Dentro da clínica de reprodução humana presenciamos diariamente um dos milagres mais incríveis da vida, que é o desenvolvimento do embrião humano nos seus primeiros dias de crescimento.
Os ingredientes da fórmula que dará origem ao bebê são o óvulo e o espermatozoide, que tecnicamente são tratados pelos especialistas pelo nome de gameta feminino e masculino.
A partir da coleta do óvulo e do esperma, entra em ação a equipe do laboratório de embriologia da clínica de reprodução humana, que é responsável em induzir a fecundação e cuidar do desenvolvimento do embrião dia-a-dia até o momento de introduzi-lo no útero materno.
Entrevistamos a diretora de embriologia da clínica IVI Salvador, que nos conta um pouco sobre o que é observado a cada dia desde a fecundação até o momento de transferência ao útero materno, onde ele vai criar as raízes que permitem passar de embrião a feto, e de feto a bebê
Dia 0: É o momento da fecundação, que pode ser realizado pela microinjeção do espermatozoide dentro do citoplasma do óvulo através da técnica ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), ou por meio da colocação dos espermatozoides em uma placa de cultivo ao redor do óvulo.
Dia 1: Quando o espermatozoide está dentro do óvulo, a fecundação em si ainda não está concluída. A fecundação se comprova a partir da observação do núcleo masculino e do núcleo feminino. Este estágio é conhecido como zigoto. Veja no vídeo acima a imagem do pré-embrião de cerca de 0,15 mm.
Dia 2: O segundo dia é quando o zigoto, que é uma célula única, irá começar a dividir-se para formar o embrião no processo chamado de primeira clivagem. Neste período, ele se divide entre uma ou duas vezes.
No laboratório de embriologia, passou-se a não retirar o embrião da incubadora para observá-lo nesse dia, pois não há muita informação que compense o estresse que pode sofrer um embrião ao ser retirado do seu ambiente de cultivo.
Dia 3: A segunda clivagem acontece no dia 3 do embrião. Momento em que se espera observar entre 7 e 8 células. O embriologista irá avaliar uma série de fatores neste dia: Quantidade de células, percentual de fragmentação, qualidade do citoplasma, entre outros fatores que indicam a qualidade do embrião.
Antes do aprimoramento dos processos de cultivo laboratorial, o dia 3 era tradicionalmente o dia em que o embrião era transferido ao útero materno ou que uma célula era retirada para o estudo genético do embrião. Atualmente, diversos estudos evidenciam as vantagens de manter o embrião em laboratório por mais tempo, e por isso os casos de transferência de embriões em dia 3 são raros.
Dia 4: Assim como em todos os dias, a divisão de células do embrião continua, porém, mais uma vez para evitar o estresse do embrião e, considerando que os parâmetros informativos não apresentam mudanças significativas para a observação, o embrião também não é retirado da incubadora no quarto dia para continuar tranquilamente seu processo de evolução.
Dia 5: É um momento muito importante na vida do embrião, pois ele atinge o estágio de blastocisto, onde dois grupos de células se dividem para que um deles dê origem à placenta (trofoectodermo) e outro dê origem ao bebê (massa celular interna). Neste estágio o embrião tem aproximadamente 100 células.
Ao retirar o embrião da incubadora, os embriologistas vão observar a massa celular interna e as células do trofectodermo. Este processo, dependendo do ritmo de desenvolvimento do embrião poderá repetir-se no dia 6 e excepcionalmente no dia 7.
Caso seja indicado o diagnóstico genético pré-implantacional do embrião, serão retiradas algumas células do trofectodermo, que serão enviadas ao laboratório de genética para a análise enquanto o embrião permanece em cultivo ou é congelado (vitrificação).
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