Infertilidade secundária é um problema que ainda hoje deixa muitas mulheres e casais bastante confusos. O assunto é tênue e gera dúvidas e questionamentos, especialmente por afetar aqueles que já tiveram um primeiro filho.
Tecnicamente, é considerado infertilidade secundária quando o casal tem dificuldade de engravidar ou levar adiante uma gravidez após ter concebido um ou mais filhos.
Para homens e mulheres que já são pais, esse diagnóstico tende a ser incompreensivo e avassalador. “Muitos casais imaginam que porque já tiveram um ou mais filhos, está tudo bem. Mas é preciso saber que a fertilidade pode mudar em curto espaço de tempo. O ideal é buscar um especialista e identificar o que pode estar causando”, explica o Dra. Andreia Garcia, médica do IVI Salvador.
Às vezes, por já ter um primeiro filho, o casal relaxa e deixa a idade passar antes de tentar o segundo. E isso também pode ser um problema, pois a mulher passa daquela idade dita ideal. E como já tiveram filho, ao perceber a dificuldade o casal tende a demorar mais para procurar ajuda, o que é um erro.
“Outra questão é a de casais que se separam e estão refazendo suas vidas. Às vezes já têm filhos em um primeiro casamento, mas estão ainda recomeçando numa nova relação. Mas o tempo está passando e termina sendo um inimigo. Quando a mulher resolve que chegou a hora, pode tomar o susto ao perceber o problema”, complementa a médica.
Infertilidade secundária é um problema comum
Apesar de pouco discutida, a infertilidade secundário é um problema comum e que afeta muitas pessoas. De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention, a infertilidade secundária atinge 1 a cada 7 casais nos Estados Unidos, ou seja, pouco mais de 14%. No Brasi,l ainda não há dados oficiais sobre o assunto.
“Esse diagnóstico tende a ter menos aceitação que a infertilidade primária (quando o casal tem dificuldades em ter o primeiro filho), porque a mulher se cobra muito. Ela acredita que esteja fazendo ou fez algo errado para que agora não consiga mais gerar outra criança. E é completamente errado pensar desta forma, afinal estamos todos vulneráveis a fatores externos o tempo inteiro”, completa o médico.
Uma coisa é fato: se o irmãozinho ainda não chegou, não é hora de se martirizar. Muito pelo contrário. É hora de realizar novos exames, avaliar o que não está correto e buscar tratamentos para reverter a situação e continuar com o sonho de aumentar a família.
Os fatores femininos que podem ocasionar infertilidade secundária
São diversos os problemas que podem ocorrer com a mulher que já foi mãe; e que levem ao diagnóstico de infertilidade secundária. O principal é a idade da mulher. Quando a mulher decide ter o segundo filho a sua fertilidade já não é igual. E com a idade, vem os problemas na ovulação, alterações tubárias, alterações no útero, alterações no endométrio ou mesmo a endometriose.
“Veja que a lista é extensa e envolve condições que podem se desenvolver em qualquer etapa da vida da mulher, mesmo depois de uma primeira maternidade. Ou seja, algumas mães só perceberem que desenvolveram alguma doença quando voltam a tentar engravidar e se deparam com o diagnóstico de infertilidade secundária”, pondera.
Homens também podem ser responsáveis pela infertilidade secundária
Assim como em qualquer caso de infertilidade (mesmo a primária), a responsabilidade deve ser vista de forma equilibrada entre homens e mulheres. Então, além dos fatores já citados, que são as principais causas femininas que levam à infertilidade secundária, os homens também devem investigar.
Entre as causas masculinas mais comuns, estão os problemas de motilidade e morfologia, ausência de espermatozoide no sêmen (azoospermia), ou problemas no transporte do espermatozoide.
Além dessas causas, a obesidade também afeta a fertilidade tanto na mulher quanto no homem.
Mas como já dissemos, qualquer que seja a causa, o problema está relacionado com alguma razão que se agravou ou apareceu depois que teve o(s) primeiro(s) filho(s).
Os tratamentos para Infertilidade Secundária
Assim como ocorre no tratamento para a infertilidade primária, no caso das secundárias, os casais também passam por todos os exames necessários antes de iniciar a investigação. A partir deles e das consultas com os especialistas, é que o homem e/ou a mulher segue(m) para o tratamento.
Nesse caso, o melhor tratamento será de acordo com o diagnóstico específico de cada caso. “Uma das premissas mais importantes da medicina reprodutiva é a particularidade de cada caso. O que é melhor pra uma paciente, não necessariamente será o melhor para a outra. Por isso é tão importante buscar ajuda especializada”, explica a médica.
Os principais tratamentos utilizados hoje em dia para casos de infertilidade secundária são a Fertilização in Vitro (FIV), que é indicada para diversos fatores de infertilidade.
Nesse procedimento, é recolhido o material da mulher (óvulo) e do homem (sêmen). A fecundação é realizada em laboratório especializado e após o embrião gerado é transferindo ao útero.
Outra opção é a Inseminação Artificial. Esse tratamento não é tão complexo quanto a FIV e se realiza no próprio consultório. O procedimento baseia-se no depósito do sêmen, previamente analisado e processado, diretamente na cavidade uterina por meio de um cateter durante a ovulação (que é feita por indução por hormônio).
Fatores psicológicos e a infertilidade secundária
Vivemos dias de muita cobrança, pressão, correria, luta contra o tempo. E para agitar ainda mais a vida dos casais, a pandemia virou de cabeça para baixo a rotina de muitos lares. Isso resultou diretamente no aumento do estresse e da depressão.
Esses fatores podem contribuir diretamente para o diagnóstico de infertilidade secundária. O casal ainda precisa aprender a lidar com muitas questões familiares e pessoais para enfrentar o problema unido.
Outro ponto que precisa ser ponderado é a cobrança por parte da família e do filho ou filhos que o casal já tem, pelo irmãozinho. Quanto mais cobrança, mais tensão e maior probabilidade de as coisas não darem certo.
Mas se ainda assim o diagnóstico de infertilidade secundária chegar tenha calma. Hoje, com a ajuda da tecnologia e da medicina reprodutiva, mesmo quando se esbarra em um obstáculo, consegue-se realizar os sonhos!
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