Há algumas décadas, mulheres com 40 anos eram vistas como velhas. Com certeza, um exagero da época. Felizmente o mundo evoluiu, as pessoas estão vivendo mais e o preconceito, de qualquer tipo, tem sido combatido.
Se falarmos de evolução, as mulheres, apesar de ainda terem muitas reivindicações a serem atendidas, vêm ganhando mais espaço na sociedade, especialmente no âmbito profissional. E muitas, apesar do desejo incondicional de ser mãe, acabam adiando esse sonho. Por conta disso, elas também enfrentam um dos maiores vilões: a reserva ovariana.
“As mulheres estão engravidando cada dia mais tarde. Essa mulher madura tem ensinado que os sonhos não envelhecem. Às vezes, eles só ficam adormecidos aguardando a hora certa. Se no passado, o início da maternidade era aos vinte, hoje, a média de idade do primeiro filho supera os trinta e cinco, com tendência a aumentar. E isso requer cuidados e um planejamento”, conta Dr. Agnaldo Viana, do IVI Salvador
Por isso, é importante colocar na ponta do lápis a equação que leva em conta a reserva ovariana. Isso porque a mulher já nasce com a quantidade total de óvulos da sua vida. A reserva ovariana de oócitos (células germinativas femininas) é formada durante o seu desenvolvimento, quando ela ainda está na barriga da mãe.
Esse suprimento, representa o montante que estará disponível para sustentar a fertilidade feminina durante parte da sua vida. E após o nascimento, as mulheres não produzem novos óvulos, só reduzem aqueles que já possuem.
Sendo assim, por volta dos 45 anos a reserva ovariana da mulher começa a decair acentuadamente até chegar à menopausa, que geralmente ocorre em uma idade média de 52 anos. Desta forma, além do fator biológico ligado à idade, outras situações externas também podem influenciar nesta condição.
O que é baixa reserva ovariana
Até a metade da gestação, um bebê do gênero feminino tem de 6 a 7 milhões de óvulos. Quando nasce, esse número cai para 1 a 2 milhões. E, desse momento em diante, não para mais de perdê-los. Na adolescência, por volta dos 12 ou 13 anos, quando costuma ocorrer a primeira menstruação, só restam em torno de 400 a 500 mil óvulos.
A partir daí, a reserva ovariana vai diminuindo progressivamente. A perda de folículos em cada ciclo menstrual é inevitável. Faz parte do ciclo natural da mulher. A partir dos 35 anos, aproximadamente, tanto a quantidade, quanto a qualidade desses óvulos diminui. Por esta razão, o ovário vai esvaziando até que, no fim dos 30 e início dos 40 anos, o estoque de óvulos no corpo feminino estará seriamente comprometido.
Com o passar dos anos, a fertilidade vai decaindo, até chegar na menopausa, quando a mulher para de ovular.
Desta forma, se a mulher tem planos de ser mãe e não está conseguindo engravidar, é importante que ela tenha dados sobre sua reserva ovariana. Com essas informações, obtidas através de exames (FSH, CFA e hormônio anti-mülleriano), o médico pode avaliar como está a fertilidade da paciente.
Os folículos antrais, que são estruturas biológicas que contêm os óvulos nos ovários, produzem um hormônio chamado Anti-Mulleriano (AMH). O baixo nível dele no sangue é, consequentemente, um forte indicativo da quantidade de óvulos reduzida na mulher.
Causas da baixa reserva ovariana
O principal fator da baixa reserva ovariana é a idade. Mas ela pode ser acelerada por diferentes aspectos, como cirurgia de retirada de cistos nos ovários, endometriose e tratamento com quimioterapia ou radioterapia.
Também entram no rol as doenças autoimunes (como lúpus eritematoso sistêmico), causas genéticas (síndrome de Turner), falência ovariana e menopausa precoce; e tabagismo.
Por isso, quando uma mulher com vida sexual ativa tem dificuldade para engravidar, isso deve ser investigado. Só assim será possível saber se a reserva ovariana dela está baixa. No geral, as mulheres não têm sintomas quando estão com baixa reserva ovariana.
Apenas em alguns casos, pode ter um reflexo no ciclo menstrual, com uma tendência ao encurtamento do período ou diminuição do fluxo da menstruação.
Por isso, para fazer o diagnóstico preciso, a medicina possui três exames – ultrassonografia transvaginal, FSH basal e hormônio antimülleriano (AMH) – capazes de avaliar a reserva ovariana da mulher.
Mulheres com baixa reserva ovariana podem engravidar?
Sim! A baixa reserva ovariana não é um fator que impede uma gravidez. Dessa forma, enquanto a mulher estiver ovulando, ainda existe a possibilidade de gerar uma criança. Porém, o que vai dificultar mais a gestação é a idade da mulher.
Uma paciente mais jovem, mesmo com reserva ovariana baixa, tem mais chances de engravidar do que a mais velha. Isso ocorre porque, além da diminuição dos folículos, a mulher com idade avançada vai perdendo a qualidade dos óvulos.
Como evitar que a baixa reserva ovariana atrapalhe o sonho de ser mãe
Antecipação. Esse é o ponto chave para que a baixa reserva ovariana não atrapalhe o sonho de ser mãe. Mulheres que recebem o diagnóstico de pouca quantidade de óvulos ainda jovens, caso não tenham pretensão de ser mães, devem congelar os óvulos até os 35 anos, para postergar a decisão sobre a maternidade.
A mesma recomendação vale para pacientes que vão se submeter a cirurgias ovarianas ou tratamento de doenças oncológicas. Dessa forma, os gametas podem ser fecundados em laboratório, através da técnica da fertilização in vitro, quando a paciente decidir ter um filho.
O congelamento de óvulos é um procedimento da reprodução assistida que permite mulheres a postergar a maternidade. Dessa forma, seja pela vida profissional, por escolhas pessoais ou falta de uma pessoa parceira, a mulher pode planejar o momento certo para ter um filho.
Os óvulos podem ficar congelados por tempo indeterminado e em caso de falência ovariana precoce, a paciente poderá utilizá-los para um tratamento de fertilização in vitro.
A taxa de sucesso da gestação com os óvulos congelados é a mesma que da época do congelamento, independentemente do avançar do tempo.
Vale lembrar que as mulheres de 20 a 35 anos estão biologicamente no auge da fertilidade. Portanto, se possível, o ideal é fazer o congelamento de óvulos nesse período.
Outra opção é a ovodoação, uma alternativa que ajuda mulheres a realizarem o sonho da gravidez através de óvulos jovens de outra paciente. É uma opção no caso de mulheres com baixa reserva ovariana. De acordo com a Resolução nº 2.168/2017, do Conselho Federal de Medicina (CFM), permite-se a doação voluntária dos óvulos no Brasil.
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