A hipospádia é uma malformação congênita. Trata-se de uma abertura uretral que se localiza em uma posição anormal ao longo do pênis. Ela pode variar significativamente em termos de gravidade e localização.
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, cerca de 1 em cada 250 meninos nasce com hipospádia. O diagnóstico e o tratamento devem ser realizados precocemente.
O que é a hipospádia?
Uma anomalia congênita do sistema urogenital masculino, caracterizada pela abertura da uretra em uma posição anormal ao longo do pênis. Normalmente, a uretra se abre na ponta do pênis, mas em casos de hipospádia, essa abertura pode ocorrer em qualquer ponto, desde a base até perto da glande.
A condição varia em gravidade, desde formas leves, onde a abertura uretral está apenas ligeiramente deslocada. Até formas graves, onde ela pode estar localizada perto do escroto ou, em casos raros, dentro dele.
A formação incorreta da uretra geralmente ocorre durante as primeiras semanas de gestação, quando o pênis está se formando.
Embora as causas exatas da hipospádia ainda não sejam totalmente conhecidas, acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais contribua para seu desenvolvimento.
Alguns fatores de risco são: uso de tratamentos hormonais e idade materna acima de 35 anos; além de histórico familiar da condição.
Embora essa condição possa trazer desafios como dificuldades na micção e problemas estéticos, é importante notar que ela não afeta a fertilidade ou a capacidade de ter relações sexuais na vida adulta, especialmente quando tratada adequadamente desde a infância.
A hipospádia é grave?
A gravidade da hipospádia está diretamente ligada à posição do meato, que é a abertura da uretra. Dependendo de onde essa abertura se encontra, a condição é classificada em diferentes tipos.
A Distal tem a abertura próxima à glande, sendo um caso mais frequente e leve.
Na Peniana média, o meato está situado no centro do corpo do pênis, indicando um nível intermediário de gravidade.
A Proximal tem a abertura junto ao escroto.
Já a Perineal, traz abertura na região entre o escroto e o ânus, sendo a forma mais grave.
As formas mais leves, como a distal, costumam causar poucas alterações estéticas e funcionais. Já as formas mais próximas ao escroto ou ao períneo podem gerar complicações mais complexas, como dificuldade urinária e curvatura peniana acentuada, também podendo comprometer a função sexual na idade adulta.
Consequências da hipospadia
As consequências da hipospádia dependem da gravidade e do tipo da malformação. Quando a abertura da uretra está fora da posição normal, pode haver alterações no padrão urinário. Nas formas distais e médias, o jato costuma ser fraco, bifurcado, desviado ou apontado para baixo, o que dificulta a micção em pé.
Muitos casos de hipospádia apresentam curvatura peniana acentuada causada por um tecido fibroso na base do pênis. Na infância, essa curvatura pode ser discreta, mas tende a piorar com a puberdade e o crescimento peniano. Se não tratada, pode comprometer a função sexual na vida adulta, dificultando ou impedindo a penetração e, em alguns casos, causando dor durante a ereção.
Outro problema é o estreitamento da uretra, condição conhecida como estenose uretral. Essa condição pode ocorrer devido à própria malformação congênita ou como resultado de cicatrizes após a cirurgia de correção. Esse estreitamento dificulta a passagem normal da urina, causando dor, retenção, pulverização da urina e infecções.
Em casos graves, a hipospádia pode causar disfunções sexuais, como dificuldade para manter a ereção, dor durante o sexo e ejaculação anormal. Homens que passaram por várias cirurgias têm maior risco, pois as cicatrizes podem comprometer a sensibilidade e a funcionalidade do pênis, gerando também insatisfação com o desempenho sexual.
“As alterações na aparência do órgão genital causadas pela hipospádia, somadas às possíveis consequências nos aspectos funcionais e sexuais, podem impactar profundamente a autoestima do paciente. Essa condição pode gerar insegurança, vergonha, ansiedade social e até quadros de depressão, dificultando relacionamentos íntimos”, conta o médico Agnaldo Viana, do IVI Salvador.
Diagnóstico e tratamento da hipospádia
O diagnóstico geralmente é feito logo após o nascimento, durante o exame físico de rotina do recém-nascido. O pediatra identifica a localização da uretra, a curvatura peniana e as alterações no prepúcio. O tratamento é exclusivamente cirúrgico e deve ser realizado entre os 6 meses e os 2 anos de idade, com o objetivo de prevenir as consequências tanto no curto quanto no longo prazo.
A cirurgia de hipospádia consiste em fechar a abertura anômala da uretra e reconstruir uma nova saída na ponta do pênis. Em alguns casos, é necessário utilizar a pele do prepúcio, motivo pelo qual a circuncisão deve ser evitada antes da cirurgia. A operação é realizada sob anestesia geral e dura entre 2 e 4 horas, dependendo da complexidade.
Acompanhamento e tratamentos de suporte
Após a cirurgia, é crucial um acompanhamento contínuo para monitorar a função urinária e a estética do pênis, assim como para tratar qualquer complicação que possa surgir, como estenose uretral ou fístulas urinárias.
O tratamento adequado para cada caso específico depende da gravidade da situação e de outros fatores individuais, sendo determinado após uma avaliação detalhada por um especialista em urologia pediátrica.
Além das intervenções cirúrgicas, tratamentos de apoio podem incluir terapias hormonais para estimular o crescimento do pênis antes da cirurgia, principalmente em crianças com hipospádia severa.
Acompanhamento psicológico também pode ser recomendado para ajudar a lidar com questões de autoimagem e estigma associados à condição.
Posso ter um bebê se tiver hipospádia?
O homem pode ter dificuldade para engravidar através da relação sexual se tiver uma forma mais grave de hipospádia ou se o seu pênis estiver muito curvado devido à hipospádia.
Sem tratamento, a condição pode causar problemas na penetração do pênis na vagina e na chegada do sêmen ao interior da vagina. Isso pode afetar sua capacidade de ter filhos biológicos por meio de relações sexuais. Por isso é tão importante o diagnóstico e tratamento precoce.
Graças aos avanços nas técnicas cirúrgicas e na compreensão médica da anomalia, a maioria dos indivíduos afetados pode esperar resultados funcionais e estéticos muito bons.
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