A endometrite é uma inflamação que afeta a camada que reveste internamente o útero, e se chama endométrio. Esse revestimento tem a função de acolher e fixar o embrião assim que o óvulo fecundado chega à cavidade uterina.
Essa condição pode ocorrer devido a infecções bacterianas, após o parto ou uma intervenção cirúrgica. E, embora possa ser tratada, a compreensão dos sintomas e causas da endometrite é crucial para o tratamento eficaz e a prevenção de complicações futuras.
A condição pode ter variações na sua gravidade, desde as formas leves (que respondem bem ao tratamento), até as formas mais graves, que se não forem tratadas adequadamente, podem ter complicações sérias. A forma aguda pode causar desconforto significativo e, em casos mais graves, levar a febre alta e dor abdominal intensa.
A endometrite crônica, por sua vez, pode ser mais difícil. Ela apresenta sintomas menos pronunciados, porém, mais persistentes. Esse tipo da doença pode estar associado a problemas reprodutivos, como infertilidadee. A endometrite pode interferir no processo de nidação, gerar falhas de implantação embrionária e inviabilizar a gravidez.
O que pode causar a endometrite e quais os fatores de risco?
A endometrite pode ser causada por diversos fatores. Entre eles, as infecções bacterianas, que são a causa mais comum. As bactérias presentes na flora vaginal, ou as que circulam no ambiente hospitalar após procedimentos como cesáreas ou abortos, podem provocar o problema.
Procedimentos que envolvem o útero, como partos e curetagens, podem introduzir bactérias no endométrio. A presença de corpos estranhos como dispositivos intrauterinos (DIU’s) pode aumentar o risco de endometrite em algumas mulheres. Algumas IST’s, como a clamídia e a gonorreia, também podem predispor ao desenvolvimento da endometrite.
Vale lembrar que a presença de um fator de risco não significa, necessariamente, a certeza da doença. Usar preservativos durante as relações sexuais, por exemplo, diminui o risco de uma IST, fator que pode provocar o problema.
“São tantas possíveis causas que o mais adequado mesmo é se manter em uma rotina de acompanhamentos e revisões com especialistas. As mulheres não podem deixar de lado esse cuidado com o seu próprio corpo e devem redobrar a atenção em procedimentos simples, como a colocação do DIU por exemplo. Como citamos, ela pode ser um gatilho para desenvolver a endometrite”, explica a Diretora Médica do IVI Salvador, Dra. Genevieve Coelho.
Sintomas e tipos de endometrite
Existem dois tipos básicos de endometrite: aguda ou crônica. Na maioria dos casos, é provocada por agentes patogênicos, como as bactérias causadoras de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
No quadro de endometrite aguda, os sintomas se manifestam por um curto período e o organismo da paciente tende a responder bem aos tratamentos.
Já a endometrite crônica pode apresentar sintomas incômodos de modo contínuo, sendo que a infertilidade surge como um dos principais prejuízos à saúde da mulher.
Os sintomas podem variar, mas, frequentemente, incluem dor e sensibilidade abdominal (localizada no abdômen inferior e pode ser intensa ou moderada, e o abdômen pode estar sensível ao toque); febre baixa ou alta, especialmente em casos graves.
Secreção vaginal anormal com odor desagradável ou sangramento vaginal (alterações no padrão de sangramento menstrual ou sangramento irregular). E por fim, dificuldade para evacuar, mal-estar e infertilidade também podem ser sintomas.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico da endometrite geralmente começa com uma avaliação clínica, que inclui a revisão dos sintomas e histórico médico. Exames laboratoriais e de imagem podem ser necessários para confirmar o diagnóstico e identificar a causa específica.
Os procedimentos tradicionais para diagnosticar a endometrite incluem histeroscopia para realização da biópsia, cultura microbiana e análise histológica do tecido coletado. Outro exame importante é o microbioma endometrial, que pode ser analisado através de técnicas avançadas de sequenciamento genético (NGS) para identificar as bactérias presentes no endométrio.
Existe cura para a endometrite e é recomendado que a paciente finalize o tratamento antes de tentar engravidar, seja naturalmente ou por uma técnica de reprodução assistida. Por ser uma infecção, ela é tratada com antibióticos. Desse modo, as bactérias são destruídas e a inflamação do endométrio é contida.
Se a causa da endometrite for uma IST, o parceiro deve ser avisado para que ele também receba o tratamento. “A falta de tratamento pode causar graves complicações para a paciente. Além de infertilidade, a infecção pode se alastrar e provocar peritonite pélvica, formação de abscessos no útero e septicemia”, completa a Dra. Genevieve Coelho.
A endometrite e a reprodução assistida
A endometrite é caracterizada por uma inflamação no endométrio, camada interna do útero. Em geral, ela é causada por uma bactéria. Os casos crônicos são mais persistentes, sendo relacionados com a infertilidade, pois a inflamação pode dificultar a implantação do embrião. O tratamento é feito com antibióticos.
A paciente com endometrite deve finalizar o tratamento da doença antes de tentar engravidar. Em alguns casos, a gravidez ocorre naturalmente. Do contrário, devem-se investigar as trompas pelo risco de a infecção no útero ter se alastrado para as trompas e cavidade abdominal, resultando numa DIPA (doença inflamatória pélvica alta) e comprometido a função das tubas.
Nesse caso, se as tubas uterinas não forem restauradas após tratamento com antibiótico ou cirúrgico por videolaparoscopia com intuito de retirar aderências secundárias dessa infecção, a melhor opção de tratamento para a queixa da infertilidade poderá ser a fertilização in vitro (FIV), uma das técnicas mais comuns utilizadas hoje em dia.
“O correto para aquelas mulheres que querem realizar um tratamento de reprodução assistida é primeiro tratar a endometrite. Tratar, se recuperar do problema, para só depois proceder à FIV ou a qualquer outro tipo de tratamentos de reprodução. Assim, os resultados tendem a ser melhores e mais seguros para a mulher”, finaliza Dra. Genevieve.
Endometrite x endometriose
Além do nome parecido e de ambas atingirem a região do endométrio, endometrite e endometriose não têm relação entre si.
Enquanto a primeira é ocasionada por microrganismos, a endometriose na verdade transfere o desenvolvimento deste tecido para fora da cavidade uterina.
Nesses casos, o endométrio pode invadir ovários, trompas, bexiga e intestino.
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