas em todo o mundo. É bom ver que mais uma vez a tecnologia e a ciência foram preponderantes para esse novo momento que vivemos hoje. As taxas estão caindo, aos poucos a vida vai voltando ao normal, mas muita gente continua tendo alguns medos em relação aos possíveis efeitos da vacina, especialmente sobre sua relação com a infertilidade.
Uma coisa é fato: graças à efetividade dos imunizantes, estamos acompanhando a desaceleração da doença. Vários países em outras partes do mundo voltaram a viver sem as máscaras, com menos restrições e esse é um caminho natural à medida em que as pessoas estiverem todas vacinadas.
A vacina contra o COVID afeta a fertilidade?
Desde o início da vacinação surgiram muitas dúvidas sobre as vacinas e a fertilidade. Até agora, sabe-se que há momentos em que a vacina contra a COVID-19 poderia ter causado algum tipo de atraso na menstruação.
Mas isso não afeta de forma alguma o tratamento de reprodução assistida, nem justifica postergar-lo. Além disso, os dados que temos, que nós do IVI publicamos e enviamos a vários congressos científicos, nos dizem que a resposta em mulheres com estimulação ovariana antes e depois da vacinação ou infecção pelo coronavírus não apresenta nenhuma alteração.
É necessário esperar para fazer o tratamento de reprodução assistida após receber a vacina?
Não há razão para adiar o início do tratamento de fertilidade por causa da vacinação COVID-19. Deve ser lembrado que as vacinas baseadas em mRNA (as da Pfizer ou Moderna) estão sendo usadas agora na maioria das pessoas.
Estas contêm um material que ajuda a produzir a proteína do vírus e a criar anticorpos. Por isso, em nenhum momento foi recomendado retardar o início de um ciclo, um tratamento ou a busca da gravidez de forma natural.
Independentemente de quando a vacinação ocorre, o tratamento de fertilidade pode ser iniciado sem nenhum problema, já que até o momento não há evidências científicas provando o contrário.
E depois de passar a doença?
Não, a infecção por COVID-19 não sugere adiar o tratamento. Nessa situação, a única razão para atrasar o início do tratamento de fertilidade seria testar positivo para COVID.
A indicação a seguir, nestes casos, é ditada pelas autoridades sanitárias correspondentes, relativamente ao período de quarentena, como para qualquer outra atividade.
Assim que esse período de quarentena terminar, já é possível iniciar qualquer tratamento de fertilidade.
A vacina afeta a resposta ovariana e as taxas de gravidez?
Os dados que temos, coletados na literatura e em nossa própria pesquisa, mostram que tanto a resposta ovariana quanto as taxas de gravidez são semelhantes em mulheres antes e após a administração da vacina.
Deve-se lembrar que, desde o início da pandemia, nós investigamos para oferecer o máximo de informações sobre um vírus que era totalmente novo. Assim, em 2021 publicamos um estudo realizado para descobrir se a infecção por COVID-19 afetou a reserva ovariana das mulheres.
Este estudo foi realizado entre maio e junho de 2020, entre mulheres que fizeram exame de AMH e que superaram a doença. Os resultados foram claros e muito positivos: a infecção por COVID-19 não afeta a reserva ovariana. Isso se soma a outras publicações do grupo e novos trabalhos enviados para os congressos internacionais de reprodução assistida.
Portanto, desde que retomamos os tratamentos em nossas clínicas, não abandonamos as medidas máximas de proteção, tanto para os pacientes quanto para os funcionários. Desta forma, trabalhamos com normalidade e realizamos tratamentos normalmente, sem esquecer as medidas de proteção.
A volta à normalidade
Como vimos através de pesquisas, informações coletadas e dados que estão sendo divulgados por autoridades sanitárias de todo o mundo, as mulheres e casais não precisam esperar até o fim da pandemia para retomarem o sonho de expandir a família.
É viável do ponto de vista científico – e seguro – iniciar ou prosseguir com tratamentos de reprodução assistida nesse momento. Especialmente agora, quando temos uma maioria da população já imunizada e que o vírus vai perdendo força.
Além de ser possível prosseguir com os tratamentos, também está comprovado por pesquisas que as vacinas não oferecem riscos à fertilidade das mulheres. Mulheres que tomaram as duas doses e também a dose de reforço não precisam esperar um tempo específico antes de tentar engravidar.
Inclusive é importante ressaltar que as mulheres que já estão grávidas também estão sendo vacinadas. Isso porque as pesquisas também apontaram a segurança nesse sentido; para a imunização desse grupo.
O único fato que requer atenção e demanda um tempo de espera antes de iniciar tratamentos ou de tentativas de engravidar, é se a mulher receber um resultado positivo quanto à contaminação pelo coronavírus. Nesses casos, é necessário esperar se curar da doença antes de continuar.
Esse é talvez o momento em que começamos a pensar na progressiva volta à normalidade. A vacina veio para auxiliar nesse processo. Ela não impede a contaminação, mas reduz muito as chances de desenvolver as formas graves e mais agressivas da doença. Portanto, se você ainda não tomou a vacina por medo de isso interferir na fertilidade ou no tratamento de reprodução assistida, pode ir se imunizar que não terá nenhum prejuízo.
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