Não é simples atravessar o período da menopausa. Quando ela ocorre mais cedo, se torna ainda mais complicado. Quando a situação ocorre antes dos 40 anos, chamamos de menopausa precoce.
“Para algumas mulheres, ela vem acompanhada de ondas de calor, infertilidade, alterações de sono e ganho de peso. Em outras, pode não existir sintomas, somente a ausência de menstruação”, explica a médica Andreia Garcia, do IVI Salvador.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) indica que a menopausa precoce acomete 1% das mulheres antes dos 40 anos. No entanto, pode ocorrer entre os 40 e 45 anos de idade, em cerca de 5% das mulheres.
Também conhecida como falência ovariana prematura, ela é caracterizada pelo fim da menstruação. Esse processo é ocasionado pela diminuição da produção de hormônios pelos ovários, causado pela redução da reserva ovariana ao seu nível crítico. Como resultado, a mulher não pode mais engravidar.
Causas da menopausa precoce
As causas da menopausa precoce são variadas. Em 90% dos casos, não existe um motivo exato. Elas podem variar desde fatores genéticos até condições como a cirurgia de retirada dos ovários quimioterapia, radioterapia, e terapia hormonal.
Doenças como hipotireoidismo autoimune, lúpus eritematoso sistêmico, insuficiência renal e endometriose, podem provocar uma menopausa precoce. Doenças genéticas, como a síndrome do X frágil e a síndrome de Turner; doenças autoimunes (como a doença de Addison); também entram no rol de possíveis causadores.
Uma causa comum é a retirada cirúrgica dos ovários, seja por um tumor, endometriose ou cisto. Essa retirada diminui drasticamente a reserva ovariana levado à menopausa.
Distúrbios metabólicos, tais como deficiências enzimáticas, infecções virais (a caxumba é um exemplo) e pequena quantidade de folículos, também fazem parte da lista. Além disso tudo, toxinas, como fumaça de cigarro, produtos químicos e pesticidas também podem provocar a menopausa precoce.
Os sintomas comuns da menopausa precoce
É possível que algumas mulheres não apresentem sintomas. Mas, quando sentem, o primeiro sintoma da menopausa precoce é a menstruação irregular antes dos 40 anos, com ciclos menstruais mais curtos ou mais longos, ou ainda ausência da menstruação.
Depois, os sintomas são os mesmos da menopausa natural. Entre eles, as ondas de calor, suores noturnos, oscilações do humor, mudanças urogenitais, alterações do sono e ganho de peso.
Os sintomas da menopausa precoce ocorrem devido à diminuição da produção de hormônios femininos estrógenos e progesterona, que têm ação protetora sobre os ossos e o sistema cardiovascular.
As possíveis complicações da menopausa precoce
A diminuição dos níveis de alguns hormônios, promovida pela menopausa precoce, pode causar complicações. Entre elas, ansiedade e depressão provocados pelas mudanças hormonais causadas pela falência ovariana prematura.
A infertilidade também pode ocorrer, devido ao mau funcionamento dos ovários.
Algumas mulheres com menopausa precoce podem ter algum problema ocular, como desconforto e visão turva. Se não tratadas, essas condições podem causar danos permanentes nos olhos.
Os níveis mais baixos de estrogênio podem afetar os músculos ao redor das artérias e aumentar o acúmulo de colesterol na parede dos vasos. Esses fatores aumentam o risco de endurecimento das artérias.
Baixos níveis de hormônios da tireoide podem afetar o metabolismo e causar falta de energia, lentidão mental, entre outros sintomas.
O hormônio estrógeno ajuda a manter os ossos fortes. Sem ele em quantidade suficiente, as mulheres têm um risco maior de desenvolver osteoporose, doença que deixa os ossos fracos e provoca o aumento do risco de fraturas.
Como é feito o diagnóstico da menopausa precoce
O médico começa a suspeitar quando uma mulher com menos de 40 anos apresenta sintomas, ou tem nenhuma ou poucas menstruações. Ou ainda quando não consegue engravidar.
Nesse caso, costuma ser feito um exame de gravidez, para garantir que ela não é o motivo da interrupção da menstruação.
Em seguida, são feitos exames de dosagem hormonal. São medidos os níveis de estrogênio e de hormônio folículo-estimulante (que estimula os ovários a produzir estrogênio e progesterona). É possível que esses exames precisem ser repetidos semanalmente para confirmar o diagnóstico de menopausa precoce.
Um exame de sangue para detectar o hormônio antimülleriano (que é produzido nos ovários) pode ser realizado para avaliar o grau de funcionamento dos ovários e para calcular a chance da mulher conseguir engravidar após tratamento com medicamentos de fertilidade.
O ultrassom também pode ser necessário para analisar o tamanho dos ovários, que ficam menores.
Aconselhamento e exames genéticos são realizados se a mulher tiver deficiência cognitiva, tremores ou perda de equilíbrio. Ou se tiver um parente próximo com menopausa precoce ou se ela tiver menos de 35 anos de idade.
Existe tratamento para a menopausa precoce?
O estrogênio vaginal alivia a secura e previne efeitos da menopausa como as oscilações do humor. Ele também ajuda a preservar a densidade óssea.
Esses tratamentos costumam durar até mais ou menos os 51 anos de idade (a idade média em que ocorre a menopausa).
Se uma mulher com menopausa precoce deseja engravidar, é possível que o médico recomende a fertilização in vitro (FIV). No processo, ela vai usar os óvulos de outra mulher (ovodoação).
Nos casos em que a mulher não pode tomar hormônios, podem ser prescritos outros tipos de medicamentos. Para aliviar ondas de calor, podem ser receitados antidepressivos. E, quando a causa da falência ovariana é por alguma doença, é importante tratá-la.
Mas, independente da gravidez, mulheres com menopausa precoce devem manter a atividade física em dia e uma dieta equilibrada. Elas devem caminhar, pedalar e praticar exercícios de fortalecimento muscular. Além disso, mater uma alimentação balanceada é fundamental na melhora dos sintomas.
Na dieta, também é preciso priorizar a ingestão de alimentos ricos em cálcio, para diminuir os riscos de osteoporose.
Depois de saber sobre todos os sintomas comuns da menopausa precoce, é importante ficar atenta. Por isso, é fundamental o acompanhamento de um médico ginecologista.
Comentários estão fechados.