Congelamento de óvulos foi um dos assuntos mais falados em 2021 e com certeza será ainda mais em 2022. O que você sabe sobre esse assunto? Aqui vamos explicar os mitos e verdades sobre o procedimento.
O período entre um final de ano e o começo de um novo, é sempre o preferido pelas pessoas, para pensar nos projetos que não se concretizaram e planejar o futuro. Escolher prioridades e pensar no que a vida pode reservar para cada um de nós, a partir dos passos que iremos dar.
Para muitas mulheres, também é hora de decidir quais projetos serão colocados em prática diante de tantas possibilidades. A maior presença feminina no mercado de trabalho, ocupando cargos de gestão e liderança; aliado à capacitação também crescente, se refletiu no aumento exponencial do congelamento de óvulos para preservar a fertilidade.
Congelamento de óvulos cresceu 50%
Em 2021, o número de procedimentos cresceu cerca de 50% no país. Foi um dos anos de maior crescimento na taxa de congelamento de óvulos no Brasil.
“Além de todos esses fatores de autodesenvolvimento das mulheres, a pandemia do coronavírus também influenciou, fazendo com que muitas resolvessem preservar sua fertilidade para esperar um momento mais oportuno de decidir sobre a maternidade”, explica a biomédica e coordenadora do Laboratório de Fertilização in Vitro do IVI Salvador, Daniele Freitas.
Um artigo publicado pela revista norte americana Time mostrou que por conta da pandemia, cresceu em 50% nos Estados Unidos, o número de congelamentos de óvulos em comparação com 2019 e 2020. No Brasil, estima-se que o crescimento tenha sido semelhante.
Mas é bom ressaltar que já entre 2018 e 2019, essa taxa já havia crescido 11% para congelamentos de óvulos, segundo o levantamento anual do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a ANVISA. Ou seja, congelar óvulos se tornou uma espécie de “segurança” para muitas mulheres.
Diante dos números crescentes e de muitas dúvidas que ainda surgem sobre o tema, a biomédica explica detalhes, mitos e verdades sobre o procedimento.
Congelar os óvulos é um procedimento invasivo?
Isso é a verdade. O procedimento para congelamento de óvulos é bastante simples. É feito em estrutura de day hospital, dentro da própria clínica IVI com alta menos de 2 horas depois.
Mas é sim um procedimento invasivo, já que é necessário extrair os óvulos por meio da aspiração folicular, com apoio de um ultrassom transvaginal. “O procedimento é indolor e é a finalização de um processo que começa com exames e com o uso de alguns medicamentos que estimulam a maior produção ovariana”, conta Daniele.
Normalmente a coleta ocorre cerca de 12 dias após o uso dos medicamentos. Antes, as mulheres passam por exames (clínicos e laboratoriais), por consultas médicas para traçarem seu perfil e assegurar que todos os detalhes sejam observados antes do início do uso dos medicamentos.
Embora seja um processo muito simples, o congelamento de óvulos ainda é muito carregado de mitos, conforme Daniele explica a seguir.
Os principais mitos
Existem contraindicações para congelar os óvulos? Mito. Não existe nenhuma contraindicação em congelar os óvulos. Muito pelo contrário.
Além de ser um recurso para preservar a fertilidade, para mulheres que ainda não pensaram sobre a maternidade, o congelamento ajuda ainda àquelas que vão iniciar tratamentos contra o câncer ou outras doenças que exijam tratamentos com medicamentos mais pesados e que podem comprometer a fertilidade; ou ainda aquelas que descobrem endometriose, por exemplo.
“De modo geral, todas as mulheres podem realizar o procedimento para congelamento de óvulos sim. Mas é necessário realizar exames e verificar como está a saúde delas, como em qualquer outro tipo de tratamento”, explica.
Há um limite de idade para o congelamento de óvulos? Mito. “Não existe um limite de idade, mas a gente sempre alerta que quanto mais jovem for o óvulo, melhor. Sabemos que a idade altera não apenas a quantidade da reserva ovariana das mulheres mas também a qualidade. Por isso, a gente orienta que mulheres na faixa dos 35 anos já se preocupem com isso”, conta.
Os óvulos congelados possuem prazo de validade?
Outro mito. Não existe um limite de tempo para que a paciente mantenha seus óvulos congelados. E quando forem descongelados, eles terão praticamente as mesmas características da época em que foram coletados.
“A medicina reprodutiva tem avançado muito e todos os anos surgem novidades nesse sentido. Técnicas que ajudam a aumentar ainda mais a vida útil do material congelado e formas de descongelamento mais efetivas”, diz.
Daniele salienta que, mesmo tendo congelado óvulos, caso a mulher desista de ser mãe ou consiga engravidar naturalmente, é ela quem define o destino dos seus óvulos, que podem ser descartados ou doados para ajudar outras mulheres e casais.
O congelamento garante o sucesso da gravidez? Mito. O congelamento oferece às mulheres a possibilidade de postergar o planejamento sobre a gestação. “Já que nascemos com uma quantidade definida de óvulos e eles vão sendo eliminados e reduzindo a qualidade ao longo da nossa vida; o que o congelamento faz é preservar essa capacidade reprodutiva para quando a gente entenda que chegou a hora”, conta.
Depois de descongelado e fecundado, o embrião é transferido e o processo da gravidez ocorre como qualquer outro. Lógico que as chances de sucesso através de técnicas de reprodução assistida têm crescido ano após ano.
Congelamento de óvulos e a reprodução assistida
As mulheres que optarem por congelar óvulos para postergar a maternidade, poderão contar com os avanços da medicina reprodutiva para darem continuidade a seu sonho.
Com todos os avanços, estima-se que três em cada quatro mulheres engravidam com a adequada orientação terapêutica.
Uma vez congelados, os óvulos podem ser utilizados em uma FIV a qualquer outro momento da vida, preservando suas características.
Óvulos mais jovens são óvulos mais férteis. Como não têm DNA alterado, diminui a chance de erros cromossômicos. Se o óvulo for congelado jovem, ele manterá esse DNA jovem, o que reduz possibilidades de perdas. Mulheres que fazem o congelamento de óvulos até os 35 anos têm mais chance de engravidar no futuro.
E na hora de realizar o sonho da maternidade hoje já existem diversos tipos de tratamentos em clínicas de reprodução assistida para mulheres que têm dificuldade de engravidar.
Dentre eles, a inseminação artificial e a fertilização in vitro (FIV). Indicados para casos em que a mulher apresenta algum problema, seja ele natural ou por conta da idade.
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