A gonorreia é uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns no Brasil e no mundo. Ela é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, que afeta principalmente as mucosas do sistema reprodutivo.
No Brasil, o número de casos de gonorreia tem se mantido preocupante, com taxas de infecção persistentes, apesar das campanhas de conscientização e prevenção.
Uma das complicações mais graves da gonorreia não tratada é a infertilidade, uma condição que afeta milhares de casais que buscam ter filhos, mas encontram dificuldades devido a complicações originadas pela doença.
Felizmente, a medicina reprodutiva tem avançado consideravelmente e pode oferecer alternativas para aqueles que enfrentam desafios de fertilidade decorrentes de infecções sexualmente transmissíveis, como a gonorreia.
Causas e Transmissão da Gonorreia
A bactéria causadora da gonorreia infecta as mucosas do trato genital, retal e faríngeo. Embora o sexo desprotegido seja a principal forma de transmissão, a doença pode também ser transmitida de mãe para filho durante o parto, resultando em complicações sérias para o recém-nascido, como conjuntivite neonatal e até septicemia.
A infecção não é restrita apenas a mulheres ou homens, podendo afetar ambos os sexos. A transmissão ocorre através do contato sexual direto com a área infectada, seja em relações vaginais, anais ou orais. Além disso, o uso inadequado de preservativos ou a falta de proteção aumenta consideravelmente o risco de contágio.
A ausência de sintomas evidentes em muitos casos torna o diagnóstico precoce um grande desafio. Muitas pessoas podem carregar a bactéria sem perceber, o que facilita a propagação da infecção para parceiros sexuais, aumentando o número de casos diagnosticados tardiamente e as chances de complicações graves, incluindo a infertilidade.
Sintomas da Gonorreia
Embora muitas pessoas com gonorreia não apresentem sintomas, outros podem notar sinais claros de infecção. Nos homens, os mais comuns incluem secreção amarelada ou esverdeada do pênis, dor ao urinar e dor nos testículos.
Já nas mulheres, os sinais mais frequentes são secreção vaginal incomum, dor pélvica, sangramentos entre os períodos menstruais e dor durante o sexo. Caso a infecção não seja tratada, tanto homens quanto mulheres podem desenvolver complicações mais graves.
Nos casos em que a gonorreia atinge o reto ou a garganta, pode não haver sintomas perceptíveis, o que dificulta ainda mais o diagnóstico. Em mulheres, a infecção pode se espalhar para os órgãos internos, levando à Doença Inflamatória Pélvica (DIP), o que aumenta os riscos de infertilidade.
Tratamento da Gonorreia
O tratamento da gonorreia é relativamente simples e envolve o uso de antibióticos, geralmente administrados em dose única, seja por via oral ou injetável. No entanto, a resistência bacteriana a alguns tipos de antibióticos tem se tornado um problema crescente, o que pode dificultar o controle da doença.
Em razão disso, a orientação médica deve ser seguida à risca, e os testes de acompanhamento são essenciais para garantir que a infecção tenha sido completamente erradicada.
“O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações mais graves, como a infertilidade, que é um dos riscos mais temidos pela população quando se fala em gonorreia”, explica o médico Agnaldo Viana, do IVI Salvador. O tratamento bem-sucedido não só reduz o risco de complicações, mas também impede a transmissão da infecção para outras pessoas.
Riscos da Gonorreia além da infertilidade
Embora a infertilidade seja uma das complicações mais graves da gonorreia, essa IST também pode trazer outros problemas à saúde. Nas mulheres, a gonorreia não tratada pode levar à Doença Inflamatória Pélvica (DIP), uma condição em que as trompas de falópio e o útero ficam inflamados, aumentando o risco de gravidez ectópica — uma situação em que o embrião se implanta fora do útero, geralmente nas trompas, o que é perigoso para a mãe e inviável para a gravidez. Além disso, a DIP pode provocar dor crônica e aumentar a dificuldade para engravidar.
Nos homens, a gonorreia pode causar epididimite, uma inflamação dos epidídimos, os tubos responsáveis pelo transporte dos espermatozoides. A epididimite pode levar à dor intensa, ao inchaço e até mesmo à infertilidade se não tratada. Além disso, a infecção pode se espalhar para outros órgãos do corpo, como as articulações, coração e cérebro, causando artrite séptica, endocardite e meningite, o que torna a gonorreia uma doença potencialmente muito mais grave do que se imagina à primeira vista.
Gonorreia e Infertilidade: o impacto na saúde reprodutiva
A gonorreia é uma das principais causas de infertilidade tanto em homens quanto em mulheres. Nos homens, a infecção pode obstruir os canais deferentes, os responsáveis pelo transporte do espermatozoide, resultando em dificuldades para a ejaculação e redução da qualidade do sêmen. Além disso, a gonorreia pode causar danos ao epidídimo e até mesmo aos testículos, afetando a produção de espermatozoide e levando à infertilidade.
Nas mulheres, a gonorreia pode causar obstrução das trompas de falópio, dificultando a passagem dos óvulos fertilizados até o útero. Isso pode impedir a gravidez natural, tornando necessária a intervenção da medicina reprodutiva. Infelizmente, as complicações da gonorreia podem ser silenciosas e progressivas, fazendo com que a infertilidade só seja detectada depois de um longo período, quando o casal já está tentando engravidar.
Medicina Reprodutiva: uma solução para casais com dificuldades
A medicina reprodutiva tem desempenhado um papel crucial no tratamento de infertilidade causada por complicações relacionadas a ISTs como a gonorreia.
Técnicas como a fertilização in vitro (FIV) oferecem esperança para casais que enfrentam dificuldades para conceber. No processo de FIV, os óvulos são coletados das mulheres e fertilizados em laboratório com os espermatozoides do parceiro ou de um doador.
O embrião resultante é transferido para o útero da mulher, proporcionando uma chance de gravidez mesmo que o sistema reprodutivo esteja comprometido.
Além da FIV, outras opções incluem a inseminação artificial e até tratamentos cirúrgicos, como a desobstrução das trompas, caso elas tenham sido afetadas pela gonorreia.
“O avanço das técnicas de reprodução assistida tem permitido que muitos casais, que antes não tinham alternativas, hoje possam ter uma chance real de gerar um filho, mesmo diante de obstáculos como a infertilidade causada por ISTs”, afirma o Dr. Agnaldo Viana.
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