A gravidez anembrionada é uma condição em que o corpo se prepara para a chegada de um bebê, mas o embrião, infelizmente, não se desenvolve.
Saber que o corpo estava pronto para uma vida que não progrediu é notícia muito difícil de receber. A condição é uma das principais causas de aborto espontâneo no primeiro trimestre de gestação, e pode ocorrer por diversos fatores.
Embora dolorosa, a situação não é rara, muito pelo contrário.
Por isso, a importância de entender o que acontece, quais são os próximos passos e como cuidar de si nesse momento.
O que é gravidez anembrionada
A gravidez anembrionada ocorre quando o óvulo fertilizado se implanta no útero, porém, sem a formação e o desenvolvimento do embrião. Essa condição é considerada uma gestação inviável, pois não há possibilidade de evolução para um feto saudável.
É importante ressaltar que, a gravidez anembrionada é diferente da gravidez ectópica, em que o óvulo fertilizado se implanta e tem desenvolvimento embrionário fora do útero, geralmente nas trompas de Falópio.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, esse tipo de gravidez ocorre em cerca de 1% dos casos, e é mais comum nas primeiras semanas de gestação.
“O corpo da mulher continua a produzir os hormônios típicos da gravidez. E, por isso, ela pode sentir todos os sintomas comuns do início da gravidez. Isso inclui atraso menstrual, náuseas e cansaço, e o teste de gravidez dá positivo. Geralmente, a mulher descobre a condição por meio de um exame de ultrassonografia transvaginal, que mostra a ausência do embrião dentro do saco gestacional”, explica a Dra. Isa Rocha, médica do IVI Salvador.
A condição é considerada uma forma de abortamento espontâneo precoce. E uma das causas frequentes de perdas gestacionais antes das 12 semanas.
Quais são as causas e riscos da gravidez anembrionada
A causa mais comum é uma alteração genética no óvulo ou no espermatozoide que impede o desenvolvimento do embrião. Essa alteração pode ser aleatória ou estar relacionada a fatores como idade materna avançada, tabagismo, alcoolismo, exposição à radiação ou substâncias tóxicas, entre outros.
Outros fatores que podem aumentar o risco de gravidez anembrionada são: problemas na ovulação ou na qualidade dos óvulos.
Doenças da tireoide ou autoimunes; ou infecções uterinas ou pélvicas também podem causar o problema. Obesidade ou desnutrição; estresse ou ansiedade; e uso de medicamentos sem orientação médica, também entram na lista.
“A condição não é causada por algo que o casal fez ou deixou de fazer. É um erro na divisão celular ou na formação genética inicial do embrião. Uma falha que impede que o embrião se desenvolva adequadamente. E tudo isso pode causar um grande impacto emocional e psicológico. Por isso, é importante receber apoio profissional e familiar para lidar com a situação”, acrescenta a especialista.
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas são parecidos com os de um aborto espontâneo. Por isso, o diagnóstico correto depende de exames específicos. Em muitos casos, a mulher só descobre a condição por meio de um exame de ultrassonografia transvaginal.
Este exame permite que o médico visualize as estruturas do útero e confirme a presença ou ausência do embrião. O ultrassom transvaginal chega a mostrar o saco gestacional, mas não o embrião dentro dele.
Na maioria dos casos, pode ser necessário repetir o exame após uma ou duas semanas para confirmar o diagnóstico. Isso porque, em algumas situações, o embrião pode estar muito pequeno ou mal posicionado, e não ser visualizado na primeira ultrassonografia.
No entanto, alguns sinais que podem indicar uma gravidez anembrionada, como sangramento vaginal leve ou moderado; cólicas abdominais ou lombares; diminuição dos sinais de gravidez, como náuseas, vômitos, sensibilidade nos seios ou aumento da frequência urinária. E ainda, a ausência de batimentos cardíacos fetais na ultrassonografia.
Existe tratamento?
O tratamento da gravidez anembrionada depende de cada caso e pode ser feito de três formas. Esperar a eliminação natural do saco gestacional, que pode ocorrer em algumas semanas após o diagnóstico. Nesse caso, a mulher deve ser acompanhada pelo médico e fazer exames de ultrassom para verificar se não há restos ovulares no útero.
Usar medicamentos que induzem as contrações uterinas e a expulsão do saco gestacional. Esses medicamentos podem causar sangramento, cólicas e náuseas, e devem ser usados sob orientação médica.
Ou ainda, realizar uma aspiração intrauterina, que é um procedimento cirúrgico que consiste em raspar o interior do útero para retirar o saco gestacional.
Gravidez Anembrionada e Reprodução Assistida
A Fertilização In Vitro tem algumas vantagens que podem reduzir o risco de gestação anembrionada, como a seleção dos melhores óvulos e espermatozoides, a avaliação da qualidade dos embriões e o exame PGT para detectar alterações genéticas.
“Hoje, com o avanço da medicina reprodutiva, conseguimos realizar uma série de teste e exames antes da transferência do embrião, o que reduz consideravelmente as chances de desenvolvimento de problemas e condições muitas vezes comuns”, explica a médica.
Em quanto tempo a mulher pode engravidar novamente após uma gravidez anembrionada?
É recomendado esperar pelo menos um ciclo menstrual para tentar uma nova gestação. Isso permite que o útero se recupere plenamente e que os níveis hormonais se estabilizem. Além disso, é importante que a mulher faça um acompanhamento médico e até psicológico em alguns casos antes de tentar engravidar novamente.
Mulheres que passaram por uma gestação anembrionada na maioria das vezes têm uma gravidez saudável após o problema. No entanto, recomenda-se discutir o plano com o médico.
É importante entender que a gestação anembrionada não é necessariamente um reflexo da saúde geral da mulher ou da qualidade do espermatozoide do parceiro. Muitas vezes, a condição é causada por anomalias genéticas no embrião que impedem seu desenvolvimento adequado.
Além disso, a gestação anembrionada é uma condição relativamente comum, e a maioria das mulheres que a experienciam consegue engravidar com sucesso em tentativas subsequentes.
O acompanhamento médico adequado e a adoção de um estilo de vida saudável são os melhores passos para otimizar as chances de uma gravidez bem-sucedida no futuro.
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