No mês de março é realizada a campanha em prol da conscientização sobre a endometriose. Conhecido como “Março Amarelo”, em muitos países ao redor do mundo a cor é utilizada na fita da endometriose. O principal motivo é informar cada vez mais a população sobre essa patologia.
A campanha Março Amarelo tem o propósito de alertar para uma patologia que atinge 176 milhões de mulheres ao redor do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, sete milhões delas convivem com sintomas da endometriose. O que representa de 10% a 15% das mulheres brasileiras em idade reprodutiva. O problema é responsável por 40% dos casos de infertilidade.
E mesmo sendo muitas as mulheres afetadas, chegar a um diagnóstico ainda é difícil. De acordo com um estudo feito nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, a mulher leva em torno de nove anos para descobrir após ter os sintomas da endometriose. Metade desse tempo é o quanto a mulher leva para procurar um médico.
A outra metade é o tempo gasto em visitas a médicos, na realização dos muitos exames e testes, até finalmente chegar a um diagnóstico certeiro. Por conta dessa demora inicialmente motivada pela própria mulher, vem a importância de saber sobre a doença e sintomas.
Quanto mais atentos aos sintomas da endometriose, maiores as chances de uma descoberta breve. Assim, o mês de março serve para levar informação à sociedade sobre o que é a doença e sobre como ela pode ser descoberta e controlada.
O que é a endometriose
Muitas teorias existem sobre o surgimento da endometriose. Uma das mais aceitas é do refluxo menstrual pelas tubas uterinas. O endométrio é uma mucosa que reveste a parede interna do útero. Muito sensível às alterações provocadas pelo ciclo menstrual, se não existe a fecundação, o endométrio é eliminado na menstruação. Assim, a endometriose é uma doença inflamatória gerada por células do endométrio. Nesse caso, ao invés de serem expelidas, como deviam; elas acabam seguindo no sentido oposto. Desse modo, caem na cavidade abdominal ou nos ovários.
Assim, o sangue que deveria ser posto para fora pela vagina, acaba migrando para outras regiões do corpo. Isso provoca inflamações nessas áreas. O lugar em que mais ocorre a endometriose são os ovários. Mas, as trompas, o intestino e as áreas ao redor do útero também entram na lista como lugares mais comuns de ocorrer a doença.
Na forma grave, a endometriose pode atingir outros órgãos pélvicos, como reto, vagina, cólon sigmóide, ureteres, bexiga, além dos nervos superficiais e profundos. Algumas formas de endometriose grave podem, ainda, envolver outros órgãos, como o diafragma e o pulmão.
Na sua forma mais grave ainda, a endometriose profunda ainda não teve as suas causas estabelecidas. Uma das possibilidades é que parte do sangue retorne para o lugar de origem, através das trompas, durante a menstruação e se deposite em outros órgãos. Outra hipótese é que seja uma causa genética relacionada com alguma deficiência do sistema imunológico.
Principais sintomas e diagnóstico
A endometriose é uma doença grave que pode causar alguns sintomas. Mas, principalmente se descoberta cedo, tem tratamento e pode não causar sequelas. O problema é que, normalmente, a doença não é percebida tão cedo, já que seus sintomas são confundidos como dores fortes da cólica menstrual.
Os sintomas da endometriose mais conhecidos são dores na região da pélvis, parte inferior das costas e do abdômen. Circunstancialmente, durante a relação sexual também pode existir dor. A doença pode provocar uma dificuldade para a mulher engravidar e, em alguns casos mais graves, pode até ser diagnosticada uma infertilidade.
Normalmente a dor relativa à endometriose no período menstrual só desperta alguns anos após o seu aparecimento. Mas quando acontece, vem como uma menstruação dolorosa e irregular. Pode causar também constipação e excesso de gases e náuseas. Também podem ocorrer disfunções intestinais como, por exemplo, diarréia ou dor ao evacuar.
Existe ainda outro sintoma característico da doença e bastante preocupante para as mulheres que querem engravidar: a infertilidade. Muitas mulheres, por conta do crescimento anormal do endométrio, têm dificuldade em engravidar, mesmo não apresentando dores, cólicas, e outro sintomas.
Assim, quando detectados os sintomas acima, o médico vai indicar uma série de exames para chegar ao diagnóstico da endometriose. Muitas vezes, a doença não é percebida no exame físico, porém a mulher pode sentir dor durante o procedimento.
Em alguns casos, o médico é capaz de perceber uma massa de tecido atrás do útero ou próximo dos ovários, quando realiza o exame de toque. No entanto, ele só pode confirmar o diagnóstico se tiver certeza que as placas observadas são de tecido endometrial, com a realização de exames mais específicos para diagnosticar a doença. Existem também exames capazes de diagnosticar se a endometriose está afetando a fertilidade da mulher.
Por que a endometriose diminui as chances de engravidar
A endometriose provoca uma alteração na anatomia do aparelho reprodutor feminino. A aderência do tecido endometrial a outros órgãos pode fazer com que o útero mude de lugar, de modo que o espermatozoide não consiga chegar aonde precisa.
Um outro motivo é quando as células endometriais começam a crescer em órgãos importantes para a concepção, como as trompas e os ovários. O processo inflamatório decorrente da doença resulta no surgimento de cicatrizes nesses locais.
Como consequência dessas cicatrizes, algumas mudanças anatômicas ocorrem, que impedem o funcionamento das trompas, onde ocorre a fecundação. Nos ovários, a qualidade do óvulo e a ovulação também são prejudicadas.
O diagnóstico tardio da doença é um grande agravante em relação a fertilidade da mulher. Às vezes, os sintomas não são valorizados e só depois de muito tempo de tentativas de engravidar, a endometriose é descoberta. Se a mulher estiver acima dos 35 anos, a idade complica ainda mais.
Tratamento da endometriose
Nos casos de uma endometriose leve ou moderada, o tratamento pode ser clínico, com medicação via oral, injeção ou a colocação de um dispositivo intra-uterino. Mas quando o quadro da doença é grave, um procedimento cirúrgico chamado videolaparoscopia é o mais indicado.
A técnica da laparoscopia é a mais usual por ser um procedimento minimamente invasivo. É realizada com efeito de anestesia.
Nesse caso, quando o tratamento é cirúrgico, ele retira os focos da doença e melhora as chances de uma futura gravidez. Uma vez definido o tratamento cirúrgico, é importante a mulher realizar uma avaliação com um médico especialista em reprodução humana para checar sua reserva ovariana. Nestes casos pode ser indicada uma vitrificação de óvulos antes da cirurgia.
Assim, quando a doença estiver sob controle, e a mulher mostrar o interesse de engravidar, o médico vai avaliar a situação das trompas. A depender do comprometimento da região, a gravidez só será possível por meio de tratamento de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV).
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