Os folículos antrais são estruturas presentes dentro dos ovários, que podem ser visualizadas por meio do ultrassom ginecológico transvaginal.
Os folículos são os locais onde os óvulos se desenvolvem durante o ciclo menstrual. Os antrais são aqueles que podem crescer na presença de estímulo ovariano, por meio de FSH e LH. O tamanho dos folículos antrais varia de 2 a 10 milímetros, cada.
Reserva ovariana
A foliculogênese tem início ainda no período embrionário, por volta da 18ª semana de gestação, quando todos os folículos ovarianos simultaneamente entram em processo de formação.
Isso significa que, ao nascer, a mulher já possui todas as células reprodutivas com as quais poderá contar ao longo de sua vida, armazenadas no interior dos ovários. Este estoque de folículos é chamado reserva ovariana.
A foliculogênese, durante o período embrionário, resulta na formação dos folículos primordiais, que permanecem estacionados em um estágio de desenvolvimento específico até a puberdade, quando modificações na secreção das gonadotrofinas dão início à vida reprodutiva da mulher.
A partir da puberdade, a função reprodutiva feminina passa a ser organizada de forma cíclica, num processo que tem início com o recrutamento de um número específico de folículos primordiais, para que retome seu desenvolvimento, iniciado no período embrionário.
Durante o desenvolvimento e crescimento folicular, os folículos primordiais transformam-se em folículos primários, que evoluem para folículos secundários, em seguida para os folículos pré-ovulatórios ou de Graaf.
A cada fase do processo, a maior parte dos folículos regride seu desenvolvimento e degenera, fazendo com que apenas um atinja o estágio pré-ovulatório e seja capaz de romper-se, liberando o óvulo contido em seu interior (ovulação).
A ovulação é mediada pela ação das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), bem como dos hormônios sexuais testosterona, estrogênio e progesterona.
“A cada ciclo reprodutivo, portanto, a reserva ovariana da mulher é progressivamente consumida. Esse processo culmina na menopausa, quando a mulher para de ovular e não existem mais folículos ovarianos no interior de seus ovários. Salvos casos, como o de menopausa precoce, quando a mulher tem uma baixa em sua reserva ovariana ainda muito jovem”, explica a médica Andreia Garcia, do IVI Salvador.
O que é a contagem de folículos antrais e para que serve
Nos casos de mulheres com distúrbios ovulatórios, a investigação para a infertilidade feminina pode passar pelo exame de contagem dos folículos antrais. Essa é uma das ferramentas utilizadas no contexto maior, da avaliação da reserva ovariana.
Esse exame consegue estimar, a partir da contagem dos folículos antrais presentes dentro dos ovários da paciente, a quantidade total de folículos disponíveis para a fecundação, em um determinado momento, no início do ciclo reprodutivo.
O exame para contagem de folículos antrais
A contagem de folículos antrais é realizada com auxílio de imagens dos ovários, obtidas através de ultrassom transvaginal. É um exame rápido e bastante simples, que contribui muito para o prognóstico da mulher em relação à resposta ovariana.
Durante o exame, são captadas imagens em tempo real, transmitidas para o monitor, que podem ser observadas pelo médico e pela própria paciente que está realizando o exame.
Pode ser realizado em qualquer fase do ciclo menstrual, embora seja mais fidedigno quando avaliado nos primeiros dias, porque com o passar das fases do ciclo o crescimento do folículo dominante e o aparecimento do corpo lúteo podem prejudicar um estudo completo dos folículos antrais.
Além de permitir a observação detalhada do sistema reprodutivo feminino, esse procedimento também possibilita a captura de imagens estáticas das áreas em que estão localizados os folículos antrais.
A partir dessas imagens, o profissional deve contar, literalmente, a quantidade de folículos antrais, que são aqueles cujo diâmetro varia entre 2 e 10 mm.
Os dados obtidos pela contagem de folículos antrais devem ser cruzados com dados pessoais da paciente, como a idade da mulher e a presença de diagnósticos preexistentes para distúrbios anovulatórios, fatores que podem interferir na reserva ovariana.
A avaliação da reserva ovariana
A contagem de folículos antrais é uma das ferramentas envolvidas na avaliação da reserva ovariana, que também pode ser estimada por dosagens hormonais.
Como os folículos antrais são os mesmos que produzem o hormônio antimülleriano (AMH), é recomendado que esses marcadores da reserva ovariana sejam usados de forma complementar.
Os exames de dosagem hormonal que auxiliam na investigação da reserva ovariana medem a concentração de FSH, hormônio antimülleriano.
Todas as dosagens hormonais podem ser realizadas com uma mesma amostra de sangue, através de um exame simples de laboratório.
Apesar de não existir uma relação direta entre o número de folículos antrais que corresponde a um exato valor de AMH, existe uma certa sincronia nestes resultados. Isso quer dizer que muitos folículos antrais estarão presentes em pacientes com altos valores de AMH e poucos folículos serão visualizados em pacientes com baixos valores de AMH.
Quando o número de folículos antrais é superior a 12, somados os dois ovários, podemos dizer que a reserva ovariana é normal, considerando este método de avaliação e que, se este ovário for estimulado para a fertilização “in vitro”, o número de óvulos obtidos será provavelmente satisfatório.
As avaliações dos resultados
A constatação de que a reserva ovariana se apresenta normal ou baixa, deve ter como base não somente os resultados das dosagens hormonais e da contagem de folículos antrais, considerando de forma relevante também a idade da mulher.
Mulheres a partir dos 35 anos já podem apresentar uma diminuição da sua reserva ovariana apenas pelo fator “idade”.
Ao mesmo tempo, quando a reserva ovariana se mostra baixa antes mesmo dessa idade, sua avaliação pode apontar para a possibilidade de doenças como a menopausa precoce.
“Hoje em dia, cada vez mais as mulheres em idade reprodutiva têm nos procurado desde cedo para preservar sua fertilidade e não ficarem reféns do efeito do tempo. Sabemos que aos 35, já se pode verificar uma reserva ovariana baixa e com a incidência crescente de doenças que podem contribuir para uma infertilidade, essas mulheres estão buscando se antecipar e assegurar que poderão realizar seu sonho da maternidade quando entenderem que chegou a hora certa”, conclui a médica.
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