A jornada da fertilidade é marcada por muitas etapas e, para quem está passando por um tratamento de fertilização in vitro (FIV), entender cada uma delas é essencial.
Um dos momentos mais importantes nesse processo é a nidação, também conhecida como implantação embrionária. Esse é o estágio em que o embrião, já fecundado, se fixa na parede do útero para iniciar, de fato, a gravidez.
Embora a nidação ocorra de forma natural em gestações espontâneas, ela também é um marco fundamental nos ciclos de FIV (Fertilização in Vitro), pois sua ocorrência bem-sucedida indica que o embrião transferido conseguiu encontrar um ambiente adequado para se desenvolver.
A nidação geralmente ocorre entre 6 e 10 dias após a fecundação do óvulo, tanto em gestações naturais quanto em ciclos de reprodução assistida. Nela, o embrião penetra o endométrio para formar uma conexão com os vasos sanguíneos da mãe, garantindo o fornecimento de nutrientes e oxigênio para seu desenvolvimento.
Essa etapa é crucial: sem uma nidação eficaz, a gravidez não se estabelece, mesmo que o óvulo tenha sido fecundado com sucesso.
Existe diferença na nidação durante Fertilização in Vitro?
Na FIV, a fecundação do óvulo pelo espermatozoide ocorre em laboratório, sob condições controladas. Após a formação dos embriões, eles são cultivados por alguns dias e, depois, transferidos para o útero da paciente.
A partir daí, o processo o mesmo em relação a uma concepção natural: o embrião precisa se fixar ao endométrio para que a gestação seja iniciada com sucesso.
O momento da transferência embrionária é cuidadosamente calculado para coincidir com o período ideal do endométrio. Em muitos casos, medicamentos são utilizados para preparar o útero, tornando-o mais receptivo à nidação.
Esse preparo é essencial para aumentar as chances de sucesso da implantação.
Durante o processo de implantação, células do embrião chamadas trofoblastos começam a se diferenciar e invadir o endométrio. Essas células futuramente formarão a placenta, órgão essencial para a troca de nutrientes entre mãe e bebê. Ou seja, a qualidade dessa interação logo nos primeiros dias tem impacto direto no desenvolvimento fetal.
Fatores que influenciam a nidação na Fertilização in Vitro (FIV)
Vários fatores podem impactar o sucesso da nidação após a transferência do embrião.
A qualidade do embrião é um desses fatores. Embriões com boa morfologia e desenvolvimento adequado têm mais chances de implantação. Técnicas como o cultivo até blastocisto (5º ou 6º dia) e a análise genética (PGT-A) ajudam a selecionar os embriões mais viáveis.
A receptividade endometrial é outro fator. O endométrio precisa estar em uma espessura adequada (geralmente medindo entre 7mm e 14mm) e em um ambiente hormonal favorável.
Outro fato é a presença de alterações no útero. Miomas, pólipos, aderências e outras alterações anatômicas podem dificultar a implantação. Por isso, a avaliação do útero por meio de histeroscopia ou ultrassonografia é essencial antes de seguir a Fertilização in Vitro.
Pontos como Imunidade e fatores inflamatórios também contam. Algumas condições imunológicas e inflamatórias podem interferir na nidação. Em casos selecionados, podem ser indicados tratamentos imunomoduladores para auxiliar na implantação.
Sinais e sintomas da nidação
Nem todas as mulheres percebem sintomas durante a nidação, especialmente em ciclos de FIV. No entanto, em alguns casos, pode ocorrer um pequeno sangramento vaginal, conhecido como “sangramento de implantação”, geralmente leve e de curta duração. A mulher pode ainda sentir leves cólicas abdominais, semelhantes às cólicas menstruais e sensibilidade nos seios. Além disso, pode perceber mudanças sutis no humor e sensação de inchaço no abdome.
É importante lembrar que esses sintomas também podem ser confundidos com os efeitos dos medicamentos usados durante a Fertilização in Vitro ou com os sinais da própria menstruação. Por isso, a confirmação da gravidez deve ser feita apenas com o exame de beta-hCG, indicado cerca de 10 a 12 dias após a transferência do embrião.
A nidação pode ser confirmada com a elevação do hormônio beta-hCG, para saber se o processo foi bem-sucedido.
O que acontece se a nidação não ocorrer?
Se a nidação não acontecer, o embrião não se fixa no útero e, portanto, não há gravidez. Isso pode ser frustrante para quem está enfrentando o tratamento, mas não significa, necessariamente, que o ciclo foi um fracasso completo.
A ausência de implantação pode ocorrer mesmo quando todos os parâmetros parecem ideais, o que reforça a complexidade do processo reprodutivo. Em alguns casos, o médico pode investigar causas mais profundas, como falhas na receptividade endometrial, embriões com alterações nos cromossomos, distúrbios autoimunes e problemas na vascularização uterina.
Nessas situações, ajustes no protocolo da FIV ou exames adicionais podem ser indicados para aumentar as chances de sucesso nos próximos ciclos.
“A nidação é um dos momentos mais delicados da fertilização in vitro, pois representa a transição entre o trabalho do laboratório e a resposta do corpo da paciente. É quando o embrião começa, de fato, a interagir com o organismo materno. Por isso, é fundamental monitorar a qualidade do embrião, preparar o útero com precisão e manter um acompanhamento cuidadoso. Com o avanço das técnicas e uma abordagem personalizada, conseguimos aumentar consideravelmente as chances de implantação bem-sucedida”, conta a médica do IVI Salvador, Andreia Garcia.
Além de sua importância biológica, a nidação também representa um momento simbólico no processo da gestação: é o primeiro “contato” direto entre o embrião e o corpo da mãe. Essa conexão é o que dá início a uma série de reações hormonais que sustentam a gravidez nas semanas seguintes.
Como aumentar as chances de uma nidação bem-sucedida?
Embora não haja uma fórmula mágica, algumas estratégias podem ser adotadas para melhorar o ambiente do útero e otimizar as chances de implantação do embrião.
Seguir à risca as orientações médicas, especialmente em relação à medicação hormonal, evitar atividades físicas extenuantes nos dias que seguem à transferência e adotar uma alimentação equilibrada e rica em antioxidantes são algumas diretrizes.
Além delas, evitar o consumo de álcool e cigarro, gerenciar o estresse e a ansiedade, que podem influenciar indiretamente o equilíbrio hormonal e fazer acompanhamento psicológico, quando necessário, para lidar com as emoções envolvidas no processo.
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