A vida fértil da mulher, quando ela pode engravidar e ter filhos, que compreende o tempo entre a menarca (primeira menstruação) e a menopausa (última menstruação), é regida pelos ciclos menstruais. Sendo assim, a menstruação marca o início de cada ciclo, e é considerada um sangramento uterino natural, provocado pela descamação do endométrio, típica do final da fase lútea de cada ciclo.
Esse processo e a expulsão do sangue menstrual do útero pode ser doloroso, ainda que dentro de uma faixa de normalidade. No entanto, cólicas menstruais muito intensas e o sangramento de escape, ou seja, aquele que acontece fora do período menstrual, não são normais.
“O sangramento de escape, também conhecido como spotting, nada mais é do que a perda de sangue vaginal fora do período menstrual. Geralmente, trata-se de um sangramento leve e pode ocorrer em pequenas quantidades, muitas vezes confundido com borra de café”, explica a médica Graziele Reis, do IVI Salvador.
O ciclo menstrual pode variar de uma mulher para outra, sem que isso implique em alguma doença. Um ciclo regular tem aproximadamente 28 dias de duração. No intervalo entre um ciclo e outro pode acontecer um sangramento de escape.
O que pode causar sangramento de escape
O mais adequado é procurar um especialista para ter uma avaliação mais precisa do problema e um diagnóstico correto. Depois disso, realizar o tratamento, quando necessário.
As causas do sangramento de escape são variadas. Entre elas estão o uso de pílulas anticoncepcionais, implantes, adesivos ou DIUs, especialmente durante os primeiros meses de uso, enquanto o corpo se adapta. Flutuações nos níveis hormonais, como durante a ovulação ou em momentos de estresse, também podem desencadear sangramento de escape.
Algumas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como clamídia e gonorreia, podem causar sangramento de escape, além de corrimento vaginal anormal e dor pélvica.
O sangramento de escape também pode ser um sintoma de outras condições, como miomas uterinos, pólipos, doenças inflamatórias pélvicas (DIP) e, em casos raros, câncer.
Outros fatores são a síndrome dos ovários policísticos (SOP); e ovulação (causando descamação do endométrio no meio do ciclo). Mulheres fumantes são mais propensas a sofrerem do problema. Por conta disso, interromper o hábito é fundamental para melhorar o quadro.
Em gestantes, o escape pode representar a presença de alguma complicação, como aborto espontâneo ou gravidez ectópica, servindo como sinal de alerta para procurar ajuda médica. Além disso, nas mulheres com mais de 40 anos de idade, o sangramento de escape pode acontecer devido à proximidade do climatério e menopausa.
Por fim, alguns procedimentos ginecológicos podem ser invasivos, como Papanicolau, por exemplo, sendo completamente normal haver pequeno sangramento, não sendo necessário qualquer tratamento.
Caso o sangramento dure mais de 2 dias ou a quantidade seja moderada ou grave, é importante consultar o ginecologista. Existe a possibilidade de ter havido alguma lesão produzida durante o exame ginecológico.
Quando se preocupar com o sangramento de escape e o que fazer
Antes de mais nada, é preciso diferenciar a menstruação do sangramento de escape. Para isso, deve-se observar o dia em que o sangramento apareceu, o aspecto desse fluxo, como intensidade e volume, e a presença de outros sintomas (dor ou febre, por exemplo).
Embora o sangramento de escape seja comum, e no geral inofensivo, é importante sempre procurar orientação médica. Se houver suspeita de gravidez é mais do que necessário investigar. Assim como, se o sangramento for recorrente e não estiver associado a métodos contraceptivos, ou ocorrer após a menopausa.
Quando o sangramento de escape é excessivo, dura mais de 3 dias ou acontece em mais de 3 ciclos, é necessário ir ao médico. Durante a consulta, a mulher deve informar ao médico se faz uso de métodos contraceptivos e, se sim, qual ou quais métodos — DIU, pílulas combinadas ou outros.
É importante informar, também, sobre os hábitos de vida, como fumo e relação sexual desprotegida, para que seja investigada a gravidez e IST. Em alguns casos, quando há suspeita de menopausa, anormalidades anatômicas do útero, o médico poderá solicitar um ultrassom transvaginal ou uma histeroscopia para confirmar ou descartar hipóteses.
Sangramento após a relação sexual
Não é normal o sangramento após a relação sexual. Apenas quando se trata da primeira relação, havendo o rompimento do hímen, em alguns casos. Algumas das causas que podem causar sangramento depois da relação sexual são infecções sexualmente transmissíveis (IST), traumas durante a relação sexual e a presença de feridas no colo do útero.
Falta de lubrificação da vagina; câncer de colo uterino; cistos no ovário; e endometriose também podem causar o sangramento. Por isso, no caso de sangramento após a relação sexual, é importante consultar um ginecologista para que sejam realizados exames que ajudem a identificar a causa do sangramento.
Tratamentos para o sangramento de escape
Como as causas podem variar muito, a indicação de tratamento também dependerá do diagnóstico médico. Sendo assim, o especialista indicará o melhor tratamento para cada caso, prescrevendo o medicamento e a dosagem adequados. Assim como a duração do tratamento, caso seja realmente necessário algum tipo de intervenção.
Por isso, ao observar qualquer anormalidade, seja durante o sexo, seja na menstruação ou dentro do ciclo como um todo, procure imediatamente o ginecologista. Tenha em mãos um relatório básico sobre seu ciclo, sintomas e hábitos de vida, pois assim o diagnóstico será mais rápido e o tratamento, mais efetivo.
O sangramento de escape sempre gera dúvidas nas mulheres, principalmente entre aquelas que estão no processo de tentar engravidar. Nessa fase, medos e inseguranças se tornam mais intensos.
Sangramento de escape e infertilidade
Na maior parte das vezes, o sangramento de escape está associado a alterações hormonais na dinâmica original do ciclo menstrual relacionadas à infertilidade. Seja porque afetam os processos da ovulação (como na SOP e na endometriose ovariana), seja porque prejudicam a receptividade do endométrio (nos casos dos miomas uterinos, pólipos endometriais e endometrite).
Portanto, o tratamento para o sangramento de escape, pode variar. Tudo vai depender dos resultados dos exames laboratoriais e de imagem que identificam a causa do sangramento. Nos casos em que a infertilidade feminina é permanente, mesmo após os tratamentos, e quando as doenças não podem ser abordadas por terapêuticas primárias, a reprodução assistida pode ser indicada.
Comentários estão fechados.