A Síndrome dos Ovários Policísticos, mais conhecida pela sigla SOP, é uma doença endócrina. Ela tem como elementos principais o hiperandrogenismo e a anovulação crônica.
A doença é um distúrbio hormonal muito comum, caracterizado pela presença de cistos – pequenas bolsas líquidas presentes nos ovários. E, que podem causar irregularidade menstrual, acne, obesidade e infertilidade. A diferença entre cisto no ovário e ovário policístico está no tamanho e na quantidade de cistos.
A SOP representa uma das desordens endócrinas reprodutivas mais comuns em mulheres. E acomete em torno de 5% a 10% da população feminina em idade fértil. Por conta desses altos índices, setembro foi eleito o Mês de Conscientização sobre a Síndrome dos Ovários Policísticos.
“É fundamental que as mulheres estejam sempre observando seu corpo e ao menor sinal de que algo não está normal, procure ajuda médica. De um modo geral, quanto mais cedo buscar ajuda médica e iniciar o tratamento adequado, melhor”, fala a médica ginecologista Dra. Andreia Garcia, do IVI Salvador.
Como diagnosticar a Síndrome dos Ovários Policísticos e seus principais sintomas
O diagnóstico da doença é feito pelo exame de ultrassom transvaginal, aliado a exames de sangue para dosagem de hormônios e pela avaliação dos sintomas que a paciente apresenta.
A suspeita de SOP se fundamenta em irregularidade menstrual e sinais de hiperandrogenismo, como hirsutismo, acne, aumento das concentrações séricas de testosterona total, livre ou de androstenediona.
Em geral, as menstruações são espaçadas, a mulher menstrua apenas poucas vezes por ano, mas também pode haver menstruação intensa ou ausência de menstruação.
Concentrações séricas de LH geralmente encontram-se elevados e de FSH normais ou baixos, embora de 20% a 40% das pacientes não apresentem estes sintomas.
A maioria das mulheres com SOP apresentam aumento da resistência à insulina e hiperinsulinemia compensatória.
Ainda podem ser sintomas de SOP a tendência à obesidade, sendo que o ganho de peso piora a síndrome. E também pode haver queda de cabelo e depressão.
A infertilidade também pode ser um sinal da Síndrome dos Ovários Policísticos.
“Diagnosticar a SOP envolve a realização de exames complementares, mas principalmente a observação dos sintomas clínicos da paciente. Por isso é tão importante que essa paciente mantenha uma regularidade de consultas e revisões com seu médico. Como alguns fatores podem ser considerados “normais” isoladamente, mas o tempo pode atenuá-los, essa relação médico paciente pode ser a chave para identificar a doença”, explica a médica.
As possíveis causas da Síndrome dos Ovários Policísticos
Ainda não se conhece uma causa específica da síndrome do ovário policístico, mas sabe-se que metade das mulheres com essa síndrome têm problemas hormonais, como excesso de produção de insulina pelo pâncreas e o restante apresenta problemas nas glândulas hipotálamo, hipófise e adrenais, produzindo maior quantidade de hormônios masculinos.
A doença é vista principalmente em mulheres com idade entre os 20 e os 40 anos, portanto, no auge da idade reprodutiva.
“Por isso as mulheres precisam investigar. Especialmente se ela tem a intenção de ser mãe. De repente, a depender da avaliação e dos exames, buscar um meio de preservar sua fertilidade caso seja viável, para após a conclusão do tratamento, voltar a pensar na realização do sonho da maternidade”, pondera a especialista.
Tratamento para SOP
Assim como se trata de uma doença crônica, o tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos objetiva a melhora dos sintomas.
Mulheres de 15 ou 16 anos, obesas, com pelos no rosto e no corpo e acne precisam emagrecer. Às vezes, só a perda de peso ajuda a reverter o quadro.
Se não forem obesas, a atenção se volta para o controle da produção de hormônios masculinos, o que se consegue por meio de medicamentos que atuam, também, na regulação da menstruação, na redução da produção de oleosidade pelas glândulas sebáceas e na diminuição do crescimento de pelos.
Como há tendência ao ganho de peso, o tratamento pode incluir medicamentos para prevenir o diabetes e outros para evitar o colesterol elevado. Os casos de infertilidade também respondem bem ao tratamento com medicamentos.
“Não há um tratamento padrão. Assim como a saúde é individualizada, o tratamento também será. Cada caso requer um protocolo de tratamento que não necessariamente se aplica a outro. Por isso, não se baseie no tratamento que uma amiga ou parente fez. Busque ajuda e tente resolver o seu problema”, diz Dra. Andreia.
Tratando a infertilidade
Dieta e exercícios físicos representam o tratamento de primeira linha, melhorando a resistência à insulina e retorno dos ciclos ovulatórios, mesmo na ausência de perda de peso.
É comum que o tratamento para infertilidade em pacientes com SOP utilize algum medicamente para a indução da ovulação nas mulheres. Com isso, os números mostram que cerca de 50% a 80% das pacientes apresentam ovulação e 40% a 50% engravidam.
Algumas recomendações para mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos
Consultar regularmente seu ginecologista é a dica prioritária para as mulheres acometidas com SOP. Não deixe de fazer os exames ginecológicos e outros que ele possa indicar e mantenha a saúde em dia.
Mulheres com ovário policístico correm maior risco de desenvolver problemas cardiovasculares na menopausa, por isso toda atenção nessa etapa deve ser redobrada.
Caso desejem, mulheres com ovários policísticos podem realizar procedimentos estéticos para remoção de pelos, como eletrólise, laser entre outros. Isso não afeta a saúde em si e ajuda a elevar a autoestima da paciente.
Um item de fundamental importância é o controle do peso, principalmente com dietas de baixo teor de carboidratos. A obesidade agrava os sintomas da síndrome do ovário policístico, além de por si só causar uma série de outras complicações para a saúde da mulher.
Para combater a obesidade é ideal ter cuidados com a alimentação e buscar orientações com nutricionistas. A atividade física por pelo menos 30 minutos, cinco dias por semana, é essencial. Tanto para manutenção do peso ideal como para prevenir os problemas cardiovasculares.
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