A oligospermia é um tipo de alteração na produção dos espermatozoides. Ela se caracteriza por uma diminuição do número de espermatozoides presentes no sêmen. De modo geral, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a contagem de espermatozoides deve ser superior a 15 milhões por ml.
Uma quantidade abaixo desse valor pode indicar que a produção de gametas não está saudável. Então, considera-se oligospermia quando não se verifica a presença de pelo menos de 15 milhões de espermatozoides por ml na análise seminal, exame que permite realizar essa avaliação.
A concentração de espermatozoides também é utilizada para determinar a intensidade dessa condição no homem. Segundo a Sociedade Americana de Reprodução Assistida (ASRM), quando esse número está abaixo de 5 milhões por ml de sêmen, considera-se oligospermia severa.
Ainda existem outros casos mais graves em que a contagem chega a 0, indicando ausência de gametas. Nessas situações já se verifica um outro processo denominado de azoospermia.
O que provoca a Oligospermia?
As mulheres quando nascem, já trazem consigo as células reprodutivas pré-formadas em seus ovários. Já os homens produzem os gametas (espermatozoides) ao longo de toda a vida. Por esse motivo, é que os homens conseguem postergar a paternidade natural com um pouco menos de dificuldade do que as mulheres. No entanto, é pela mesma razão que aumenta o aparecimento de fatores causadores de distúrbios na produção dos gametas.
Os fatores que determinam a ocorrência da oligospermia podem variar de paciente para paciente. O leque é amplo. Uma das causas mais comuns, entretanto, é a varicocele. Essa condição afeta os vasos sanguíneos que nutrem os testículos. Nesses casos, ocorre um prejuízo no transporte de gases e nutrientes, além de um aumento da temperatura testicular, o que influencia diretamente a produção e maturação de espermatozoides.
Outros motivos…
Fatores hormonais também podem provocar a oligospermia, afinal, o funcionamento do corpo humano, de um modo geral, depende da ação dos hormônios. Quando a produção e liberação deles entra em desequilíbrio, as consequências para a pessoa podem ocorrer em diversas esferas.
Um ponto de atenção para os homens nesse quesito hormonal, é o uso de anabolizantes, que podem prejudicar – às vezes de forma irreversível – a capacidade reprodutiva.
As alterações genéticas também podem ser as responsáveis pela Oligospermia. Mas uma das causas que mais chama atenção é, incrivelmente, a dos maus hábitos de vida.
Todo mundo está cansado de saber que manter uma vida equilibrada ajuda a combater doenças. Fatores como sedentarismo, uso de drogas, álcool, tabagismo, consumo de alimentos muito gordurosos e ultra processados e até mesmo a vida em locais de muita poluição também podem ser os vilões para a saúde reprodutiva do homem, gerando a oligospermia.
“Vale destacar que a oligospermia pode ser uma condição temporária ou permanente. Tudo depende muito do que a esteja causando. O seu tratamento também dependerá tanto da causa quanto do grau de acometimento nos órgãos reprodutores”, explica o biomédico Átila Sena, embriologista do IVI Salvador.
Oligospermia e a fertilidade masculina
O sêmen não é constituído apenas por células reprodutivas masculinas, mas também pelos líquidos seminal e prostático. Essa parte tem a função de nutrir e proteger os espermatozoides, para possibilitar a sua chegada ao sistema reprodutor feminino ao fim de cada relação sexual.
Nos casos de oligospermia, entretanto, a quantidade de espermatozoides presentes no sêmen pode não ser suficiente para que haja chances reais de fecundação do óvulo.
Mesmo que o indivíduo produza gametas viáveis, a baixa quantidade pode interferir diretamente em sua capacidade fértil. Não existe um número fixo a partir do qual se possa dizer que não há chances de gestação espontânea, porém, quanto maior a redução dos espermatozoides, mais difícil tende a ser a gestação natural.
É por isso que, geralmente após um ano de tentativas de gravidez sem sucesso – esse tempo pode ser menor a depender da idade da mulher – é interessante que o casal busque ajuda médica. Identificar o que está causando a infertilidade e tratá-la pode ser a chave para a resolução.
Nesses casos, uma das causas detectadas nos exames médicos pode ser a oligospermia, afinal, atualmente já se sabe que as causa de infertilidade masculina e feminina são praticamente iguais em porcentagem.
Como tratar essa alteração?
Como já dissemos, o tratamento da oligospermia – assim como as causas – também tem uma diversidade de possibilidades. “Cada caso é um caso e para entender qual será o melhor tratamento, precisamos compreender primeiro o que está causando a alteração naquele paciente específico”, conta o embriologista.
Para confirmar mesmo que se trata de oligospermia, o paciente deve realizar um exame chamado de espermograma. Esse exame vai analisar o sêmen e realizar a contagem e avaliação das características dos espermatozoides. Esse é o primeiro passo para confirmar o diagnóstico, iniciar a investigação das causas e qual a melhor conduta.
No caso de hábitos que sejam prejudiciais, os pacientes devem ser orientados a mudar o estilo de vida para evitar situações que causem dano aos testículos, assim como receber orientações sobre medicações que estejam interferindo na espermatogênese.
Outros tratamentos…
É possível também que o melhor tratamento seja medicamentoso. Utilizar medicações específicas para tentar auxiliar na produção de espermatozoides, inclusive podendo ser medicações hormonais.
Se o problema estiver sendo causado pela varicocele, por exemplo, é fundamental avaliar o grau, uma vez que casos mais graves podem demandar a realização de um procedimento cirúrgico para correção.
A partir do tratamento adequado é possível que a produção de espermatozoides melhore, podendo inclusive retornar progressivamente ao normal em alguns casos.
“Em boa parte dos casos, há tratamento viável para a oligospermia. Quando for um quadro irreversível, ainda assim o homem não deve desanimar. Hoje, com o desenvolvimento das técnicas de reprodução assistida, é possível buscar a solução. Caso a contagem de espermatozoides seja baixa, mas a qualidade seja boa, pode-se sugerir uma ICSI. Mesmo que a quantidade e a qualidade dos espermatozoides sejam baixas, os especialistas ainda assim vão buscar uma solução que seja mais adequada para cada caso”, explica Átila.
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