A infertilidade feminina se caracteriza pela incapacidade de engravidar após um período médio de um ano de relações sexuais frequentes e sem métodos contraceptivos. Mas calma! Se isso está acontecendo, fique sabendo que você não está sozinha.
Segundo estatísticas da OMS (Organização Mundial de Saúde), entre 50 e 80 milhões de pessoas no mundo podem apresentar infertilidade. No Brasil, os números chegam a aproximadamente 8 milhões. Por conta das mais diversas causas. O problema pode estar no homem e na mulher.
Estima-se que 35% dos casos de infertilidade estão relacionados à mulher. E, 35% aos homens. Em torno de 20%, o problema está nos dois (devido à junção de dificuldades dos dois lados do casal). E em 10% as causas da infertilidade são desconhecidas (Infertilidade Sem Causa Aparente – ISCA).
A boa notícia é que a maioria dos casos tem tratamento. O sonho de ser tornar mãe é possível, graças às técnicas de reprodução assistida.
Infertilidade feminina e a idade
Existem algumas causas para a infertilidade feminina. A principal delas chama-se: idade. As mulheres nascem com um número definido de óvulos (entre 1 e 2 milhões). Não existe o aumento desses óvulos ao longo da vida. Por conta disso, com o passar dos anos, a reserva ovariana diminui, assim como a qualidade dos óvulos.
Ainda no útero da mãe, um feto do sexo feminino tem em torno de 20 milhões de óvulos. Mas 75% deles são perdidos no nascimento e, após o início da menstruação, perde-se uma quantidade todo mês. Assim, o processo de envelhecimento da mulher diminui as chances de engravidar.
O endométrio fica mais fino, o que dificulta a implantação do embrião. E os ciclos menstruais tornam-se irregulares e curtos, o que prejudica a fertilidade. Entre os 20 e 30 anos, a mulher está no seu ápice fértil. Nessa idade, apenas 3,5% delas apresentam infertilidade.
A partir dos 35 anos as chances de gerar uma criança diminui em cerca de 3 a 5% ao ano. A fertilidade da mulher começa a reduzir drasticamente: apenas 10% das reservas de óvulos iniciais ainda estão disponíveis. E a taxa de infertilidade chega aos 11%.
Depois dos 40 anos, a redução da fertilidade é ainda maior. A porcentagem de óvulos disponíveis cai para 2,5%, e a taxa de infertilidade chega a altos 87%. Aos 50 anos, praticamente todas as mulheres terão infertilidade. Por isso que quando a mulher ultrapassa os 35 anos deve buscar a ajuda logo após 6 meses de tentativas.
Outras causas da infertilidade feminina
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um problema ligado a distúrbios metabólicos e hormonais. A mulher que tem ovários policísticos necessita de alguns cuidados específicos.
Nesse caso, os ovários aumentam de tamanho devido ao acúmulo de folículos estacionados. Isso causa múltiplos cistos, deixando a ovulação e, como consequência, a menstruação irregulares. Além disso pode ocorrer o aumento de peso, de oleosidade na pele, e aumento de pelos no corpo devido a uma maior produção de hormônios masculinos.
E o mais temido de todos: dificuldade para engravidar ou infertilidade. Mas, a síndrome tem tratamento, que é feito a partir da administração de hormônios que estimulam a ovulação, aumentando assim, a chance da mulher engravidar naturalmente.
Outra das possíveis causas da infertilidade feminina são as infecções pélvicas. Elas podem ser causadas por fungos, vírus ou bactérias. E acabam provocando alterações nas tubas uterinas e outros órgãos sexuais das mulheres, devido à presença de inflamações.
Essas inflamações fazem com que esses órgãos percam suas funções, prejudicando assim a fertilidade e implantação dos óvulos no útero. Causando por fim dificuldade de engravidar e infertilidade.
Causas hormonais, que acabam levando a distúrbios de ovulação, também podem provocar infertilidade. Alterações da tireoide e prolactina podem interromper o equilíbrio hormonal necessário para a ovulação, levando a ciclos menstruais irregulares.
Outra causa da infertilidade feminina são os miomas. O mioma, como fator isolado, é responsável por apenas 4% das causas de infertilidade. E, como se trata de uma alteração comum, podem ser encontrados durante a investigação da infertilidade. Mas, na maioria das vezes, não é a causa ou o único fator de infertilidade.
Porém, a localização e o tamanho do mioma podem comprometer a fertilidade. Quando localizados no endométrio (miomas submucosos), local de implantação do embrião, podem comprometer a fertilidade e devem ser cuidadosamente avaliados.
Os miomas intramurais – localizados na parede uterina – podem distorcer a cavidade uterina e reduzir a chance de gestação. Não costuma ter sintomas. Os miomas subserosos, que ficam na parte externa do útero, dificilmente comprometem a fertilidade.
A endometriose é a principal causa de infertilidade feminina
Por fim, a endometriose, que é uma doença com grande relevância. Devido ao número de casos ter aumentado consideravelmente nas últimas décadas. A doença caracteriza-se pela presença de tecido endometrial, em outras regiões como os ovários e intestinos.
O problema atinge mais de 7 milhões de mulheres no país, e está presente em aproximadamente 50% dos casos de infertilidade. A doença pode atrapalhar a gravidez por vários motivos. Entre eles causar problemas na ovulação e na fixação do embrião, além de dificuldades de transporte do óvulo fecundado.
Tratamentos para a infertilidade feminina
A mulher deve ter em vista que, mesmo com os tratamentos da infertilidade de alta complexidade, um dos fatores mais importantes que determina a taxa de sucesso é a sua idade.
A partir dos 35 anos, a fertilidade diminui em um terço. Então uma das soluções preventivas que podem ajudar é o congelamento de óvulos. Ele funciona não apenas para as mulheres que irão tratar alguma doença grave; mas também aquelas que querem garantir que no futuro, tenham óvulos de qualidade.
Se identificada a infertilidade e a mulher não planejou o congelamento prévio dos óvulos, existem ainda assim diversas possibilidades. Os principais tipos de tratamento da infertilidade, nesse caso, são: fertilização In Vitro (FIV) quando a fecundação do óvulo pelo espermatozoide é feita em laboratório.
Inseminação intrauterina é a inserção de espermatozoides pré-selecionados dentro do útero, no consultório. É uma técnica de baixa complexidade, e o embrião se desenvolve integralmente dentro da mulher.
A ovorecepção é uma técnica em que se realiza a FIV com os óvulos de uma mulher mais jovem (doadora) e após o desenvolvimento do embrião, transfere-se o mesmo para o útero da mulher receptora.
O útero de substituição também é uma opção
E, em último caso o útero de substituição, que é um tratamento realizado quando a mulher não pode gestar. Ou pelo fato de não ter útero ou pela presença de doenças graves que contraindicam a gravidez, mas tem óvulos capazes de gerar um bebê. Nesta situação, este casal gera o embrião através da fertilização in vitro e, este embrião, é transferido no útero de outra mulher, que “carrega” o bebê por 9 meses e dá a luz.
“São muitas as causas que podem provocar a infertilidade feminina. Porém, existem também muitos tratamentos disponíveis hoje em dia, com resultados cada vez mais eficazes. Todos eles podem ajudar o casal e a mulher infértil. O mais importante é que esse casal se apoie, se complemente e entenda que a infertilidade não é um problema de um ou de outro; e sim de ambos. Essa rede de apoio também influencia muito na hora do tratamento”, explica a Dra. Isa Rocha, ginecologista do IVI Salvador.
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