Agosto é tradicionalmente o mês em que se celebra o Dia dos Pais. Uma data carregada de afeto, significados e reconhecimento. Mas também pode ser um momento de reflexão para muitos homens que desejam ser pais, mas enfrentam obstáculos para concretizar esse sonho. Entre os principais desafios está a falta de atenção à saúde — especialmente à saúde reprodutiva masculina.
Mesmo com todos os avanços da medicina, ainda existe pouco diálogo sobre a fertilidade dos homens. A maioria só procura ajuda quando a dificuldade para engravidar se torna evidente, e muitas vezes o foco inicial recai apenas sobre a parceira. Essa lógica desconsidera que fatores masculinos estão presentes em cerca de 30% dos casos de infertilidade conjugal.
“Muitos pacientes chegam ao consultório apenas após anos de tentativas frustradas de gravidez no relacionamento. Nesse momento, é comum que a investigação comece pela parceira, deixando o fator masculino em segundo plano, quando, na verdade, ele é responsável por uma parcela significativa dos casos”, explica o médico Fábio Vilela, especialista em reprodução assistida do IVI Salvador.
A saúde masculina negligenciada
É culturalmente comum que os homens não priorizem o autocuidado. Consultas médicas de rotina, exames preventivos e até mesmo conversas sobre saúde sexual ainda são temas pouco abordados no universo masculino. Isso faz com que muitos quadros clínicos evoluam silenciosamente, incluindo aqueles que afetam a fertilidade.
Diferente das mulheres, que frequentemente mantêm acompanhamento ginecológico desde a adolescência, os homens tendem a procurar ajuda apenas diante de sintomas claros.
O resultado, porém, é um número significativo de diagnósticos tardios, que muitas vezes poderiam ter sido evitados com simples exames de rotina.
Fatores que afetam a fertilidade masculina
A fertilidade do homem pode ser comprometida por uma série de condições clínicas e comportamentais. Infecções sexualmente transmissíveis, por exemplo, como clamídia, gonorreia e HPV, estão entre as causas mais comuns de inflamações nos testículos e nos epidídimos, estruturas essenciais para o transporte e maturação dos espermatozoides. Essas infecções podem ser assintomáticas e, mesmo assim, causar prejuízos significativos à função reprodutiva.
Outra condição frequente é a varicocele, uma dilatação das veias localizadas na bolsa escrotal que interfere na temperatura ideal para a produção espermática. Essa alteração afeta diretamente a qualidade e a quantidade de espermatozoides e pode ser tratada com procedimento cirúrgico de baixa complexidade.
Alterações hormonais também influenciam na fertilidade. A produção inadequada de testosterona ou de outros hormônios reguladores pode comprometer o desenvolvimento dos espermatozoides. Além disso, obstruções nos canais deferentes, estruturas que conduzem os espermatozoides durante a ejaculação, podem impedir a liberação do sêmen, mesmo quando os testículos estão funcionando normalmente.
Estilo de vida e impactos sobre a fertilidade
Além das doenças e alterações físicas, o estilo de vida desempenha um papel central na saúde reprodutiva masculina. Hábitos como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, o uso de drogas recreativas, a má alimentação e o sedentarismo afetam diretamente a produção e a motilidade dos espermatozoides.
A exposição constante a ambientes com alta carga de estresse ou a substâncias tóxicas também pode alterar a função testicular. Há evidências científicas de que homens fumantes, por exemplo, apresentam uma redução significativa na concentração espermática, além de alterações no DNA dos espermatozoides.
O excesso de peso, os distúrbios do sono e a ansiedade crônica também são fatores que interferem no equilíbrio hormonal e, consequentemente, na fertilidade. Pequenas mudanças no estilo de vida podem melhorar significativamente os parâmetros seminais e, por isso, devem ser parte do planejamento reprodutivo masculino.
O apoio da medicina reprodutiva
A boa notícia é que, mesmo diante de diagnósticos desafiadores, a medicina reprodutiva oferece caminhos eficazes para a realização do desejo de ser pai. A partir de exames simples, como o espermograma, é possível identificar alterações nos parâmetros do sêmen e dar início a um plano de tratamento personalizado.
Em alguns casos, o tratamento envolve mudanças no estilo de vida, suplementação vitamínica ou terapias hormonais. Já em situações mais complexas, técnicas de reprodução assistida podem ser indicadas, como a inseminação intrauterina ou a fertilização in vitro (FIV), com uso de técnicas complementares para coleta e preparo dos espermatozoides.
Mesmo em casos de azoospermia, ausência total de espermatozoides na ejaculação, ainda é possível recorrer a procedimentos como a punção ou a biópsia testicular, que buscam células diretamente nos testículos. Quando não se encontram espermatozoides viáveis, a doação de sêmen é uma alternativa segura, acolhida por muitos casais como solução para a construção da família.
“Mesmo quando a produção de espermatozoides é muito baixa ou ausente, conseguimos buscar essas células diretamente nos testículos por meio de técnicas como a punção ou a biópsia testicular. E em casos em que não é possível encontrar espermatozoides viáveis, a doação de sêmen se apresenta como uma alternativa segura e eficaz”, destaca o médico do IVI Salvador.
Doação de sêmen: uma nova chance para a paternidade
A utilização de sêmen doado é uma prática cada vez mais comum nas clínicas de fertilização. O processo é realizado com total sigilo, segurança e respaldo científico. Os doadores passam por rigorosos testes clínicos, genéticos e laboratoriais, garantindo a saúde e a qualidade do material utilizado.
Além da avaliação médica, há todo um suporte psicológico e jurídico para os casais ou pessoas que optam por esse caminho. É um processo ético, seguro e conduzido com empatia, que representa uma chance real para homens que enfrentam a infertilidade definitiva.
A doação de sêmen permite que muitos casais heterossexuais, casais homoafetivos e pessoas solteiras tenham acesso à paternidade. É uma solução moderna, baseada em ciência, acolhimento e respeito à diversidade de configurações familiares.
Um novo olhar para o Dia dos Pais
Mais do que uma data comemorativa, o Dia dos Pais pode ser uma oportunidade para ampliar o olhar sobre a saúde do homem e seu papel na construção de uma família. A paternidade não começa no nascimento do filho. Ela nasce no desejo, na responsabilidade e no cuidado com o próprio corpo.
Falar sobre fertilidade masculina é necessário. É um tema que envolve saúde, planejamento e afeto. Informar-se, buscar orientação especializada e cuidar da saúde são atitudes fundamentais para quem deseja trilhar esse caminho.
No IVI Salvador, cada história importa. E cada jornada em direção à paternidade é acompanhada com respeito, tecnologia de ponta e um olhar humanizado.
“A paternidade pode se concretizar de diversas formas. O mais importante é não abrir mão do desejo de construir uma família. Estamos ao lado de quem busca esse caminho”, conclui o Dr. Fábio Vilela.
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