A saúde do sistema reprodutor feminino é influenciada por diversos fatores, e compreender certas condições é essencial para manter o bem-estar da mulher e prevenir complicações.
Entre essas condições está a hiperplasia endometrial, um distúrbio caracterizado pelo crescimento anormal do endométrio, o tecido que reveste o útero internamente.
Embora em muitos casos a hiperplasia endometrial seja tratável, sua evolução pode, eventualmente, levar a complicações mais graves, como o câncer de endométrio.
O que é a Hiperplasia Endometrial?
A hiperplasia endometrial é um aumento anormal na espessura do endométrio, causado por uma proliferação excessiva das células que compõem essa camada uterina.
Em um ciclo menstrual saudável, por exemplo, o endométrio se espessa durante a fase proliferativa (influenciada pelo estrogênio) e, caso não ocorra a fecundação, descama durante a menstruação.
Nos casos em que a mulher sofre da hiperplasia endometrial, esse equilíbrio é rompido, geralmente devido a um excesso de estrogênio sem a ação equilibradora da progesterona.
Esse crescimento desordenado pode ser benigno ou incluir alterações celulares que indicam um risco maior de progressão para o câncer de endométrio.
Os tipos de Hiperplasia Endometrial
A hiperplasia endometrial é classificada em dois principais tipos, com base nas características das células ao microscópio.
A Hiperplasia Endometrial Simples é caracterizada pelo aumento uniforme das glândulas no endométrio e geralmente possui baixo risco de progressão para câncer no endométrio.
Já no caso da Hiperplasia Endometrial Atípica, normalmente a paciente apresenta alterações nas células, como núcleos anormais. É considerada uma condição pré-cancerosa, com risco mais elevado de evoluir para câncer de endométrio.
Sintomas da Hiperplasia Endometrial
Os sintomas mais comuns da hiperplasia endometrial estão relacionados a alterações no padrão menstrual, como sangramento uterino anormal, especialmente após a menopausa, menstruações muito intensas ou prolongadas, a ausência de menstruação em mulheres em idade fértil (conhecida como amenorreia), as manchas de sangue entre os ciclos menstruais ou cólica menstrual muito forte.
Caso esses sintomas ocorram, é essencial buscar uma avaliação médica, já que o diagnóstico precoce aumenta as chances de um tratamento eficaz. “Como se trata de sintomas que podem ser significativos para outras doenças, é ideal que a mulher busque ajuda especializada assim que identificar que algo não está certo”, conta Dra. Isa Rocha, do IVI Salvador.
Causas e Fatores de Risco
A principal causa da hiperplasia endometrial é o desequilíbrio dos hormônios, especialmente o excesso de estrogênio em relação à progesterona. Fatores que contribuem para esse desequilíbrio incluem as terapias hormonais. O uso de estrogênio sem progesterona em terapias de reposição hormonal aumenta o risco.
A Síndrome dos ovários policísticos (SOP) também pode causar ciclos anovulatórios (sem ovulação), levando à ausência de progesterona. Outro fator de risco é a obesidade. O tecido adiposo converte andrógenos em estrogênio, contribuindo para o aumento desse hormônio no organismo.
Fecham a relação de fatores de risco o histórico familiar: mulheres com familiares próximos que tiveram câncer de endométrio podem apresentar maior predisposição e precisam sempre estar atentas. E a idade: mulheres pós-menopausa, devido ao desequilíbrio hormonal natural dessa fase, estão também mais vulneráveis.
Impacto da Hiperplasia Endometrial na Fertilidade
A hiperplasia endometrial pode prejudicar a fertilidade. Um endométrio saudável é essencial para a implantação do embrião, e o crescimento anormal desse tecido pode dificultar ou impedir esse processo.
Além disso, as alterações hormonais associadas frequentemente interferem na ovulação, dificultando a concepção. Entretanto, com o tratamento adequado, muitas mulheres conseguem reverter a condição e alcançar uma gravidez saudável.
Como diagnosticar
O diagnóstico da hiperplasia endometrial é feito por meio de exames.
A Ultrassonografia Transvaginal avalia a espessura do endométrio, que geralmente está aumentada em casos de hiperplasia. Já a Biópsia Endometrial confirma o diagnóstico e identificar possíveis alterações atípicas.
Outro exame utilizado é a Histeroscopia. Ela permite a visualização direta do endométrio e, em alguns casos, a coleta de amostras para análise.
Como tratar
O tratamento da hiperplasia endometrial depende do tipo (simples ou atípico), da idade da paciente, do desejo de preservar a fertilidade da mulher e da gravidade dos sintomas.
Pode ser através de Terapia Hormonal, com a administração de progesterona (via oral, injetável ou intrauterina, como o DIU hormonal), que ajuda a equilibrar os níveis hormonais e a reverter o crescimento anormal. Essa é uma opção eficaz para mulheres que desejam preservar o útero e a fertilidade.
A cirurgia é recomendada nos casos de hiperplasia endometrial atípica, especialmente em mulheres pós-menopausa. Pode ser indicada a histerectomia (remoção do útero) para prevenir o câncer. Em casos menos graves, procedimentos como a curetagem podem ser suficientes para remover o tecido endometrial em excesso.
As mudanças no estilo de vida também representam um tratamento. Redução de peso e controle de condições como a síndrome dos ovários policísticos ajudam a melhorar o equilíbrio hormonal e a reduzir o risco de recorrência.
Hiperplasia Endometrial e Fertilização In Vitro (FIV)
Mulheres diagnosticadas com hiperplasia endometrial que desejam engravidar frequentemente consideram a fertilização in vitro (FIV) como uma alternativa viável e segura.
Antes do procedimento, no entanto, é necessário tratar a hiperplasia para garantir um ambiente uterino saudável e aumentar as chances de sucesso da gravidez.
Em alguns casos, pode ser necessário realizar a FIV utilizando uma doadora de óvulos, dependendo da gravidade da condição e da resposta ao tratamento.
Como prevenir a Hiperplasia Endometrial
Embora não seja possível prevenir completamente a hiperplasia endometrial, algumas medidas ajudam a reduzir o risco desta condição.
Manter um peso saudável é uma das mais importantes. A obesidade é um dos principais fatores de risco da doença.
O uso equilibrado de hormônios também. Mulheres em terapia de reposição hormonal devem receber progesterona juntamente com o estrogênio.
Controlar condições associadas, monitorar e tratar condições como SOP ou diabetes é essencial.
Além disso, manter um acompanhamento médico regular permite a detecção precoce de qualquer alteração.
“A hiperplasia endometrial é uma condição que merece atenção, pois pode ser um indicativo de desequilíbrio hormonal ou um precursor de problemas mais graves. Felizmente, a maioria dos casos pode ser tratada de forma eficaz com diagnóstico precoce e acompanhamento adequado”, finaliza a Dra. Isa Rocha.
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