A cervicite é uma inflamação do colo do útero, a parte inferior do órgão, que se conecta à vagina. Essa condição pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou fúngicas, além de irritações causadas por produtos químicos, como espermicidas ou duchas vaginais.
Essa é uma condição que muitas vezes passa despercebida, mas que pode ter consequências significativas para a saúde reprodutiva das mulheres. Estima-se que uma grande parte da população feminina em idade fértil no Brasil possa ser afetada pela Cervicite, principalmente devido a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a clamídia e a gonorreia.
Essas infecções, quando não tratadas de forma adequada, podem evoluir para uma Cervicite crônica, comprometendo a capacidade da mulher de engravidar e levando, em muitos casos, à necessidade de recorrer à reprodução assistida para realizarem seus sonhos de se tornarem mães.
As causas da Cervicite
As causas mais comuns de Cervicite são as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Especialmente a clamídia, a gonorreia, o herpes genital e a tricomoníase.
Essas infecções são transmitidas durante o contato sexual desprotegido e podem levar à inflamação do colo do útero, desenvolvendo inúmeros possíveis problemas para a mulher infectada; entre eles a cervicite.
Outra possível causa é o uso de produtos, como tampões, diafragmas ou certos tipos de preservativos, que também podem irritar o colo do útero, criando um cenário propício para o desenvolvimento da condição.
Sintomas mais comuns da Cervicite
Esse é um ponto de alerta! Muitas mulheres com Cervicite não apresentam sintomas. Ou seja, muitas delas têm a condição e só terminam descobrindo quando detectam uma infertilidade ou algum outro problema que promove investigação na região.
Quando ocorrem, os sintomas podem incluir dor durante o sexo, corrimento vaginal anormal (geralmente com odor), sangramento vaginal fora do período menstrual e dor na parte inferior do abdômen ou nas costas.
A falta de sintomas claros, no entanto, é um dos maiores motivos pelos quais a Cervicite pode não ser diagnosticada prontamente, permitindo que a condição se agrave e leve a complicações mais sérias.
O diagnóstico e o tratamento
O diagnóstico da Cervicite geralmente é feito durante um exame ginecológico, onde o médico pode coletar amostras do colo do útero para análise. O tratamento depende da causa subjacente.
Se for causada por uma infecção bacteriana, o uso de antibióticos pode ser necessário. Nos casos de infecções virais, antivirais podem ser recomendados.
Em casos de irritação, a remoção ou substituição do produto causador desta irritação é a melhor solução. Lembrando que cada caso é individual e requer um tratamento personalizado.
É possível prevenir a Cervicite?
Sim! A melhor forma de prevenir a Cervicite é através da prática de sexo seguro, com o uso de preservativos; e evitando duchas vaginais e outros produtos que possam irritar o colo do útero.
Além disso, visitas regulares ao ginecologista são essenciais para o monitoramento da saúde ginecológica e para o diagnóstico precoce de qualquer outro problema.
Cervicite e a Fertilidade
Uma das consequências mais graves da Cervicite é seu impacto na fertilidade feminina. A inflamação persistente no colo do útero pode levar ao estreitamento ou cicatrização do canal cervical, dificultando a passagem dos espermatozoides para o útero.
Além disso, a infecção pode se espalhar para outras partes do sistema reprodutivo, causando a doença inflamatória pélvica (DIP), que é uma das principais causas de infertilidade nas mulheres.
“A Cervicite, especialmente quando causada por infecções como clamídia e gonorreia, pode levar a complicações graves se não for tratada a tempo. A inflamação crônica pode causar danos permanentes ao sistema reprodutivo, aumentando o risco de infertilidade. Por isso, é fundamental que as mulheres façam exames ginecológicos regularmente e busquem tratamento imediatamente, ao menor sinal de infecção”, explica Dr. Agnaldo Viana, médico do IVI Salvador.
“Infelizmente, muitas mulheres só descobrem que têm Cervicite quando começam a enfrentar dificuldades para engravidar. Nesse ponto, o dano já pode ter ocorrido, dificultando a concepção natural. Em muitos casos, a reprodução assistida se torna a única alternativa viável para realizar o sonho da maternidade”, conclui o especialista.
Cervicite e a Reprodução Assistida
Quando a Cervicite compromete a fertilidade, muitas mulheres precisam recorrer a métodos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV) ou a inseminação intrauterina. Esses métodos permitem contornar os problemas físicos causados pela inflamação do colo do útero, como o estreitamento do canal cervical, e oferecem uma chance de concepção, mesmo em casos em que a fertilidade natural foi severamente afetada.
Na fertilização in vitro, os óvulos são fertilizados em laboratório e, em seguida, os embriões são implantados diretamente no útero da mulher. Já na inseminação intrauterina, os espermatozoides são introduzidos diretamente no útero, contornando o canal cervical inflamado.
“Embora a reprodução assistida seja uma solução para muitas mulheres que tiveram sua fertilidade comprometida pela cervicite, é importante lembrar que, mesmo com a resolução da infertilidade, é necessário tratar a inflamação subjacente para evitar complicações durante a gestação. A Cervicite não tratada pode aumentar o risco de aborto espontâneo e outras complicações gestacionais, por isso, o cuidado contínuo é essencial.”, pondera o Dr. Agnaldo.
Panorama da Cervicite no Brasil
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, cerca de 80% das mulheres entre 18 e 49 anos relataram realizar exames ginecológicos regularmente, o que inclui o exame preventivo (Papanicolau), fundamental para o diagnóstico de cervicite.
O exame Papanicolau é uma das ferramentas mais importantes na detecção de alterações no colo do útero, incluindo a cervicite. O Ministério da Saúde recomenda que mulheres entre 25 e 64 anos realizem o exame preventivo a cada três anos. O monitoramento da saúde ginecológica é essencial para a prevenção e tratamento eficaz da condição.
No Brasil, as infecções sexualmente transmissíveis que causam cervicite são um problema significativo de saúde pública. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, as ISTs são comuns entre mulheres jovens, particularmente a clamídia, que é uma das principais causadoras de cervicite.
Estima-se que entre 9% e 12% das mulheres jovens sexualmente ativas no Brasil possam estar infectadas por clamídia, muitas vezes sem saber, dado o caráter assintomático da infecção.
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