O folículo dominante é o folículo ovariano que atinge o estágio final de maturação durante o ciclo menstrual. Todos os meses, no início do ciclo, vários folículos começam a crescer nos ovários em resposta ao hormônio folículo-estimulante (FSH), produzido pela hipófise.
Esses folículos contêm óvulos imaturos, e apenas um deles geralmente se destaca, cresce mais rapidamente e torna-se o folículo dominante. Esse folículo é responsável por liberar o óvulo maduro na ovulação, aproximadamente no meio do ciclo menstrual, marcando o período fértil da mulher.
O folículo dominante também desempenha um papel essencial na produção de estrogênio, um hormônio que regula a espessura do endométrio (revestimento interno do útero), preparando-o para uma possível implantação do embrião.
Desenvolvimento do Folículo Dominante
O desenvolvimento do folículo dominante ocorre em várias fases do ciclo ovariano.
A fase folicular começa no primeiro dia da menstruação e é caracterizada pelo aumento nos níveis de FSH. Este hormônio recruta o crescimento de 10 a 20 folículos nos ovários.
Durante essa fase, cada folículo contém um óvulo imaturo cercado por células que fornecem nutrientes e suporte, chamadas de células granulosas.
Entre esses folículos, ocorre uma competição natural: aquele que responde melhor ao FSH e cresce mais rapidamente torna-se o folículo dominante. Este folículo suprime o crescimento dos demais por meio de um mecanismo de feedback hormonal.
Os folículos que não continuam a crescer entram em um processo de regressão chamado atresia.
Quando o folículo dominante atinge seu tamanho máximo, geralmente entre 18 e 25 mm, ele começa a produzir altos níveis de estrogênio. Esse aumento nos níveis de estrogênio sinaliza à hipófise para liberar o hormônio luteinizante (LH).
O pico de LH desencadeia a liberação do óvulo maduro, um processo conhecido como ovulação. Esse evento ocorre por volta do 14º dia em ciclos regulares de 28 dias, embora possa variar dependendo da duração do ciclo menstrual de cada mulher.
Após a ovulação, o folículo que liberou o óvulo transforma-se em uma estrutura chamada corpo lúteo. Este corpo lúteo continua a produzir estrogênio e progesterona, hormônios essenciais para preparar o útero para a gravidez. Caso a fertilização não ocorra, o corpo lúteo degenera, e os níveis hormonais diminuem, levando ao início de um novo ciclo menstrual.
Funções do Folículo Dominante
O folículo dominante desempenha várias funções importantes no ciclo menstrual e na reprodução. A principal delas é liberar o óvulo durante a ovulação, permitindo que ele seja fertilizado por um espermatozoide.
O folículo dominante é também uma fonte significativa de estrogênio, que regula o crescimento do endométrio e contribui para a manutenção de um ciclo hormonal equilibrado.
Por meio da produção de estrogênio, o folículo dominante ajuda ainda a preparar o útero para uma possível implantação do embrião.
O Desenvolvimento do Folículo Dominante
Vários fatores podem influenciar o desenvolvimento do folículo dominante.
A qualidade e a quantidade de folículos diminuem com a idade, especialmente após os 35 anos, o que pode afetar a fertilidade.
Níveis alterados de FSH, LH ou estrogênio também podem interferir no processo de seleção do folículo dominante. Por exemplo, em casos de anovulação (ausência de ovulação), pode não haver um folículo dominante suficientemente desenvolvido.
Problemas como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), insuficiência ovariana prematura e endometriose podem prejudicar o desenvolvimento adequado do folículo dominante.
Fatores como estresse, nutrição inadequada e excesso de exercícios físicos podem interferir na produção hormonal, dificultando o crescimento e a maturação dos folículos.
Alguns medicamentos, como os usados em tratamentos de fertilidade, podem estimular o crescimento de múltiplos folículos, aumentando as chances de gravidez, inclusive múltipla.
O Folículo Dominante e a Fertilidade
O funcionamento adequado do folículo dominante é crucial para a fertilidade feminina. Sem o desenvolvimento de um folículo dominante, a ovulação não ocorre, o que impede a concepção.
“O folículo dominante é um indicador fundamental da saúde reprodutiva feminina. Ele reflete o equilíbrio hormonal e a capacidade dos ovários de responderem adequadamente aos estímulos hormonais. Monitorá-lo é crucial tanto para identificar problemas como para aumentar as chances de sucesso em tratamentos de fertilidade”, conta a Dra. Graziele Reis, do IVI Salvador.
Em tratamentos de fertilidade, o crescimento dos folículos é monitorado por ultrassonografia. A partir dessa análise, os especialistas podem determinar o momento ideal para a coleta de óvulos ou a indução da ovulação.
Além disso, a análise do tamanho e da qualidade do folículo dominante também ajuda a prever as chances de sucesso no tratamento. Um folículo saudável e bem desenvolvido é um sinal positivo de fertilidade e capacidade repodutiva.
Condições associadas ao Folículo Dominante
Existem três condições que interferem diretamente nos folículos dominantes. Na Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), múltiplos folículos pequenos podem ser visualizados nos ovários, mas nenhum deles atinge o estágio de folículo dominante. Isso ocorre devido a desequilíbrios hormonais que impedem a ovulação.
Essa condição é uma das principais causas de infertilidade em mulheres, mas pode ser tratada com mudanças no estilo de vida, medicamentos para regular os hormônios e, em casos mais graves, técnicas de reprodução assistida.
Na Insuficiência Ovariana Prematura, os ovários deixam de funcionar normalmente antes dos 40 anos, o que reduz significativamente o número de folículos disponíveis. Mulheres com insuficiência ovariana prematura geralmente apresentam dificuldades para engravidar, mas, em alguns casos, podem responder a tratamentos de fertilidade.
Quando o folículo dominante não ovula, ele pode se transformar em um cisto funcional. Esses Cistos Ovarianos, em geral, não causam sintomas e desaparecem sozinhos, mas, em alguns casos, podem levar a desconforto ou complicações, como dores pélvicas.
Como monitorar o Folículo Dominante
O acompanhamento do folículo dominante é essencial em casos de infertilidade ou tratamentos de fertilidade. As técnicas mais comuns incluem ultrassonografia transvaginal, utilizada para monitorar o crescimento folicular, identificar o folículo dominante e determinar o momento exato da ovulação; dosagem hormonal, com avaliação dos níveis de FSH, LH, estrogênio e progesterona. Isso ajuda a identificar desequilíbrios hormonais que possam afetar o ciclo menstrual;ou ainda, através de testes de ovulação, com kits vendidos em farmácias, que ajudam a detectar o aumento de LH, que precede a ovulação.
O folículo dominante é uma peça fundamental no ciclo menstrual e na reprodução humana. Sua função de liberar o óvulo e produzir hormônios essenciais demonstra a complexidade e a eficiência do sistema reprodutivo feminino. Compreender o funcionamento do folículo dominante ajuda a identificar possíveis problemas de saúde e a buscar intervenções adequadas, especialmente em casos de infertilidade. A ciência, por meio de tecnologias como ultrassonografias e tratamentos hormonais, tem tornado mais acessível o acompanhamento do desenvolvimento folicular, oferecendo esperança para mulheres que enfrentam dificuldades para engravidar.
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