As mulheres nascem com uma quantidade específica de óvulos – cerca de 2 milhões – mas, com o passar dos anos, além desse número ir diminuindo, os óvulos também vão perdendo a sua qualidade. O que acontece é que a mulher moderna tem adiado cada vez mais a maternidade.
A decisão sobre quando ter filhos pode ser uma questão complexa para muitas mulheres. Para além da maternidade, elas querem equilibrar a carreira; estudar mais para aumentar as possibilidades de emprego; encontrar o parceiro (ou a parceira) ideal; e ainda poder usufruir da sua liberdade pessoal.
Por conta disso, com o avanço das tecnologias de reprodução assistida, o congelamento de óvulos surgiu como uma solução promissora. Afinal de contas, ele permite às mulheres maior controle sobre sua fertilidade e o planejamento familiar. A técnica oferece a oportunidade de ser mãe no momento certo, alinhando o desejo de maternidade com as circunstâncias ideais da vida.
O congelamento de óvulos no Brasil existe desde 1980, mas foi somente a partir de 2012 que o procedimento se estendeu às mulheres que não tinham problemas para engravidar, mas queriam somente adiar a gestação. Com essa mudança, as mulheres passaram a ter a oportunidade de ter filhos usando seus próprios óvulos, mesmo com uma idade mais avançada, num momento da vida em que isso poderia comprometer a qualidade e a quantidade de óvulos, se engravidassem de forma natural.
Por que as mulheres escolhem congelar óvulos?
As razões para optar pelo congelamento de óvulos são tão variadas quanto as próprias mulheres. Algumas das motivações mais comuns incluem: carreira, educação e o desejo de alcançar estabilidade na carreira ou concluir a educação antes de iniciar a família.
Para mulheres que ainda não encontraram o parceiro com quem desejam ter filhos ou que preferem esperar por razões pessoais, o congelamento de óvulos oferece a liberdade de tomar decisões sobre a maternidade em seus próprios termos, sem o medo de que sua fertilidade diminua antes de estarem prontas.
Algumas mulheres, que enfrentaram tratamentos médicos que podem afetar a fertilidade, como a quimioterapia, optam por preservar a fertilidade através do congelamento de óvulos. E por fim, ter autonomia sobre a fertilidade. Manter o controle sobre as opções de fertilidade, independentemente do estado civil ou da presença de um parceiro.
Qual a idade ideal para o congelamento de óvulos?
O congelamento de óvulos tem se tornado cada vez mais conhecido do público. Mulheres famosas como as atrizes Paolla Oliveira, Cléo Pires e Mariana Ximenes, a cantora Ivete Sangalo, entre outras, falam abertamente sobre o assunto. O congelamento concede à mulher independência e autonomia – dando um tempo maior para planejar uma gravidez – além de amenizar a luta contra o relógio biológico.
Os especialistas em reprodução humana aconselham o congelamento de óvulos entre 30 a 37 anos. Assim, é possível conservar as células e manter as suas condições fisiológicas para uso futuro, além de preservar a autonomia reprodutiva.
“A partir dos 30 anos, as mulheres que querem ser mães, devem fazer um planejamento familiar e reprodutivo, e repensar sua trajetória. Para isso, é preciso avaliar a sua reserva ovariana e verificar se seria, ou não, o caso de congelar óvulos. Essa é uma questão que hoje, deveria ser de interesse fundamental para as mulheres. A gravidez está sendo postergada cada vez mais, mas o relógio biológico feminino não para”, comenta a especialista em reprodução humana e diretora médica do IVI Salvador, Genevieve Coelho.
Entendendo o congelamento de óvulos
O congelamento de óvulos, ou criopreservação de oócitos, é um procedimento que permite às mulheres armazenar seus óvulos em um estado viável para uso futuro. Este processo envolve a estimulação ovariana, seguida da coleta de óvulos e sua preservação em temperaturas extremamente baixas.
Com o congelamento de óvulos, as mulheres podem adiar a gravidez até um momento em que se sintam mais preparadas, seja do ponto de vista emocional, financeiro, ou até entrar em um relacionamento que seja favorável à formação de uma família.
“O congelamento é um processo individualizado que precisa ter o aconselhamento de um especialista em reprodução assistida. Se existe histórico familiar de menopausa precoce, por exemplo, é preciso que a mulher faça avaliações antes dos seus 30 anos”, explica a especialista do IVI Salvador.
O primeiro passo para o congelamento de óvulos é a estimulação do ovário com medicações hormonais, injeções subcutâneas diárias por duas semanas. Em seguida, são feitas entre 3 e 6 ultrassonografias de acompanhamento e ajustes necessários nas doses.
Uma vez que os folículos estejam nos tamanhos adequados, acontece o próximo passo que é o amadurecimento dos óvulos. Cerca de 36h depois, é feita a coleta dos óvulos via transvaginal com sedação leve em um procedimento que dura cerca de 30 minutos.
“Os folículos aspirados são avaliados em laboratório para a identificação dos óvulos maduros e de boa qualidade morfológica para o congelamento em até três horas após a coleta. São óvulos que não perderão sua capacidade reprodutiva e nem envelhecerão pelo tempo de congelamento”, afirma Dra. Genevieve.
O resultado da fertilização com o óvulo congelado depende de diversos fatores, por isso ter óvulos congelados não é garantia de gravidez e sim uma possibilidade, visto que é preservada a idade morfológica na hora do congelamento. É preciso levar em consideração que 50% da fertilização dependerá da história do espermatozoide, mas é um passo muito importante para a mulher não ter uma pressão biológica do tempo correndo contra ela.
Considerações importantes:
O congelamento de óvulos requer consideração cuidadosa. É importante discutir com um especialista em fertilidade para entender completamente o processo.
Além disso, é crucial considerar o aspecto emocional e psicológico do congelamento de óvulos e a jornada de fertilidade que pode acompanhar seu uso posterior. O congelamento de óvulos representa uma revolução na maneira como as mulheres podem planejar seu futuro, oferecendo uma preciosa janela de flexibilidade e autonomia sobre a maternidade.
Ao tomar essa decisão, as mulheres não estão apenas investindo em sua saúde reprodutiva, mas também abrindo espaço para que a vida se desdobre em seus próprios termos, garantindo que a oportunidade de ser mãe aconteça no momento certo para elas.
Comentários estão fechados.