A progesterona é o hormônio produzido pelos ovários, principalmente após a ovulação, pelo chamado corpo lúteo. Quando a gravidez acontece, a placenta assume essa produção.
Embora seja muito comum ouvirmos falar sobre esse hormônio, é fundamental compreender a sua importância para saúde reprodutiva da mulher.
Seu papel principal é preparar o útero para receber o embrião. A progesterona é como se fosse uma “arquiteta” do ninho, deixando o ambiente pronto para a implantação.
Sem a quantidade certa de progesterona, tanto a fertilização natural quanto os tratamentos de reprodução assistida podem ficar comprometidos.
Progesterona baixa: os sinais que o corpo dá
A progesterona é um hormônio essencial para quem deseja engravidar. Quando está em baixa, pode trazer dificuldades, porém isso não significa o fim do sonho da maternidade.
Quando a progesterona está em níveis baixos, abaixo de 10 ng/mL, o corpo costuma dar alguns sinais. Eles podem ser sutis, mas fazem a diferença na rotina diária das mulheres.
Alguns sintomas incluem irregularidades nos ciclos menstruais, menstruação intensa ou prolongada, escapes antes da menstruação e até mesmo ciclos muito curtos.
Além disso, o humor pode ficar mais instável, com irritação, ansiedade e até quadros de enxaqueca.
Outros sinais comuns são a fadiga, o inchaço e a diminuição da libido. É importante ficar atento aos sinais que o corpo dá. Muitas vezes, eles indicam algum desequilíbrio hormonal.
Com diagnóstico adequado, cuidados básicos, acompanhamento médico e as opções oferecidas pela medicina reprodutiva, é possível contornar os obstáculos e alcançar uma gestação saudável.
Causas comuns da progesterona baixa
A queda da progesterona pode estar ligada a diferentes fatores. Um deles é o ciclo anovulatório. Quando a ovulação não acontece, não há formação do corpo lúteo, e consequentemente a progesterona não é produzida.
Condições hormonais como hipotireoidismo, níveis elevados de prolactina ou síndrome dos ovários policísticos também podem estar por trás do problema. O estresse crônico e a má alimentação são outros vilões comuns.
A idade é outro ponto decisivo. A partir dos 35 anos, a reserva ovariana diminui, e os níveis de progesterona também podem cair.
A fase lútea e os folículos ovarianos
O ciclo menstrual é dividido em quatro principais fases: menstruação, fase folicular, ovulação e fase lútea. Primeiro, vem a menstruação, que é a expulsão do revestimento do útero (endométrio), seguida pela fase folicular, onde um folículo ovariano amadurece um óvulo, vale ressaltar, que é justamente nessa fase que a progesterona está naturalmente baixa.
Depois da ovulação, entra em cena o corpo lúteo, formado a partir do folículo que liberou o óvulo, e que passa a produzir a progesterona. É nesse período que os níveis desse hormônio atingem seu pico, no meio da fase lútea.
Quando isso não acontece, o endométrio não consegue receber bem o embrião. Esse quadro é chamado de “defeito da fase lútea” e pode dificultar muito a ovulação.
É possível engravidar com progesterona baixa?
A resposta é sim, mas as chances diminuem. Com a progesterona baixa, a implantação do embrião no útero se torna mais difícil, e os riscos de aborto espontâneo, gravidez ectópica e parto prematuro aumentam.
Quando os níveis estão abaixo do ideal, a probabilidade de implantação do embrião diminui. É como tentar plantar uma semente em um solo pouco fértil: pode até pode germinar, mas as chances de desenvolver bem são menores.
É necessário manter os devidos cuidados, como monitoramento médico e, muitas vezes, um suporte hormonal extra. O mais importante é não ignorar os sinais do corpo, buscar diagnóstico e entender que há caminhos possíveis.
“Pesquisas indicam que mulheres com progesterona abaixo de 8,8 ng/ml no dia da transferência embrionária têm redução significativa nas taxas de gravidez. Isso mostra que, em processos como a Fertilização in Vitro (FIV), a progesterona é peça-chave. Ou seja, mesmo diante da deficiência, a medicina reprodutiva tem ferramentas eficazes para equilibrar os níveis hormonais e aumentar as chances de sucesso”, afirma o médico Agnaldo Viana, do IVI Salvador.
FIV e progesterona: por que caminham juntas?
Na FIV, os ovários são estimulados para produzir vários folículos. Esse estímulo, porém, pode desregular a produção natural da progesterona. Por isso, é essencial que a mulher receba suporte hormonal externo.
Esse suporte aumenta as chances de implantação do embrião e dá mais segurança para a evolução da gestação. Geralmente, a reposição é feita por via vaginal, considerada mais eficiente e com menos efeitos colaterais.
Como repor a progesterona baixa
A reposição deve ser sempre acompanhada por um médico. Ela pode ser feita de diferentes formas: comprimidos orais, supositórios vaginais ou injeções. A escolha da via depende de cada caso.
Em tratamentos de fertilidade ou situações de risco de aborto, a reposição vaginal costuma ser a mais indicada.
Para avaliar se há deficiência, o exame de sangue é fundamental. Ele costuma ser feito por volta do 20º dia do ciclo, que é quando a progesterona deveria estar mais alta.
Esse teste ajuda a confirmar se houve ovulação e se o corpo lúteo está funcionando adequadamente. Em casos de abortos recorrentes, sangramentos ou dificuldades para engravidar, o exame é ainda mais importante.
Não se trata apenas de medir hormônios, mas de entender o ciclo de cada mulher, suas particularidades e seus desejos.
Na prática, o acompanhamento com especialistas em medicina reprodutiva permite identificar exatamente o que está acontecendo. Muitas vezes, a baixa progesterona é apenas a ponta do iceberg.
O médico investiga outros hormônios, a qualidade dos óvulos, a saúde do endométrio e até aspectos emocionais que podem interferir. É importante lembrar que, quando o assunto é identificar de onde pode vir o problema, não se pode descartar que o parceiro também precisa passar por exames.
Esse acompanhamento especializado permite identificar o problema, indicar o tratamento correto e ajustar as doses no momento certo. Em casos em que a solução seja a FIV, por exemplo, é o suporte médico que garante a reposição necessária do hormônio, para aumentar as chances de sucesso do tratamento.
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