Embora o congelamento de óvulos tenha crescido quase 50% no Brasil no último ano, uma das perguntas mais ouvidas nos consultórios médicos e em clínicas de reprodução assistida talvez seja exatamente essa. É possível congelar óvulos após os 35 anos? A resposta é sim! Mas requer observações.
Congelar óvulos tem sido o método mais utilizado dia após dia pelas mulheres que estão em pleno crescimento de carreira ou ainda se estabilizando na vida – e preferem postergar a decisão sobre a maternidade. A técnica permite à mulher, caso opte por ser mãe tardiamente, poder realizar o sonho; já que o número de óvulos que nasce com as mulheres reduz ao longo da vida e vai também perdendo qualidade.
Caso tenha realizado o congelamento e futuramente a mulher opte por não ser mãe, ela pode tomar a decisão de descartar o material congelado ou, doar para bancos de óvulo, visando ajudar outras mulheres e casais que não conseguem alcançar a gestação com óvulos próprios.
O que ocorre aos 35 anos?
Por volta dos 35 anos, estima-se que as mulheres tenham uma quantidade já limitada de óvulos. Por isso, os especialistas recomendam que – caso a mulher pense em aderir ao congelamento – priorize antes desta faixa etária.
Não apenas pela quantidade, como comentamos; mas considerando-se também a qualidade desse material, já que o congelamento mantém as características exatas de coleta do óvulo. Mesmo que a mulher opte por ser mãe anos depois – se houver viabilidade física – o óvulo manterá as características do dia em que foi coletado.
“Após os 35 anos é sim possível realizar o congelamento. O que ocorre é que o número de óvulos pode ser ainda mais escasso e a qualidade deles pode já estar comprometida. Óvulos com menor qualidade podem provocar um maior risco de abortamento, aumenta as chances de gravidez de risco ou até de doenças cromossômicas”, explica a médica do IVI Salvador, Dra. Andreia Garcia.
Em quais casos se indica congelar óvulos após os 35 anos?
Existem casos em que recomenda-se o congelamento para assegurar a preservação da fertilidade da paciente. No caso de mulheres que já são mães (ou não), mas que descobrem aos 40 anos, por exemplo, uma doença grave como o câncer, os médicos recomendam realizar o congelamento de óvulos antes de iniciar o tratamento contra a doença.
Isso porque tratamentos realizados com medicamentos e técnicas muito fortes (como a quimioterapia e a radioterapia), podem causar infertilidade provisória ou permanente.
“Nesses casos, independentemente da idade da mulher, optar pelo congelamento é viável, porque o risco de infertilidade devido ao tratamento é enorme”, explica a médica. Lembrando que o procedimento de congelamento é rápido e indolor. E nesse caso não interfere em nada no tratamento da doença.
Além do caso de doenças, o congelamento de óvulos após os 35 anos é recomendado para mulheres que porventura nunca foram mães mas querem em algum momento no futuro realizar esse sonho.
Nesses casos, os especialistas precisam conscientizar essas pacientes sobre o risco de só conseguir um número mínimo de óvulos, por causa da idade avançada, além da necessidade de um número maior de óvulos em comparação com mulheres mais jovens para se obter o mesmo número de embriões viáveis.
Como funciona o procedimento para congelar óvulos?
O primeiro passo para o procedimento de congelamento de óvulos começa no consultório, com o médico e posteriormente na realização dos primeiros exames (laboratoriais e de imagem), que vão apontar como está a saúde geral da mulher.
Não existe um limite de idade para o congelamento, mas o alerta é que quanto mais jovem for o óvulo, melhor. Aos 35 anos, isso deve ser uma preocupação para as mulheres que ainda não tiveram filhos ou não congelaram antes.
Passada a fase dos exames, a mulher inicia o uso de medicamentos e hormônios para estimular a ovulação. Todo o cronograma é acompanhado de perto pela equipe médica. O prazo médio entre uso dos medicamentos e coleta do material não ultrapassa, normalmente, os 14 dias.
No dia de realizar a coleta dos óvulos, a paciente utiliza uma estrutura de day hospital, na própria clínica IVI. O processo é sob anestesia, realizado com estrutura semelhante à de uma ultrassonografia transvaginal. Algumas horas depois de realizada a coleta, a mulher recebe alta para retornar para casa.
O indicado é que no dia do procedimento e alguns dias após, ela evite esportes de impacto e exercícios muito pesados, pois há um risco de leve sangramento. Mas essa é a única observação. De resto, vida normal.
O que ocorre quando a mulher resolve dar continuidade à maternidade?
Se todos os exames apontarem que a mulher tem condição – clínica, física – de engravidar, os óvulos são descongelados e através da fertilização in vitro, o embrião é formado em laboratório, dando início ao sonho da maternidade.
Óvulos mais jovens são óvulos mais férteis. Como dificilmente tem DNA alterado, diminui a chance de erros cromossômicos. Se o óvulo for congelado jovem, ele manterá esse DNA jovem, o que reduz as possibilidades de perdas gestacionais ou de não implantar o embrião.
Portanto, mulheres que fazem o congelamento de óvulos até os 35 anos têm mais chance de engravidar no futuro.
Caso a mulher detecte algum problema ou tenha necessidade, pode aderir a um tratamento de reprodução assistida. Tudo vai depender da sua idade na época em que quiser engravidar, da análise dos médicos e de sua condição geral de saúde.
Hoje já existem diversos tipos de tratamentos em clínicas de reprodução assistida para mulheres que tenham dificuldade de engravidar. Uma opção para elas é a inseminação artificial, além da já citada fertilização in vitro (FIV).
Um mito que precisa ser desfeito é aquele que diz que mulheres que fizeram congelamento de óvulos, terão sucesso garantido na gravidez. O que o congelamento assegura, é a possibilidade de querer ser mãe tardiamente, mantendo a idade e a qualidade dos óvulos, do momento em que foram coletados. Depois de descongelado e utilizado, o processo de gestação corre exatamente da mesma forma como a gestação natural.
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