Em 1987 a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu 31 de maio como Dia Mundial sem Tabaco. A iniciativa visou alertar a população sobre os riscos do hábito de fumar, seus impactos no organismo e na sociedade. Consequentemente, reforçar a importância de combater e prevenir o consumo do tabaco. Em 2018, a OMS estimou que há 1,1 bilhão de fumantes em todo o mundo.
A população já reconhece o tabaco e as demais substâncias que compõem os cigarros comercializados no Brasil como vilões de órgãos como coração e pulmão. Alteração da pressão arterial, aumento do risco de doenças cardiovasculares e ampliação da probabilidade de desenvolver cânceres no sistema respiratório, como pulmão e garganta.
Além destas questões amplamente divulgadas, há impactos do hábito em outras partes do corpo humano. Especificamente, no sistema reprodutor, que ainda são pouco disseminados, sobretudo quando estão relacionados aos homens, sendo, portanto, importante ampliar o acesso a estas informações.
Tabagismo x Sistema Reprodutor
O consumo de tabaco entre os homens é maior. De acordo com dados do Ministério da Saúde, considerando 2017, 13,2% dos brasileiros adultos do sexo masculino fumam, enquanto entre as mulheres este valor é de 7,5%.
Os prejuízos para futuros pais e mães são os mais variados. Estudos apontam para malefícios relacionados, desde a diminuição quantidade de materiais genéticos apresentados, até comprometimento da qualidade, com resultados como alterações cromossômicas.
Nos sistema reprodutor deles, há prejuízos diretos relacionados aos espermatozóides e testículos. Resultado aprontado em pesquisa científica realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgada em 2016. Os pesquisadores analisaram espermatozóides de 40 homens, divididos igualmente entre fumantes e não-fumantes, e constataram que o uso de substâncias presentes no cigarro diminui a chance de fecundação e provocam perdas na qualidade da gestação e, até mesmo, na saúde da criança após o nascimento, incluindo ampliação da probabilidade de desenvolver cânceres infantis.
As conseqüências apresentadas no sistema reprodutor feminino são mais conhecidas em geral e vão desde o comprometimento da reserva ovariana, com maior probabilidade de antecipação da menopausa em até 02 anos entre as fumantes, por exemplo, até complicações na gestação e parto, e também para saúde do filho após o nascimento.
Riscos e consequências
Pesquisas em animais e em seres humanos reconhecidas pela medicina reprodutiva comprovam que as substâncias contidas no cigarro causam danos. Disfunções no ovário, processo de amadurecimento dos óvulos, endométrio e ao líquido folicular das fumantes, o que prejudica a fecundação dos bebês. As conseqüências são verificadas nas gestações naturais e também nas originárias a partir da medicina reprodutiva, nas quais há um número maior de ciclos sem resultado satisfatório (duas vezes mais do que as não-fumantes).
A manutenção do hábito afeta também o desenvolvimento da gravidez e provoca, dentre outras coisas, a contração dos vasos da placenta. Isso diminui o fluxo sanguíneo disponibilizado para o feto. Pesquisas apontam ainda, que uma pessoa que conviveu com o cigarro durante a infância, tem mais probabilidade de desenvolver problemas cardiovasculares e cânceres, mesmo que não seja fumante, e estes ricos se mantêm até a fase adulta.
Além de todos estes danos relacionados diretamente com o sistema reprodutor, há outros aspectos negativos comuns entre todas as pessoas fumantes, e que são ainda mais comprometedores em casais que desejam ter filhos, como é o caso do sobrepeso e de alterações hormonais. Estes podem ser provocados pelo vício, e que prejudicam a fertilidade dos envolvidos, a gestação e a saúde das crianças.
Desta forma, o abandono do cigarro torna-se ainda mais imperativo em casais em idade fértil. Além do cigarro, é fundamental abandonar outros hábitos e adotar uma vida mais saudável e equilibrada. Não utilizar outras drogas, como álcool e substâncias ilícitas, praticar atividades físicas, equilibrar a alimentação e combater o stress são itens que compõem a lista de recomendações para os casais que desejam ter uma saúde reprodutiva preservada.
O problema do cigarro no mundo e no Brasil
Pesquisas revelam que a questão em gerações anteriores era ainda mais séria, pois a população mundial desconhecia os malefícios do tabagismo. Esta prática era reconhecida apenas como um hobby. Após estudos, as informações foram sendo alarmantes e a situação demandou diversas ações educativas e implantações de Políticas Públicas.
Foi preciso mudar o conceito do fumo como algo inofensivo, e defini-lo como um hábito provocador de problemas sérios na saúde. Ocorre complicações em todo o organismo tanto do fumante, como dos chamados “fumantes-passivos”. Aqueles que não fazem uso da substância de maneira direta, mas sofrem os efeitos através do convívio com a fumaça produzida por um usuário e danos ao meio ambiente provocados pelo descarte dos cigarros.
Apesar disso, o consumo do cigarro ainda é um grave problema mundial, mas há registros de avanços. A mudança de pensamento e a adoção de estratégias de enfrentamento atingiram resultados positivos em diversos países, especialmente no Brasil. O país intensificou campanhas educativas, fortaleceu a Legislação, ampliou a rede de tratamento pelo Sus, e combateu ações de incentivo ao consumo. Um bom exemplo são as regras de publicidade, que proíbem campanhas de vendas de cigarro em veículos de comunicação em massa. Também obrigam os fabricantes a estamparem alertas sobre os riscos apresentados pelas substâncias nas embalagens dos produtos.
O que apontam os indicadores
As iniciativas resultaram numa queda significativa no número de usuários. Segundo um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde, em 2017, 10,1% dos brasileiros eram fumantes. Este número era de 15,7% em 2006. De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN). Em 1989 os dados eram mais preocupantes e revelavam que 34,8% dos brasileiros acima de 18 anos eram praticantes do hábito de fumar.
Apesar dos avanços, o tabaco é a segunda droga mais experimentada entre os brasileiros, ficando atrás apenas do álcool e, ainda é responsável por altas taxas de mortalidade no mundo, sendo associado a cerca de 156mil mortes/ano no Brasil. Segundo estudo divulgado pela Fiocruz, que considera o ano de 2015. Considerando todo o mundo, a OMS apontou em 2018 que 7 milhões de mortes/ano podem ser associados ao cigarro, sendo 900 mil delas apresentadas em não-fumantes.
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