Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que são registrados, por dia, em todo o mundo, mais de 1 milhão de casos de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST´s). Essas doenças são infecções transmitidas através de relações sexuais sem proteção, com uma pessoa contaminada, e podem causar um profundo impacto na saúde de adultos e crianças, chegando à infertilidade.
Se levarmos em conta o período de um ano, essa projeção equivale a dizer que mais ou menos 376 milhões de novos casos de DST´s são identificados no planeta. Sendo que as mais comuns são clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis.
Essas infecções são as mais prevalentes entre pessoas com idades entre os 15 e os 49 anos. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, a ocorrência dessas DST´s em jovens brasileiros tem avançado bastante nos últimos anos. Um dos grandes problemas é que raramente essas doenças apresentam sintomas no início. Por isso, muitos dos contaminados não sabem que estão infectados e que precisam de tratamento. A indicação é realizar o check-up ginecológico pelo menos uma vez ao ano. A consequência natural é que as DSTs continuem a se espalhar.
Aplicativo de encontros pode ser porta de entrada para DST’s
Em tempos de fácil acesso à internet e novidades que não param de chegar e prometem transformar a vida das pessoas, os aplicativos de relacionamento e de encontros casuais – que estão entre os mais populares das lojas virtuais das plataformas – podem contribuir para o aumento da disseminação das doenças.
No Brasil, segundo a Anatel, 98,2% da população já tem acesso à internet móvel. E de acordo com um levantamento encomendado por um dos aplicativos de relacionamento, o Happn, 60% dos brasileiros já declarou ter feito uso dessa tecnologia para a busca da alma gêmea.
A grande preocupação é que o aumento da oferta de aplicativos de relacionamento chega ao mesmo momento em que o uso do preservativo parece estar diminuindo, pelo fato de as pessoas terem perdido o medo de contrair o HIV, por conta do surgimento de tratamentos antivirais bastante eficazes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, um pouco mais da metade dos brasileiros entre 15 e 24 anos (56,6%) usam camisinha apenas eventualmente.
Os indivíduos estão mais flexíveis em relação à proteção e isso torna o quadro perigoso, principalmente porque nesse contexto, as relações sexuais se tornaram mais acessíveis. E o risco de contrair uma DST no início da vida sexual pode deixar resquícios que se perpetuarão pelo resto da história.
Vale ressaltar que, em caso de detecção, a maioria dessas doenças pode ser tratada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e tem boa evolução. Isso porque se não forem devidamente tratados, esses problemas podem gerar efeitos graves e crônicos, como neurológicos e cardiovasculares, além de aumento do risco de transmissão do HIV e a infertilidade. Doenças como a clamídia e a gonorreia podem causar infertilidade tanto em homens como em mulheres. É importante que o tratamento não seja unicamente do infectado, mas sim do casal.
DST’s que podem afetar a fertilidade
As Doenças Sexualmente Transmissíveis podem causar diversos danos no aparelho reprodutor em ambos os sexos e uma das consequências pode ser a infertilidade. Nas mulheres, por exemplo, podem provocar obstrução das trompas, impedindo a gravidez pelo processo natural. Nos homens, a gonorreia e a clamídia são capazes de causar obstrução dos canais por onde transitam os espermatozoides. Alarmada com os altos números de novos casos de DST´s, a OMS recomenda que a melhor forma para se prevenir continua sendo o uso do preservativo em todas as relações sexuais.
A clamídia e a gonorreia são infecções bacterianas extremamente comuns. Mas, elas podem resultar em um problema batizado de “Doença Inflamatória Pélvica” (DIP). A DIP ocorre quando os órgãos reprodutivos ficam inflamados e pode causar cicatrizes nos órgãos pélvicos femininos. A consequência dessas cicatrizes pode ser a formação de uma barreira, que dificulta ou até mesmo impede que os espermatozoides consigam alcançar o óvulo.
A DIP pode causar também gravidez tubária ou ectópica, uma situação extremamente perigosa na qual o óvulo e o espermatozoide se implantam na trompa de falópio ao invés de o fazerem no útero. Além disso, tanto a clamídia quanto a gonorreia podem infectar as trompas de falópio, o que também pode resultar na infertilidade. Homens que tiverem clamídia ou gonorreia farão com que o casal tenha cerca de um terço a menos de probabilidade de engravidar.
A sífilis é um problema antigo, que é tratável através de antibióticos. Ocorre que ela tem apresentado um ressurgimento que pode trazer muita dor de cabeça. Ao engravidar, uma mulher com sífilis tem 50% de chances de sofrer um aborto e se o bebê for infectado durante o parto, existem 10% de chances de morte ao nascer. Nos homens, a doença pode causar epididimite, uma inflamação no testículo, que também pode chegar à infertilidade.
O HIV
Uma das mais graves e temidas, o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) interfere no sistema imunológico humano, deixando-o fraco e danificado para combater outros tipos de doenças. O HIV não impede a capacidade de engravidar, mas o vírus pode ser transmitido para o feto, que terá que conviver com uma doença incurável por toda a vida. Caso a grávida saiba da doença, pode ser administrada uma medicação para que a criança nasça com HIV negativo. O parto cesariano pode proteger ainda mais o bebê, que logo após vir ao mundo, terá prescrito o uso de medicação para o HIV durante as seis primeiras semanas de vida, a fim de garantir que o vírus seja erradicado. A mãe será aconselhada ainda a não amamentar, já que a criança pode contrair o HIV através do leite materno.
Segundo o relatório da OMS, a estagnação na redução da transmissão de DST’s pode ser considerada uma epidemia silenciosa e oculta, mas que preocupa. O uso da camisinha segue sendo o método mais eficaz para a proteção contra a transmissão de DSTs. Fazer exames regularmente também é de fundamental importância, já que muitas dessas doenças são silenciosas e não apresentam sintomas. E vale o lembrete: caso não tratadas corretamente, essas doenças podem vir a causar graves danos à vida. Qualquer sintoma deve-se procurar um médico.
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