Quando o desejo de ter um filho encontra obstáculos, é natural buscar caminhos que possam tornar esse sonho possível. Entre as alternativas mais procuradas por quem enfrenta dificuldades para engravidar, dois tratamentos costumam se destacar: a Fertilização In Vitro (FIV) e a inseminação artificial.
Ambos fazem parte das principais técnicas da reprodução assistida e são indicados em diferentes situações, dependendo do histórico do casal, do diagnóstico médico e até da idade da paciente.
Antes de tomar qualquer decisão, é importante entender as diferenças entre os dois procedimentos e conhecer as vantagens de cada um.
Infertilidade: o ponto de partida
É importante lembrar, antes de mais nada, o que caracteriza um casal como infértil.
A definição médica é simples: se um casal mantém relações sexuais frequentes, sem uso de contraceptivos, por um ano (ou seis meses, quando a mulher tem mais de 35 anos), e mesmo assim, não consegue engravidar, é hora de investigar.
Essa avaliação inicial vai ajudar a entender as possíveis causas da infertilidade — que podem estar relacionadas à mulher, ao homem ou a ambos. Hoje em dia, as taxas são muito equivalentes, sendo em média 30% por causa da mulher, 30% por causa do homem e 20% por causa de ambos. Em 20% dos casos, ocorre a chamada infertilidade sem causa aparente.
A partir daí, o especialista em reprodução assistida poderá indicar a melhor estratégia, que pode incluir tratamentos menos invasivos ou técnicas mais avançadas, como a inseminação artificial ou a FIV.
Diferença entre FIV e Inseminação Artificial
Embora ambas as técnicas tenham o mesmo objetivo — ajudar o casal a ter um bebê, elas funcionam de formas bem diferentes. A inseminação artificial, também chamada de inseminação intrauterina, é considerada um procedimento de baixa complexidade. Nela, o sêmen do parceiro (ou de um doador) é preparado em laboratório e introduzido diretamente no útero da mulher no período mais fértil do ciclo.
Esse procedimento costuma ser indicado quando o fator masculino está levemente alterado, ou quando a mulher tem ovulação irregular e responde bem à estimulação ovariana. Casais homoafetivos femininos e mulheres que desejam uma produção independente também podem recorrer à inseminação.
Já a FIV é um tratamento de alta complexidade, em que a fecundação do óvulo acontece fora do corpo da mulher, em laboratório. Os embriões formados são acompanhados por alguns dias e, depois, um ou mais são transferidos para o útero. A FIV é indicada em casos mais desafiadores, como endometriose avançada, obstrução das trompas, baixa reserva ovariana, idade materna avançada ou quando outros tratamentos não deram certo.
Vantagens da Inseminação Artificial
Uma das principais vantagens da inseminação artificial é o fato de ser um procedimento mais simples, rápido e com menor custo em relação à FIV. Como não envolve a manipulação dos óvulos nem a fertilização fora do corpo, o processo é menos invasivo e pode ser feito em ciclos sucessivos.
Para casais jovens, sem grandes fatores de risco e com até dois anos de infertilidade, a inseminação pode representar uma boa tentativa inicial. Ela também é bem aceita quando o desejo é por um tratamento com menor intervenção médica.
Vantagens da Fertilização in Vitro (FIV)
A FIV, por sua vez, oferece maior controle sobre o processo reprodutivo. Como a fecundação acontece em laboratório, os embriologistas podem escolher os melhores embriões para a transferência, aumentando as chances de sucesso. Além disso, é possível realizar exames genéticos nos embriões antes da implantação, o que pode ser decisivo para casais que carregam doenças hereditárias ou já passaram por perdas gestacionais.
Outra vantagem da FIV é que ela permite preservar óvulos, embriões ou gametas, ampliando as possibilidades para quem deseja adiar a maternidade ou enfrentar tratamentos que possam comprometer a fertilidade, como quimioterapia.
“Cada caso é único, e por isso a escolha entre FIV e inseminação deve ser sempre individualizada. Avaliamos o histórico do casal, os exames laboratoriais e as perspectivas de sucesso com cada técnica para indicar o melhor caminho. Em muitos casos, a FIV se apresenta como a opção mais eficaz, mas há situações em que a inseminação ainda pode funcionar bem”, explica o Dr. Fábio Vilela, médico do IVI Salvador e especialista em reprodução assistida.
Taxas de sucesso da FIV
A fertilização in vitro é hoje uma das técnicas mais eficazes em reprodução assistida. As taxas de sucesso variam principalmente de acordo com a idade da mulher. Pacientes com menos de 35 anos podem ter taxas de gravidez em torno de 50% a 60% por ciclo, enquanto mulheres com mais de 40 anos têm taxas que giram em torno de 15% a 20%, devido à diminuição da qualidade e quantidade dos óvulos.
Outros fatores que influenciam as chances de sucesso da FIV incluem a qualidade dos embriões, a receptividade do útero e a experiência da equipe médica. A boa notícia é que, com os avanços da medicina e da tecnologia, os índices vêm melhorando ano após ano.
Taxas de sucesso da Inseminação Artificial
A inseminação artificial, por ser um método mais simples, tem taxas de sucesso mais modestas. Em geral, os números giram em torno de 10% a 20% por tentativa, dependendo da idade da paciente, da qualidade do sêmen e da resposta ao estímulo ovariano.
Por isso, os especialistas costumam limitar o número de tentativas de inseminação. Quando não há sucesso após três ou quatro ciclos, é comum que se recomende partir para a FIV, que tem maiores chances de êxito.
Qual escolher, afinal?
Não existe uma resposta única para essa pergunta. A escolha entre FIV e inseminação artificial deve ser feita com base em exames detalhados, conversa franca com o médico e uma análise realista das expectativas do casal. Enquanto a inseminação pode ser uma boa primeira tentativa em casos mais leves, a FIV tende a oferecer resultados melhores em situações mais complexas — e também mais rapidez no caminho até a gravidez.
Mais do que números, técnicas e protocolos, o que importa é encontrar um plano que respeite o tempo, as emoções e os desejos de quem está buscando realizar o sonho de ser mãe ou pai. Com informação de qualidade e o suporte certo, o caminho pode ser mais leve e, acima de tudo, possível.
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