O sonho da maternidade não é um simples ato de decidir ter um filho. É uma decisão que nasce primeiro no coração. Ser mãe é um anseio natural para muitas mulheres. Mesmo sabendo que vai mudar completamente a sua vida, ela sente dentro de si um desejo que só aumenta.
Mas nos últimos tempos, esse desejo tem dividido espaço com outras formas de realização. Inúmeras mulheres têm priorizado estudar e construir uma carreira promissora. E além de se tornarem independentes, buscam também encontrar um companheiro de vida.
Quando chega a vez de pôr em prática o plano de ter filhos, os anos já se passaram e o sistema reprodutor feminino já não é mais o mesmo. A fertilidade da mulher, infelizmente, tem prazo de validade. As mulheres já nascem com uma quantidade determinada de óvulos que vão sendo diminuídos ao longo dos anos. Além disso, eles perdem a qualidade ao longo da vida.
Um ótimo exemplo é a nova novela “Amor de Mãe”, da Rede Globo, que acaba de estrear. Ela aborda um tema ainda pouco discutido pela mídia: mulheres aos 40, independência, carreira, infertilidade e o sonho da maternidade. Uma das personagens principais, Vitória, vivida pela atriz Taís Araújo, viverá esse drama na telenovela.
Vitória, 40 anos, é uma advogada bem-sucedida, que encara o trabalho como seu maior foco. Ao mesmo tempo, enfrenta a frustração de não conseguir engravidar depois de perder um bebê aos seis meses de gestação. A busca pela gravidez acaba colocando um ponto final em seu casamento e provocando uma reviravolta na sua vida.
Os desafios da maternidade após os 40 anos
Há alguns anos não era comum ver mulheres sendo mães após passarem dos 35 anos. O mais comum era engravidar na faixa dos 20 anos, ou até antes. Hoje, se tornar mãe quando se atravessa a linha dos 40 é uma realidade cada vez mais comum. E as mulheres viram nessa nova realidade, a chance de sonhar com a maternidade, sem, necessariamente abdicar da carreira profissional.
Mas para isso, são necessários cuidados específicos. Pois, após os 35 anos, a mulher tem sua reserva ovariana comprometida. Os óvulos perdem a qualidade e tem sua quantidade diminuída.
Assim, o maior risco de ter um filho após os 35 é o de não conseguir engravidar. Além dessa dificuldade, a mulher nessa faixa etária tem uma dificuldade maior em conseguir manter a gravidez. As taxas de gravidez ectópica (que acontece fora do útero), de aborto espontâneo e de anormalidades cromossômica também aumentam significativamente.
Outra preocupação a ser levada em conta é que, com o passar dos anos, maiores são as chances de doenças crônicas como pressão alta e diabetes. Aumentam também os riscos de desenvolver diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e problemas na placenta. E as chances do bebe nascer prematuro e com baixo peso podem ser incluídas nessa lista.
Avanços na reprodução assistida ajudam mulheres mais velhas
Há cada vez mais esperança diante do atual contexto. As mulheres que querem realizar o sonho da maternidade e enfrentam alguma dificuldade, têm como aliada a medicina reprodutiva. Com todos os avanços, cerca de três em cada quatro mulheres engravidam com a adequada orientação terapêutica.
Quando a mulher pretende apenas engravidar com a vida estabilizada, é indicado se planejar a fim de evitar surpresas. O mais indicado é realizar o congelamento de óvulos. Quando a mulher é mais jovem, os óvulos apresentam uma qualidade melhor. E uma vez congelados, eles podem ser utilizados em uma fertilização a qualquer outro momento, preservando as características originais.
Óvulos mais jovens são óvulos mais férteis. Como não têm DNA alterado, diminui a chance de erros cromossômicos. Se o óvulo for congelado jovem, ele manterá esse DNA jovem, o que reduz possibilidades de perdas. Mulheres que fazem o congelamento de óvulos até os 35 anos têm 60% de chance de engravidar.
E na hora de realizar o sonho da maternidade, a tecnologia também é uma aliada. Hoje são oferecidos diversos tipos de tratamentos em clínicas de reprodução humana assistida para mulheres que têm dificuldade de engravidar. Dentre eles, a inseminação ultra-uterina e a fertilização in vitro (FIV). Indicados para casos em que a mulher apresenta algum problema, seja ele natural ou por conta da idade.
Tentantes que estejam buscando engravidar naturalmente há mais de um ano e não conseguem, devem procurar a avaliação de uma especialista. O tratamento escolhido dependerá da causa e dos exames do casal. E também variará de acordo com a idade da mulher. Em todos os casos, estar em dia com a saúde e manter uma vida equilibrada é fundamental.
Benefícios da maternidade tardia
Se tornar mãe mais tarde traz um misto de emoções e muitos desafios. Mas a maternidade tardia também traz os seus benefícios. Mesmo que do ponto de vista biológico uma mulher de 35 anos não esteja na idade ideal para engravidar, do ponto de vista emocional ela estará no seu melhor momento.
De um modo geral, depois dessa idade, a mulher estará com a vida mais estabilizada e já está mais amadurecida. Com um emprego mais estável, um salário mais alto – já que a prioridade foi consolidar a carreira – a mulher tem um alicerce mais firme. Além disso, elas possuem uma maior experiência de vida e mais conhecimento para levarem adiante a missão de cuidar de uma nova vida. Mães tardias, de modo geral, educam de uma forma mais presente, impondo menos castigos e utilizando mais diálogo para formar a criança. Essas atitudes refletem diretamente em um maior bem estar emocional para os filhos.
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